Click.
Bem... Er... Muita coisa aconteceu. Eu nem sei por onde começar e tenho que falar baixo... Não estou muito segura. Talvez não tenha sido uma boa ideia vir sozinha para esse canto afastado, mas eu precisava de um lugar pra pensar. Sobre o que aconteceu... Eu descobri muitas coisas.
Encontramos dois sobreviventes, a doutora Mira Jing e o biólogo Lance Ferrera. Além disso, pelo que Lance me disse, o problema já estava acontecendo há muito tempo.
No passado, a maior, mais eficiente e mais tecnológica estação espacial era Garden 9. Porém meses depois que ela foi oficialmente ativada houve um terrível acidente, que, segundo as notícias, ocorreu porque um meteoro havia perfurado o escudo e acertado o gerador, gerando uma explosão que matou todos, destruiu toda a estrutura e gerou toneladas de lixo no espaço.
Depois disso levou décadas até que outra estação fosse feita. E essa foi Primux. O que eu descobri foi que o governo sabia da existência desses seres havia muito tempo. Eles que destruíram a estação e encobriram o fato dizendo que foi uma tragédia. Lance fora o único a sobreviver e por isso é o que mais sabe sobre os monstros. Infelizmente ele me disse que calor não será uma fraqueza por muito tempo, já que eles conseguem se adaptar às condições facilmente.
Mas eu tenho um plano B. Para que ele dê certo, preciso colocar o gerador principal de Primux no máximo, logo é preciso chegar ao centro da estação, então toda a ajuda que tivermos é necessária.
Fora isso, outras de minhas teorias foram confirmadas com os estudos de Lance. Eles de fato produzem esporos. Alguns, como descobri por experiência própria, são corrosivos e extremamente ácidos. Outros geram a tenebris. E há aqueles que, segundo Lance, geram uma espécie de conexão entre os... Ahn... Hospedeiros e a Rainha. Sim, de fato eles tem alguém que os comanda em algo que acredito ser semelhante à organização das abelhas ou à de platelmintos como a tênia, em que os seres mutantes seriam as tilacoides. Está tudo na pesquisa e nas anotações de Lance.
Entrei em contato com a Rainha há pouco tempo e seria meu fim se Lance não tivesse intervido.
Quanto à doutora Mira... É muito calada. Acho que não fala nossa língua muito bem. Tem olhos puxados marcados por olheiras, curtos cabelos lisos pretos e pele extremamente alva, mas se mostrou bastante ativa e disposta a ajudar. Ela era da sessão chinesa e sabe bastante sobre engenharia genética, portanto imagino que será de grande ajuda no meu estudo sobre possíveis mutações no DNA humano graças a esses "esporos" que não são explicados pela ciência da Terra. Estou otimista quanto ao futuro. Sei que vamos conseguir completar meu plano e ir para o Sistema Solar novamente.
Tosse.
Mas aconteceu algo. Diante de todas essas coisas, não sei porque fiquei tão tocada com a ocasião.
Depois que expliquei a primeira parte de meu plano e contei tudo o que eu sabia para Mira e Ryan, eles reagiram de forma quase indiferente com leve surpresa. Eu não sabia bem o que pensar até me lembrar do que Lance havia dito: não há uma cura para isso e a Rainha pode ter controle mesmo que não seja aparente. Estou ficando paranoica. Minha mente cria situações que argumentariam a favor da tese de que Mira não está tão consciente quanto parece, mas... Eu não sei. Há tanta coisa que desconheço, tantas dúvidas que tenho a respeito desses seres e de como mudam os seres humanos. Não quero ficar presa a não poder confiar em ninguém.
Suspiro.
Meus sentimentos estão confusos. Não sei se é tristeza, medo, preocupação ou... O que quer que seja. E o incidente depois disso não colaborou.
Assim que eu e Ryan saímos para buscar comida, fomos atacados por um mutante. Sei que deveria estar ao menos aliviada por ninguém ter se ferido, mas quando a tenebris se afastou, no chão restou apenas um cadáver de um ser humano. Naquele instante, percebi o quanto me partia o coração o fato de que ainda não tínhamos achado nenhuma forma eficiente de conter esse problema além de extinguir a vida dos hospedeiros. Estou fazendo testes com o sangue de Lance para ver se consigo algo, mas tenho que esperar para ver se talvez vá fazer efeito. Estou cruzando os dedos e torcendo para que ao menos dessa vez o universo colabore comigo.
Mas ainda não consigo esquecer a ferocidade no olhar de Ryan enquanto ele acertava com um pedaço de ferro aquele ser diferente de nós. Me pergunto se esse brilho furioso esteve em meus próprios olhos enquanto eu tentava sobreviver acreditando estar sozinha. Não posso evitar a lembrança de quando me formei em medicina e jurei usar o que sei para defender a vida... Por que a vida é tão irônica? Ando refletindo bastante sobre o que nos faz seres humanos...
Suspiro.
Sei que deve haver humanidade nos mutantes, então minha reflexão é se ela ainda restará em nós quando tudo isso acabar.
Temo que, em nossa luta contra esses alienígenas, nós acabaremos nos tornando os monstros em nosso âmago. E isso seria terrível. É sempre trágico quando os próprios seres humanos se deixam levar pelo ódio e perdem sua humanidade.
Suspiro. Tosse.
Tenho que ir. Imagino que os resultados dos testes já terão saído no computador, então há a possibilidade de que eu ache alguma coisa, algum remédio para essa situação, mesmo que temporário, antes de partirmos.
Eu só quero que tudo isso acabe logo.
Click.
Bateria fraca._____________________
Hello, peoples! Eu sei, eu sei, eu demorei. Eu queria postar com o próximo capítulo, mas não deu.
Esse ficou um pouco maior do que eu esperava, já que eu estava inspirada. Talvez o estado de espírito da Alice esteja um pouco próximo do meu... Mas só talvez.
Bem, se gostou do capítulo, deixe seu voto e seu comentário, porque eles deixam meu dia mais colorido.
E até o próximo capítulo 😉
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Contágio: O terror no espaço
Science FictionA cientista Alice Primrose acorda em seu laboratório, na futurista estação espacial Primux, sem se lembrar do que acontecera. Sua memória aos poucos vai voltando com imagens confusas de um estranho ser que agora a persegue. Tentando descobrir o que...