50 - conexão especial

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B e r n a r d o

Deixo o campus universitário, seguindo até a moto no estacionamento. Procuro a chave no bolso da calça e logo estou pilotando rumo ao hospital.

Minutos depois, estaciono em frente ao prédio e meu celular vibra dentro do bolso, quando estou no saguão. Puxo o aparelho, observando a tela brilhante.

Laura: estamos no consultório 6.

Guardo o celular novamente e sigo para a recepção, ansioso. Falo com a mulher atrás do balcão, antes de caminhar para o consultório.

Encontro Laura conversando com o médico e uma enfermeira. O rosto da mulher mais velha está vermelho, como se ela tivesse chorado por horas. Disfarço o espanto, encostando a porta atrás de mim.

O médico me encara, divertido, e eu fico sem entender nada.

— Cadê a Cecília? — pergunto, nervoso.

— No pequeno banheiro. — Ele aponta um compartimento dentro do consultório e eu sigo nessa direção a passos largos.

Adentro o espaço com um forte cheiro de produto de limpeza, quando um corpo pequeno colide contra o meu. Desço o olhar, dando de cara com um rosto assustado e olhos fixos no meu rosto.

— Cecília — murmuro, estupidamente, segurando seus braços macios. — O que...

Só então me dou conta de que seus olhos estão me examinando de uma forma incomum. Minha ficha não demora a cair.

Ela está enxergando, me vendo pela primeira vez.

Meus batimentos cardíacos aceleram e eu aproximo o seu corpo macio do meu, sentindo o seu cheiro delicado e viciante.

— Cecília — repito em um fio de voz e ela parece acordar do transe.

Ela continua me encarando como se quisesse decorar cada detalhe do meu rosto.

— Você está enxergando, princesa. — ela assente e eu tento segurar as lágrimas e não chorar como uma menininha na sua frente.

Seus lindos olhos também se enchem de lágrimas e isso é como uma facada no meu peito.

— Me perdoa por te decepcionar — murmuro.

Ela franze o cenho.

— O quê?

— Eu vou entender se você não me quiser mais — digo com um nó na garganta. — Se a minha aparência não te agradou eu...

Ela me beija.

Retribuo o beijo e seus braços enlaçam o meu pescoço. Grudo os nossos corpos e o beijo se torna ainda mais sedento. Depois de um bom tempo, ela se afasta, respirando com dificuldade.

— Eu te amo, Bernardo — diz ela, chorando baixinho. Seus dedos tocam o meu rosto e enxugam as pequenas lágrimas que estão ali. — Você é lindo, como eu imaginei. Simplesmente perfeito. — ela abre um sorriso enorme e toca os meus lábios.

— E se eu fosse feio? — brinco.

— Eu ficaria com você da mesma forma, porque eu te amo e a sua aparência nunca importou na nossa relação.

— Eu te amo. — grudo os nossos lábios em um beijo profundo.

Uma Luz Na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora