33 - momento de desespero

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Cecília

duas semanas depois

Às 08h25 da noite, estou deitada na cama brincando com o Carlinhos quando o Bernardo chega da casa do Marcelo, fazendo barulho com suas botas.

— Oi, minha princesa. — Ele me dá um selinho demorado e o colchão afunda um pouco com o seu peso. — Eu trouxe pizza.

— Hm, que notícia boa.

— E aí, carinha. Cuidou da sua mãe? — Bernardo conversa com o Carlinhos que balbucia em resposta como se concordasse com o pai.

Acabo sorrindo de tanta fofura.

— Como o Marcelo está?

— Na mesma. Perguntou se estávamos bem e tal. Final de semana ele vem aqui ver o Carlinhos.

— Que bom — murmuro. — Eu te liguei e só dava caixa postal.

— Ah, a porra do celular descarregou e a bateria ficou zerada.

— Põe pra carregar.

— Tá bom. — Eu o ouço remexendo nos bolsos e um suspiro frustrado.

— Encontrou?

— Merda.

Franzo o cenho.

— O que foi?

— Esqueci o celular na casa do Marcelo. Ele me emprestou seu carregador e eu o deixei carregando lá.

— Poxa. E agora? — Eu me sento, colocando o bebê de pé nas minhas pernas. Ele baba a minha bochecha toda e eu desvio o rosto, sorrindo.

— Me espera aqui. Estou indo buscar na moto. — Bernardo me dá um beijo antes de se afastar.

— Tudo bem. Cuidado, amor — murmuro, ouvindo os seus movimentos e em seguida o barulho da sua moto sendo ligada.

Acomodo o bebê no centro da cama e me levanto para fechar a janela. Está fazendo muito frio aqui dentro e estremeço com a brisa que entra por ela. Eu a tranco rapidamente, esfregando os braços.

De repente, o bebê começa a resmungar agitado e eu fico em sentindo de alerta. Sinto um arrepio estranho na nuca e meus batimentos cardíacos aceleram quando ouço passos, evidentemente humanos, no quarto.

Eu me viro sobressaltada, tentando me situar.

— Bernardo, é você? — Minha voz sai trêmula e alta no quarto silencioso.

Minha única resposta é o barulho de uma respiração pesada um pouco distante de mim.

Há alguém aqui dentro, além de mim e do bebê.

E não é o Bernardo. Ele nunca faria isso comigo. Ele nunca brincaria comigo dessa forma, tentando me assustar.

— Quem está aí? Responda! — murmuro com o coração quase saindo pela boca.

Ah, meu Deus!

A respiração do desconhecido fica mais alta, como se ele estivesse se divertindo com o meu pavor.

Lembro-me do Carlinhos e me aproximo da cama, cautelosa. Tenho que proteger o meu bebê.

Antes que eu o pegue, uma mão me empurra com brutalidade e eu caio sentada no chão, batendo as costas contra a parede. Resmungo de dor, ouvindo o bebê choramingar.

Tenho certeza que o monstro que está no quarto pegou o meu filho.

Isso não pode está acontecendo!

— Solta ele. — Choro, assustada, e tento me levantar. — Solta o meu filho!

O desespero me faz praticamente saltar sobre a cama, tateando o colchão em busca do meu bebê, mas eu sei que ele não esta lá, muito antes de não encontrá-lo. Soluço alto, ouvindo os passos do desconhecido se afastarem junto com o choro alto do Carlinhos.

— Carlinhos! — grito, desesperada, enquanto tateio a parede tentando segui-los.

Consigo sair da casa com dificuldade e quando já não ouço o choro do meu filho por perto, caio de joelhos, soluçando.

O que eu faço agora, meu Deus?!

Uma Luz Na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora