Diário de bordo 140420

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Click.
Chiado.
Gemido de dor.

Ai... O que... Aconteceu?

Estática.

A sala secreta...? O que...

Guincho. Som de garras batendo no metal rapidamente.

Tem algo aqui.

Alerta.

Ah!

Guincho alto.
Som de luta. Barulho de algo batendo fortemente no metal. Respiração ofegante. Guincho.

Há!

Som agudo como um ganido. Som de garras batendo no metal rapidamente.

Droga... Ele fugiu...

Som de vidro trincando no metal. Gemido de dor.

Ai... Minha perna...

Passos e som de arrastar.

Meu gravador...? Nossa, está intei...

Bipe. Bateria fraca. Erro de gravação.

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Respiração ofegante.

Ligou?...! Ótimo.

Tosse.

Há algumas horas eu fui examinar os motores para tentar estabilizar a energia e acabei descobrindo que os tripulantes que controlavam a estação estão todos mortos por uma causa desconhecida. "Raízes" ou algo assim estão cobrindo os corpos e uma espécie de "nuvem" de poeira permanece suspensa no corredor mais a frente, me impedindo de continuar. Estou analisando a natureza dessas partículas. Também encontrei o corpo do almirante em uma sala secreta no escritório dele. Ao que parece ele já se preparava para a possibilidade de algo ocorrer porque os estoques de suprimentos lá durariam por meses para uma pessoa só. E isso é estranho. Pena que tenha morrido também. Talvez eu conseguisse salvá-lo se tivesse chegado a tempo. Eu queria muito salvar alguém daqui, saber o que é essa coisa que fez com que alguns morressem e outros virassem monstros...

Chiados. Interferência na gravação.

O que tem de errado nesse gravador...

Chiado.

Ele...

Interferência.

Quebrado...?

Chiado.
Tensão.

Será que...

Silêncio.

Não, não há nada aqui. O computador e o gravador só devem ter dado erro. Os dois estão quebrados mesmo...

Suspiro.

A causa da morte do almirante também é desconhecida para mim. Não reconheço nele nenhum sintoma de uma doença que eu tenha conhecido em meus anos de estudo. Não sei se é contagiosa.

Hesitação na voz.

Se for, pode ser a resposta que procuro para o que ocorreu em Primux. Também significaria que eu não tenho chance de sobreviver. Se for isso... Creio que esse diário de bordo seja a única coisa que reste para contar a história do que houve aqui.

Suspiro.
Gemido de dor.

Alguma coisa me puxou pela perna até a sala secreta. Ouso inferir que me salvou de ser pega por ele, o meu pesadelo, a criatura que, acima de todas, tenho certeza disso, procura o meu fim. De qualquer forma, meu machucado na perna piorou. Corro sério risco de pegar uma infecção. Então estou correndo contra o tempo. Preciso fazer a energia se estabilizar aqui. Mas, com a perna desse jeito, eu dificilmente vou conseguir fugir se as coisas piorarem. Estou fazendo o que posso com os poucos medicamentos que eu trouxe. Isso não vai resolver, mas vai adiar o pior. Eu...

Contágio: O terror no espaçoOnde histórias criam vida. Descubra agora