Arquivo confidencial 16038

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Relatório escrito por Charles Domzalski Júnior

Os experimentos continuam. O composto Y se mostra cada vez mais um enigma e não descansaremos enquanto não desvendá-lo e torná-lo útil para o desenvolvimento e evolução da espécie humana.

A relação de mutualismo entre esse ser vivo e um organismo humano tem mostrado uma variedade de resultados que tornam difícil o trabalho de nossos pesquisadores em descobrir uma constante. Após muitas análises, ficou perceptível que nem todos os humanos nos grupos de teste reagem ao composto Y. Cerca de 1 em cada 100 das cobaias utilizadas só apresentou os sintomas de uma virose sem demonstrar qualquer mutação física ou alteração metabólica inexplicável. Após analisarmos a situação, foi comprovado que essa parcela conseguia de alguma forma inativar o antígeno por si só.

Para ver se haveria um resultado diferente sobre interferência de fatores externos, submetemos esses indivíduos à convivência em vários ambientes hostis, indo desde a temperaturas extremas a gases tóxicos. Todos sobreviveram e apresentaram um ótimo desenvolvimento de sua capacidade de adaptação. Nesse ponto da pesquisa, começávamos a acreditar que estávamos compreendendo os padrões, mas se passaram três dias após o último teste e todos os não-reativos vieram a óbito.

Prosseguimos a pesquisa com os que reagiram.

Classificando apenas morfologicamente, os mutantes apresentaram, até onde foi possível notar, 43 padrões distintos. Eles se diferenciam quanto às características e habilidades físicas e são igualmente perigosos para humanos normais. Os mutantes não parecem ter qualquer traço restante de humanidade e agem como animais selvagens dispostos a atacar e matar uns aos outros para sobreviver.

Porém comportamentos incomuns e inexplicáveis entre os mutantes foram registrados. Por vezes eles agiam de forma conjunta e padronizada contradizendo seu predominante estado de conflito. Não acreditávamos que esse fenômeno se repetiria tanto ou que se agravaria até o dia do incidente.

Como sabe, senhor Thomaz, houve um incidente na manhã do dia 30 de Abril. No dia anterior havia ocorrido a famosa comemoração pela queda do regime e muitos dos nossos guardas estavam desatentos. De madrugada o alarme soou e descobrimos que havia ocorrido uma falha na segurança. Felizmente logo as criaturas fugitivas foram capturadas graças ao nosso perímetro monitorado pela tecnologia desenvolvida por Asta Sato.

Como imaginávamos, eletricidade realmente afetou a fluidez do composto Y, paralisando-os. Capturamos todas as cobaias e elas não demonstraram um comportamento racional e organizado desde então. Aquele dia se mostrou uma anomalia, um fenômeno. Fizemos testes, mas os mutantes em geral não demonstraram qualquer sinal de pensamento organizado ou racional, exceto em cinco casos.

Essas cinco cobaias responderam a estímulos e parecem estar regredindo para seu estado humano. Um em especial quase consegue parecer um humano fisicamente. Era um antigo tripulante da Garden 9, doutor Lance Ferrera. Nossos tratamentos com eletricidade tem trazido vários resultados surpreendentes que esperamos reproduzir nas outras cobaias. Em breve conseguiremos achar o perfeito equilíbrio que possa aperfeiçoar a espécie humana, como é o objetivo do experimento X-28.

Contágio: O terror no espaçoOnde histórias criam vida. Descubra agora