25 - doce lar

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Bernardo

Você está linda, eu não canso de dizer isso — murmuro, encarando a Cecília.

— Estou ficando sem graça — diz com as bochechas coradas, alisando o vestido rosa acima dos joelhos. Os cabelos estão soltos caindo sobre o ombro e seus pequenos brincos cintilam na noite de sábado.

Dou risada, balançando a cabeça.

— Mas é a verdade. — Eu a ajudo a subir na moto e ela agarra a minha cintura enquanto eu coloco a chave na ignição.

— Onde você está me levando? — sussurra.

— Para jantar fora — murmuro.

— Isso é fofo. Obrigada — diz meiga.

— Eu só quero te ver sorrir — digo e não me importo de ter soado como um babaca meloso.

— Eu te amo.

— Eu também me amo — brinco, ganhando um tapa no ombro e algumas risadinhas de Cecília.

Coloco a chave na ignição e saio com a moto, entrando na avenida principal em direção ao restaurante da cidade. Logo estaciono na vaga mais próxima que encontro e ajudo Cecília a descer da moto. Ela não trouxe a bengala, então ofereço o meu cotovelo e fico atento a qualquer obstáculo físico que possa aparecer.

— Sinto cheiro de comida gostosa — diz ela, sorrindo.

— Chegamos ao restaurante.

O cara que fica na entrada faz uma inspeção completa da minha roupa formal e em Cecília antes de nos deixar entrar com um sorriso (que ele provavelmente deve usar para todos os clientes) no rosto. Passo pelo cara baixinho, e uma mulher na casa dos trinta nos guia até nossa mesa.

Observo os lustres exagerados no teto e a riqueza desse lugar onde os pratos devem custar o olho da cara. Tenho uma quantia em dinheiro suficiente e quero dar uma boa noite para a minha garota antes de irmos para a casa que aluguei depois de mais duas semanas e alguns dias longe dela. Então essa é nossa forma de comemoração inicial.

Eu e ela nos acomodamos em nossa cadeira e eu tento não ficar desconfortável. Acho que não foi uma boa ideia ter vindo para cá no fim das contas. Eu poderia ter levado a Cecília a algum lugar cheio de comida gordurosa, mas observar o sorriso de encanto no rosto dela nesse exato momento me faz repensar sobre isso.

— Isso é tão romântico. — Suspira após eu descrever o espaço do restaurante e eu aperto sua mão sobre a mesa. — Estou amando a nossa noite.

— Eu também. — Pego o cardápio sobre a mesa e dou uma olhada na lista de pratos típicos da região. Faço uma careta para o preço, mas depois ignoro essa reação, citando os nomes para Cecília. A garçonete aparece e eu peço algumas sugestões. Acabamos escolhendo o famoso barreado.



***



— Eu amei, obrigada. — Cecília segura meu cotovelo. — Mas eu teria ficado igualmente feliz se você tivesse me levado a alguma lanchonete simples no fim da rua.

— Eu sei que sim. Por isso eu te amo. — Beijo sua bochecha antes de caminharmos em direção ao estacionamento.

Após subirmos na moto, piloto até a casa alugada. Ela é pequena, mas confortável. É próxima a casa de Camila e está parcialmente mobiliada com fogão, geladeira, televisão, sofá e uma ilha na cozinha. O resto eu posso comprar depois e eu dei um jeito de trazer mais cedo as coisas que estão no meu antigo quarto e os pertences de Cecília. Por agora, podemos nos ajeitar sem problema e quando o bebê nascer, ele pode ficar em nosso quarto pequeno, mas cômodo.

Uma Luz Na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora