Primeiro veio o frio.
Depois ela sentiu a dor.
Respirar era um incômodo, os olhos doíam.
Seus ouvidos estalaram e o silêncio denso pesava com a tensão, a sensação de perigo iminente.
Inspirou profundamente e gemeu de dor ao sentir o ar arder em seus pulmões.
Sua garganta estava seca.
Tossiu.
Abriu os olhos lentamente.
Sua visão embaçada aos poucos se focou e ela viu a luz fraca e vacilante do teto piscando em sua visão periférica.
Sua mente lentamente voltou a funcionar.Alice se ergueu rapidamente, assustada. Tontura. Se segurou na mesa com força, sentindo o metal frio e a fraqueza que percorria seu corpo.
Déjà vu.
Piscou, atordoada. "O que está acontecendo?" era a pergunta que ecoava em sua mente. Algo lhe dizia que aquele lugar não era onde deveria estar. Como tinha chegado ali?
Ela olhou seu corpo, confusa. Estava usando parte de um traje espacial semelhante ao usado pelos engenheiros para consertar danos do lado de fora. Nas costas, o peso delatou um cilindro de oxigênio ainda cheio.
Olhou ao redor, tentando assimilar a situação novamente. Estava em seu laboratório de novo. Arfou, surpresa. Isso não fazia sentido. Tinha algo estranho, algo errado ali. Ela não conseguia lembrar como chegara àquele lugar destruído... O que tinha acontecido?
Parou um pouco, tentando ordenar os pensamentos, suas últimas memórias... Estava saindo da Área de Residência na Ala Sul para pegar suprimentos na Ala Leste quando começou a ser perseguida por um ser bizarro. Entrou no Separador Modular da Ala Sul e então... Nada. Um branco total. Isso podia ter acontecido há pouco tempo ou há semanas e ela não saberia.
Dobrou os joelhos e moveu bem a perna, sentindo que não havia mais um ferimento. Estava cicatrizado. O que quer que tivesse acontecido, ela tinha conseguido ir para a Ala Leste e tinha encontrado uma Máquina Reparadora de Tecidos. Isso era bom. Uma questão a menos para se preocupar.
O que havia acontecido no espaço de tempo entre ter entrado no Separador Modular e ter acordado naquela sala? Quais informações ela teria descoberto em seu tempo de sobrevivência? Por que estava com amnésia de novo? Essa situação fazia Alice sentir que estava novamente na estaca zero. Seus olhos pesavam em uma sonolência anormal. Provavelmente era o ar saturado de gás carbônico que a Ala Sul tinha. Alice precisava do capacete.
Deu alguns passos em busca do paradeiro do item e então parou subitamente. Raízes estranhas e com a textura rugosa cobriam o chão, pouco visíveis sob a luz fraca. Ela andou cautelosamente e observou melhor, notando que terminavam em um grupo de criaturas grudadas na parede soltando faíscas.
— Parecem carrapatos gigantes... - murmurou, assustada.
Ela notou que as raízes cobriam a porta e as paredes, rígidas como barras de ferro derretidas. Provavelmente eram fortes demais para serem puxadas por um humano.
— E estão bloqueando meu caminho. - concluiu, meio frustrada.
Passou a mão em sua cintura e reparou em um pedaço de metal afiado colocado em um dos ganchos de ferramentas. Era frio, translúcido como vidro temperado e pontiagudo como uma faca. Onde estava sua "arma" antiga? Teria se perdido? Ou havia quebrado? Tudo era um mistério. A amnésia trazia perguntas demais para sua mente sedenta por conhecimento.
Mas a principal questão que ela queria responder naquele momento era: como sair dali?
Os "carrapatos gigantes" não pareciam dispostos a sair daquela posição. A lâmpada piscava cada vez mais e, se Alice ficasse sem luz, esses monstros não iam mais ficar parados e "inofensivos". Ela teria que dar um jeito de acertar um golpe certeiro nos três de um vez, já que, se matasse só um, os outros dois iam se sentir ameaçados e, como ela se lembrava bem, iam cuspir esferas de energia nela.
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Contágio: O terror no espaço
Science FictionA cientista Alice Primrose acorda em seu laboratório, na futurista estação espacial Primux, sem se lembrar do que acontecera. Sua memória aos poucos vai voltando com imagens confusas de um estranho ser que agora a persegue. Tentando descobrir o que...