Bernardo
Nos quatro dias subsequentes, estou deitado com a Cecília na nossa cama. Estamos nos beijando alucinados e ela geme sob mim. É realmente incrível senti-la tão perto, sem restrições se eu não levar em conta sua pequena camisola e minha calça de moletom. Mas eu posso facilmente me livrar deles.
— Para! — murmura ela, me empurrando.
Fico confuso quando ela sai correndo para o banheiro. Ainda entorpecido de desejo e sem entender direito o que está acontecendo, sigo atrás dela.
— O que deu em você? — inquiro perplexo. Mesmo assim não consigo esconder a preocupação.
Vejo o seu corpo estremecer enquanto vomita dentro do vaso sanitário e se afasta para acionar a descarga. Ela parece exausta e caminha em direção à torneira sobre a pia.
— Fiquei enjoada — diz após lavar a boca.
— De mim?
— Não, deixa de ser bobo. — Ela sorri. — É por causa da gravidez, amor.
— Hm.
Ela enxuga a boca em uma toalha que eu entrego e voltamos para a cama... para dormir, é claro, porque Cecília não quis mais nada comigo pelo resto da noite.
Na verdade, contando com essa noite, essa é a quinta vez que ela não quer transar. Tudo não passou de beijos molhados e um baita tesão que eu tenho que reprimir, senão vou passar por tarado.
Pela manhã, acordo aborrecido e passo por Cecília na cozinha sem dizer uma palavra. Bato a porta atrás de mim e caminho sobre a calçada, de mau humor. Não tenho um rumo definido para ir agora, só quero caminhar um pouco e tirar essa tensão dos ombros. Também não estou no clima de ir pra sessão de terapia e só quero ficar sozinho.
Após um tempo observando o fluxo de pessoas e carros na rua e estando um pouco afastado de casa, encontro Priscila seguindo justamente na minha direção; a roupa tipicamente curta e um sorriso no rosto.
Merda, o meu dia tinha que ficar pior!
— Que cara irritada é essa, gato? — diz ela, se insinuando em minha direção.
Eu me afasto, colocando uma distância segura entre nós.
— Não é da sua conta! — Passo por ela que continua em meu encalço.
— O que a chata da Cecília fez pra te deixar assim? Eu aposto que...
— Cala a boca, porra! — murmuro sem paciência.
— Apesar de me tratar tão mal, eu sei que no fundo você é louquinho por mim. — Priscila entra na minha frente e se joga em meus braços, esfregando o corpo no meu sem um pingo de vergonha.
Inconscientemente, o meu amiguinho se alegra, já que não tem cérebro.
Eu sou homem, porra! E estou sem sexo faz um tempo.
Eu a afasto de mim, rangendo os dentes quando ela abre um sorriso de satisfação.
— Então quer dizer que a sua ceguinha não tá dando conta do recado? — Ela sorri triunfante.
— Cala a boca.
— Se você estiver se sentindo carente dá uma passadinha lá em casa durante a madrugada. Meus pais estarão dormindo e você pode me ver, na verdade fazer muito mais do que isso. É só pular a janela — diz satisfeita antes de se afastar em outra direção.
— Vá se foder! — digo, irritado.
— Você mesmo pode fazer isso comigo, gatinho. — Ela sorri, sumindo em outra rua.
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Uma Luz Na Escuridão
RomanceCecília é cega. Anos depois de perder a visão e os pais em um terrível acidente de carro, ela se muda para uma bela cidade em Santa Catarina, conhecida pelo inverno rigoroso. Tudo está perfeito, até ele aparecer. O primeiro dia na nova escola acaba...