44 - correndo contra o tempo

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Bernardo

Marcelo mal termina de me dar passagem, quando eu entro como um louco na sua casa. Ele me encara estupefato, antes de encostar a porta.

— O que houve, cara?

— Carla sequestrou a Cecília e eu preciso do seu cérebro.

— Carla... cérebro? O quê?! — Sua expressão seria cômica se a situação não fosse tão grave.

— Cecília foi sequestrada, cara. — Passo a mão no cabelo. — E eu sei que você manja nessa coisa de tecnologia. Entendeu agora?

— Merda! — Ele finalmente compreende a circunstância. — Isso é tão insano. Mas pode contar comigo.

— Valeu. — Bato em seu ombro.

— Eu só preciso do meu notebook, mas tem um problema.

— O quê?

— Cecília está com o celular? O GPS tá ligado? Posso rastrear.

— Cecília levou o celular quando saiu. Ela sempre deixa a localização ativada. — Abro um meio sorriso de alívio. — Espero que a Carla não o encontre.

— Isso é bom. Eu vou buscar o notebook. — Ele procura alguma coisa na estante da sala, vasculhando uma caixa ao lado da TV. — Toma as chaves. Eu te encontro lá fora — murmura, me jogando o objeto.

Aceno com a cabeça antes de correr para a garagem.

***

— Estou vendo a localização! — meu amigo murmura, excitado, me fazendo suspirar de alívio. Ele encara os pontos na tela do notebook enquanto eu dirijo. — Ela está em uma área rural. Eu já fui nesse lugar com meus pais nas férias. É meio isolado.

— Isso é bem estranho — comento, apreensivo, passando com a picape sobre uma ponte de madeira.

— Nem tanto. Se a Carla quer fazer algum mal a Cecília sem levantar suspeitas de possíveis vizinhos, então está no lugar certo — diz e eu cerro os dentes, preocupado. Forço a picape, exigindo mais do motor. — O problema agora é que ela continua se movimentando. Se ela se isolar muito, posso perder o sinal e isso seria ruim.

— Realmente. — Assinto, apertando o volante. — Espero que isso não aconteça.

— Eu também.


***


Cecília

Meus olhos estão ardendo depois do choro e eu procuro não ficar pensando no pior. Mas é difícil! Estou correndo um grande risco nas mãos dessa maluca e temo por uma catástrofe repentina.

O carro continua se movimentando de forma brusca e Carla, até então, não disse uma palavra. Prefiro assim.

Aproveito minha pequena solidão para orar, pedindo ajuda a Deus em toda essa situação que estou metida. Nunca imaginei que algo assim fosse acontecer comigo. Estou sentindo falta da minha família. Será que eles já sabem? Espero que Barbara tenha se recuperado da coronhada e que meu filho esteja bem. Soluço ao pensar nele e no Bernardo.

— Cala a boca, retardada! — A louca se descontrola e esmurra alguma coisa com violência, fazendo um barulho estridente.

Calo-me, assustada, tentando controlar o choro.

O carro freia de forma repentina me deixando apreensiva com o motivo. Ouço o barulho da porta ao meu lado se abrindo com brutalidade e estremeço.

Uma Luz Na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora