Alice acordou com um som baixo. Pensou que fosse seu alarme e que ao abrir os olhos veria o teto de seu quarto, em sua casa, na Terra. Um sorriso brotou em seus lábios ao pensar que tudo aquilo fora um pesadelo e que ela tinha voltado da missão na Estação sã e salva.
Então ela sentiu falta de ar e seus olhos se depararam com a escuridão do esconderijo improvisado na Área de Residência. Seus olhos demoraram alguns segundos para se acostumar com a falta de luz. Quando ela conseguiu distinguir os contornos do ambiente, levou um susto e se levantou bruscamente. As "raízes" do ser que segurava sua porta estavam quase tocando seus pés. Então sentiu a pontada de dor em sua perna por tê-la movido tão bruscamente e gemeu, frustrada.
Com dificuldade pegou o cano de metal ao seu lado e habilmente moveu as raízes da coisa para longe de si e do painel, que parou de soltar faíscas. Com muito cuidado e atenção, Alice apertou os botões do painel e a porta se deslizou para o lado com muito barulho. A cientista ouviu o som de garras arranhando o metal e se preparou, segurando um enorme caco de vidro. Quase naquele momento, um dos seres com uma forma humanóide em meio a tentáculos de uma substância escura pulou na direção dela.
Alice procurou desviar, mas a criatura mexia-se rápido demais e a decrescente gravidade fazia os seus movimentos ficarem mais lentos. Com o movimento de um dos tentáculos, o caco de vidro voou das mãos dela e ela ficou indefesa. Os outros se enrolaram nela e a imobilizaram. Ela tentava se mexer, mas era em vão. A substância começou a crescer pelo seu pescoço.
Então ela conseguiu soltar seu sapato, que voou e acertou seu cilindro de oxigênio de emergência, soltando o fecho. Instantaneamente o gás começou a vazar e a encher a sala. Isso fez a criatura ficar atordoada e soltar Alice. Rapidamente, Alice pegou seu caco de vidro e cravou-o no que deveria ser a cabeça da criatura. O ser guinchou e se contorceu, mas acabou caindo no chão, inerte. A estranha substância se soltou do corpo humano e começou a subir para a ventilação.
— Não, não, não, não... - dizia Alice, tentando, em vão, conter aquilo antes que chegasse aos tubos de ventilação.
Mas seu oxigênio continuava vazando e ela resolveu ir tentar fechar o cilindro. Quando conseguiu, toda a substância escura e viva tinha subido pela parede e desaparecido na escuridão do tubo de ventilação. Ela fez uma expressão irritada que logo foi substituída por uma de medo ao ouvir os sons que vinham do corredor.
— Droga! Ele chamou reforços!
Alice pegou suas coisas rapidamente. Então ela virou-se para o corpo ali. Estava morto, sem dúvida. O fato de a gosma escura ter deixado-o poderia significar que ela precisa de um ser vivo. Mas por quê?
O som da aproximação das criaturas foi ficando maior. Alice segurou no "cabo" do caco de vidro e o retirou do corpo rapidamente. Ela sentiu um estranho formigamento em seu estômago, o que concluiu ser apenas fome. Então virou-se para a saída e correu para fora. Um grande erro.
Do lado de fora, criaturas como aquela de tentáculos tentavam derrubar a barreira improvisada que ela havia feito. A barreira não ia aguentar muito tempo e ela sabia disso. Mas, quando virou-se na direção contrária, ela viu um monstro que era diferente de todos os outros.
Ele era feito completamente daquela substância escura e ficava maior a cada segundo na medida em que mais substância ia chegando pela ventilação. Era quase humanóide, de certa forma. Tinha pernas e braços enormes e finos. Seu tronco era só um pouco mais grosso que os membros. Mas o mais perturbador era o que deveria ser a cabeça. Ela era oval e, no lugar do rosto, tinha um risco transversal onde se dispunham três olhos vermelhos de tamanhos diferentes. Um risco ia de um lado a outro da cabeça representando sua boca, que se abriu, mostrando dentes afiados e soltando um som grave semelhante a um rosnado.
Isso pareceu ter dado forças aos seres que tentavam passar pela barreira, de modo que eles conseguiram quebrá-la de vez. Cercada de monstros, Alice imaginou que estava perdida. Porém o novo monstro pulou sobre as criaturas e matou uma a uma usando apenas suas mãos. A substância escura se soltou dos corpos e foi em direção a ele, que pareceu aumentar e ficar mais forte.
Alice não acreditava que fosse pura bondade da criatura, então se levantou e procurou correr, ignorando a dor. Ela correu muito e conseguiu chegar perto do final daquele módulo. Então parou, ofegante. Na sua frente, uma poça de substância escura e espessa como nanquim começava a se formar. A cientista pulou sobre a poça e conseguiu chegar ao outro lado. Porém a porta não abriria rápido o suficiente.
Alice ficou de costas para a porta e viu, para seu horror, o monstro quase completamente formado. Ele esticou seu imenso e fino braço até ela.
— Não! - gritava Alice entre lágrimas enquanto a mão enorme dele envolvia seu pescoço e começava a apertar.
A porta finalmente se abriu, mas a mão da criatura era muito forte. Seus dedos finos como lâminas começaram a machucar o pescoço da cientista. Ele a ergueu lentamente, fazendo-a ficar na sua linha de visão. Um som agudo começou a sair de sua boca e Alice sabia o que era aquilo. Ela ficaria inconsciente de qualquer forma, pela falta de ar ou pelos sons estranhos e hipnotizantes.
Com muito esforço, Alice pegou seu caco de vidro da bolsa aberta e cortou o braço fino dele, fazendo-o soltá-la. Mas ele não parou de fazer os sons estranhos. Deveria ser mais forte que os outros seres. A cabeça de Alice ficou pesada e ela sabia que desmaiaria em breve se não fizesse alguma coisa. Então gastou sua última força de vontade e correu para o outro lado, para a saída, fechando a porta em seguida. Ela viu a mão cortada voltar ao seu lugar e a criatura pareceu sorrir sinistramente para ela. Assim que a porta se fechou, Alice desmaiou.
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E é isso, pessoal! Espero que tenham gostado. Se gostou, vote no capítulo e deixe seu comentário 😉
O que será que vai acontecer com a Alice? Descubra acompanhando a história.
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Contágio: O terror no espaço
Science FictionA cientista Alice Primrose acorda em seu laboratório, na futurista estação espacial Primux, sem se lembrar do que acontecera. Sua memória aos poucos vai voltando com imagens confusas de um estranho ser que agora a persegue. Tentando descobrir o que...