16. TK é um ladrãozinho

3.8K 409 73
                                    

Resolvi ir ao shopping quando soube que Jessie voltaria tarde do trabalho e saí de lá carregando sacolas com blusas, calçados, relógios, jaquetas e cuecas. Foi a primeira vez que usei o cartão de crédito do meu marido e, como recompensa, ele quis usar alguns brinquedinhos em mim. Aguentei ao máximo, mas nunca fui adepto do sadomasoquismo.

Jessie quis passar mais tempo comigo. Escolhemos passar um fim de semana na floresta para que eu conhecesse os amigos dele. Após um mês treinando tiro ao alvo e sendo espancado nas sessões de luta, merecia um descanso.

Nadamos juntos, nos beijamos, conversamos por horas e os amigos de Jessie eram diferentes do que imaginei, ou seja, nenhum parecia pertencer a uma gangue.

Passava das duas da manhã e Jessie nos reunimos em volta da fogueira. Ele estava bonito, usava uma regata azul que combinava com a cor dos olhos, o cabelo precisava ser aparado assim como a barba e estranhei ele estar descalço, pisando na terra. Em certo momento, Jessie me abraçou e deixou que eu pousasse a cabeça em seu ombro.

— Como vai o casamento? – Perguntou Stella, uma garota de tatuagem no pescoço e alargador gigante na orelha. – Pelo visto a lua de mel ainda não acabou.

— Não mesmo – respondeu Jessie, sorridente. – Tem que nos ver na cama.

— Jessie! – Bati na perna dele, contendo a risada.

— O que foi? Estou sendo sincero.

Ele me deu um beijo na bochecha e me abraçou mais forte.

O amigo dele, um ruivo de camisa listrada, tirou a camisa e falou que visitaria o lago. Os demais resolveram acompanha-lo.

— Você vem? – Jessie me perguntou, querendo me puxar dali.

— Não, está frio demais.

— Vamos lá, seja sociável.

— Estou com preguiça, meu bem.

— Você que sabe. Qualquer coisa é só gritar. Estarei aqui perto.

Observei ele ir embora, vendo como naquele ambiente parecia torna-lo outra pessoa. Alguém mais jovem, sem tantas responsabilidades ou razões para seriedade. O jeito dele assemelhava-se ao de uma criança descobrindo as maravilhosas do mundo.

Fiquei ali olhando para a fogueira enquanto os outros foram embora aos poucos, na direção da mata.

Refleti sobre Jessie querer que eu visse a casa nova antes de nos mudarmos. Sentia um frio na espinha que me fazia relutar porque nosso futuro ainda era incerto demais. Tinha medo do que poderia vir.

Estava tão entretido com a fogueira que mal ouvi quando dois faróis de carro se aproximaram e uma Mercedes escura entrou na nossa área de acampamento.

Peguei minha arma e fui até lá, esperando que o estranho saísse do veículo.

— Desculpem, mas isso aqui é uma festa privada! – Avisei. – Deem o fora antes que eu atire!

Meu alerta devia ser suficiente para eles darem meia volta, mas então o motorista abriu a porta.

— Pai? – Estranhei, ao ver Rey ali.

Ele veio até mim e sorriu.

— Falando grosso, filho? Gostei de ver.

Baixei a arma e bufei, cansado daqueles comentários homofóbicos.

— O que faz aqui? Veio me procurar?

— Claro. Afinal você é o filho que eu tanto amo, não é? – Olhei para os lados, constrangido, e então ele caiu na gargalhada. Me senti um perfeito idiota por ter acredito naquilo. – Você é tão inocente! Não sei a quem puxou.

Pacto de Gangues (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora