3. Saindo de Casa

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Me trancafiaram em um quarto depois do meu pai explicar sobre o casamento. Agora que eu sabia que ele era líder dos Dragões – a gangue que agia dentro da cidade e comandava o tráfico de drogas – não sabia o que fazer. Tinha ouvido falar deles e das mortes que causavam e por isso meu corpo inteiro tremia.

Pelo que me disseram, os problemas com os Killians começaram há algumas semanas, quando o negócio do meu pai cresceu além do esperado. Resumidamente, os Killians não gostaram muito e, por serem mais ricos, eram uma ameaça forte ao império em ascensão. O que equilibrava as coisas era o arsenal a que "Rey" tinha acesso, que fez todos optaram por hastear uma bandeira de paz e unir as famílias.

Olhei para a janela e me perguntei qual seria a altura até o chão. Poderia tentar escapar por lá, qualquer coisa seria melhor do que continuar preso e ser obrigado a entrar naquele jogo de poder. Meu gênio era forte e não me contentaria em ser uma moeda de troca. Sequer conseguia estar feliz pelo meu pai estar vivo, não depois tantas revelações.

— Posso entrar? – Não respondi. TK bateu na porta novamente, mas logo se cansou de esperar e girou a maçaneta.

Virei o rosto e percebi que ele havia trocado de roupas. A camisa azul dava contraste aos seus olhos, ele estava com cabelo molhado e sem pentear, tinha um sorriso um pouco amarelado que diminuía o tom sombrio e, para completar o figurino, vestia uma bermuda preta mais larga que o corpo. Olhei para ele de cima a baixo.

— Não sei porque me pediu para entrar. Vocês que têm a chave da porta – rebati, cruzando os braços.

— Na verdade a gente só fingiu que trancou. Não faríamos isso com o filho do chefe.

— Sério?

— Sério. Sabia que você não tentaria abrir, é o tipo de garoto que acredita demais nas pessoas.

Pelo visto ele sabia bastante sobre mim. TK veio para perto e sentou-se na cama. Ele me analisava o tempo inteiro, chegava a ser angustiante a forma como me lançava o mesmo olhar da faculdade, então tentei não me intimidar.

— Então – comecei, sem jeito. – Essa besteira da gente se casar...

— Não é besteira – ele me cortou. – Vamos nos casar. Mas não se preocupe, terá um mês para digerir a notícia, e até lá eu te conquisto.

O quê?

Arregalei os olhos com o excesso de confiança dele.

Aquilo era no mínimo estranho.

— Então você também é gay? – questionei.

— Sou o que minha família precisa que eu seja. Se eles querem uma união entre as gangues, eles terão – depois se levantou, chegou perto e acariciou meu rosto. Acabei por deixar, não sei bem o porquê. – Sou o filho do meio. Não serei o chefão e com certeza não sou o queridinho de ninguém. Por isso faço aquilo que me pedem e procuro dar meu melhor.

Ele arrastou a mão pela lateral da minha bochecha e prensou meu rosto com carinho. Confesso que fiquei balançado.

— Ah, tá... Eu... Acho que... Preciso de... Tá quente aqui, né?

Ele se aproximou ainda mais. Nunca fiquei tão arrepiado por alguém me tocar e quando ele me beijou senti como se uma descarga elétrica passasse por nós. Os lábios dele eram molhados e, de certa forma, doces. Senti morder a ponta da minha língua e aquilo me deixou em êxtase.

Quando TK se afastou meus olhos continuaram fechados.

— Hum – ele murmurou. – Até que foi bom.

Pacto de Gangues (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora