14. Tatuagem

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Jessie me deu um soco que me levou ao chão. Aquilo não podia ser justo; ele era duas vezes mais forte do que eu.

Coloquei a mão sobre a barriga para me proteger enquanto as lágrimas escorriam involuntariamente. Percebi a aproximação dele, devagar e ameaçadoramente, e tentei ignorar a dor para escapar do que viria. Foi quando recebi um chute forte que quase me fez gritar.

— Já chega – disse Jessie, impaciente. – Levanta!

Tentei me mover, mas respirar era difícil.

Ele estendeu a mão para me ajudar. Me senti mal por aceitar o auxílio, mas não teria como recusar levando em conta a situação. Coloquei o braço dolorido junto ao corpo e massageei um pouco. Fiquei de pé e deixei Jessie me guiar até a cadeira.

— Você me machucou – reclamei, choroso.

— Você mereceu – e me passou a garrafa de água, tirando as luvas e o protetor bucal. – Viu que eu te atacaria e ficou parado! Como vou te ensinar a defender- se quando você congela no primeiro ataque?

Nisso ele tinha razão, eu não conseguia revidar. Sempre que ele vinha, desde que começamos o treinamento, eu simplesmente ficava parado como um otário. Talvez tivesse sido uma má ideia pedir que Jessie me ensinasse a lutar.

Ele sentou-se ao meu lado, com as pernas escancaradas. Bebi um pouco de água e aproveitei que estava gelada para colocar a garrafinha sobre o meu rosto machucado.

— Chega por hoje – Jessie falou, com um sorriso sincero. – Estava pensando em sairmos à noite. O que acha?

Pensei na ideia.

Jessie nunca me pediu para sair. Não dormíamos no mesmo quarto e ele não parecia interessado em repetir a experiência do jantar com a família dele. Agora estava bem mais cuidadoso, o que apenas salientava a diferença entre ele e o irmão.

— Tudo bem – respondi.

— Tudo bem? – Ele pareceu satisfeito – Nesse caso te pego às oito. Vamos ao meu restaurante.

— Seu restaurante? Não sabia que você tinha um.

— Tem muitas coisas que não sabe sobre mim – e piscou antes de se levantar.


***


Depois de tomar um banho demorado, me olhei no espelho e percebi que ficaria cheio de hematomas por conta do treinamento. Para esconder as marcas vesti roupas longas e desci as escadas, encontrando Jessie e meu pai sentados na bancada da cozinha.

Os dois riam juntos de alguma piada. Para mim, Rey tinha um senso de humor assustador, mas eles se davam bem e às vezes conversavam juntos.

Quando me viu, Jessie sorriu e se levantou.

— Você está bonito – falou, me analisando de cima a baixo.

— Finalmente comprou roupas decentes – acrescentou meu pai, com uma risada de escárnio.

Ele foi embora com um copo de bebida na mão e não deixei de revirar os olhos.

— Ele continua um saco.

— Não ligue para isso. Vem, vamos embora. Preparei uma grande noite para a gente.

Ele não estava de brincadeira. A noite foi incrível!

Antes do jantar ele me levou para uma casa de festas que servia como fachada para a venda de drogas dos Killian. Fiquei meio "alto" depois do terceiro drink e fomos para a pista de dança. Acompanhar o ritmo dele era difícil, Jessie estava muito empolgado e havia também o fato dele ganhar olhares de quem passava – homens e mulheres.

Comecei a ficar com ciúmes. Talvez Jessie percebeu isso, porque me levou para um canto e me prensou na parede. Mal me dei conta quando nossos lábios se tocaram e ele veio para cima de mim, me agarrando forte e passando as mãos por debaixo das minhas roupas. Senti meu corpo inteiro se arrepiar. Nossas ereções pareciam saltar para fora da calça; com a dele colada à minha. Me sentia em êxtase.

— Ei, garoto! – Gritou o segurança, sério, nos separando. – Aqui não é lugar para isso.

Jessie riu alto e se aproximou do homem alto de terno escuro. Falou algo no pé do ouvido dele e o cara mostrou-se extremamente assustado. Quando Jessie se afastou, o segurança saiu de perto de nós às pressas.

O loiro piscou para mim de um jeito brincalhão e me pegou pela mão gentilmente para irmos embora. A música alta me fez ficar um pouco desnorteado e só voltei a mim quando a porta da limusine fechou.

— Seguiremos para o restaurante agora – ele avisou, olhando as horas no relógio de pulso.

— Jessie – arrisquei, não me aguentando de curiosidade. – O que falou para aquele sujeito?

Ele fez uma pausa antes de responder, pensou se deveria contar ou não, e então deu de ombros.

— Falei que se ele atrapalhasse meus negócios de novo, iria cortar a mão dele.

Arregalei os olhos e imaginei o que deveria dizer. No fim, optei por me calar, deixando um clima desagradável entre a gente.

Paramos em frente a um restaurante elegante com o nome de "Kil's". Eu ainda estava suado por conta da festa, fiquei um pouco desconfortável por conta disso, mas Jessie me puxou e entramos de mãos dadas.

O restaurante era elegante, a fome me deixava ansioso e Jessie logo foi cumprimentando a todos. Ficou quase um minuto inteiro conversando com o pessoal da recepção e depois fomos guiados para uma mesa no centro do restaurante.

Jessie me observou e senti sua perna roçando em mim por baixo da mesa enquanto esperávamos o garçom.

— Jessie! – Reclamei, envergonhado.

— O que foi? – Ele falou, safado. – Prefere quando tem alguém por perto?

Baixei o rosto por conta da vergonha e então o garçom apareceu.

Eu ainda estava com a cabeça baixa quando o braço tatuado surgiu à frente e me entregou o cardápio. Reconheci uma das tatuagens: um dragão verde com asas abertas.

— TK?


Pacto de Gangues (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora