38 - apenas um amigo

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Cecília

Sábado, às 17 horas, dou um banho no Carlinhos e sigo para o sofá com ele no colo. Fico atenta ao tique-taque do relógio e repentinamente, após meia hora, meu celular apita com o alarme.

O som insistente é meu incentivo para voltar ao quarto com o bebê. Troco a fralda dele e o visto com uma roupinha que deixei separada em cima da cama. Calço os seus sapatinhos de lã feitos pela tia Laura e coloco sua touca macia.

Enquanto faço isso, ouço o ruído da ducha no banheiro e espero Bernardo sair do banho para que eu possa me arrumar também. Quando termino, procuro um vestido confortável e calço minhas sapatilhas, finalizando com um coque no cabelo.

Ajeito a alça da bolsa do bebê contra o ombro, enquanto Bernardo o segura.

— Vamos — diz ele ao seguirmos para fora de casa.

A moto está na manutenção, então ela vai ter um descanso por hoje. Iremos de Uber de qualquer forma.

Minutos depois já estamos no Hospital da Criança para a consulta de rotina do Carlinhos. Fazemos todos os exames solicitados e saímos de lá um tempinho depois, pegando o rumo do shopping. É a inauguração, então acho que vai ser divertido conhecê-lo.

— Está gostando do passeio? — inquere Bernardo, horas depois, quando estamos na praça de alimentação após lancharmos.

— Amando. O passeio está sendo ótimo — comento, segurando o bebê que provavelmente está dormindo.

— Carlinhos se cansou, então eu vou pagar a conta para irmos — diz, beijando minha bochecha.

— Ok. Vai lá.

Eu o ouço se afastar, um pouco distraída, e fico de pé apertando a alça da bolsa contra o ombro enquanto o espero.

Sinto a aproximação de alguém e um toque em meu braço.

— Você por aqui, linda? — Sorrio ao ouvir a voz de Augusto.

— Oi, você está aqui desde que horas?

— Eu vim com a minha mãe e a minha irmãzinha. A pirralha não parou de encher o saco pra vir na inauguração do shopping e eu resolvi trazê-la.

A irmã dele se chama Débora e é muito fofa. Tem seis anos e gosta muito de conversar. Eu a conheci quando Augusto foi me visitar lá em casa e a levou. Nesse período eu ainda estava grávida e o Bernardo não gostou nem um pouco quando contei, mas não prolongou a discussão.

— Onde ela está?

— Minha mãe a levou na área de lazer das crianças e, eu aproveitei pra fazer um lanche por aqui. — Ele fica em silêncio por um momento. — Então esse é o famoso Carlinhos?

— Sim, esse é meu bebê — murmuro, cheirando a cabecinha do neném.

— Ele é um garotão bonito — comenta. — Seu namorado veio com você?

— Sim. Foi pagar a conta para irmos embora.

— A fila está enorme. Consigo vê-lo daqui.

— Poxa, tomara que ele não demore muito.

— Posso segurar o bebê, um pouquinho?

— Claro. — Eu o coloco com todo o cuidado no seu colo. O bebê resmunga, mas logo fica quieto.

— É bom que eu já vou treinando para quando tiver os meus — diz, divertido.

— Pois é. — Sorrio. — Mas se prepara, porque cuidar de uma criança não é fácil como parece. Mas por outro lado é bem legal.

— Então acho que vale a pena correr o risco.

— Verdade. Vale muito a pena — murmuro, pensativa.

— Que porra tá acontecendo aqui? — Sou despertada dos meus pensamentos com a voz do Bernardo.

E ele está bastante irritado.

Uma Luz Na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora