7. Os irmãos Killian

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No dia seguinte, acordei com TK me observando com aqueles olhos azuis limpos agora que o efeito dos entorpecentes havia passado. O braço dele me servia de travesseiro e seus lábios estavam vermelhos pela quantidade de beijos que trocamos durante a noite. Tê-lo tão perto parecia um sonho, mas as lembranças vieram à tona e aos poucos fui perdendo a animação.

Talvez não fosse certo continuar com aquilo. Depois da discussão pensei muito sobre meus sentimentos. Em outra circunstância – se nosso casamento não fosse uma imposição do meu pai – me entregaria daquele jeito? Seria capaz de amá-lo?

— Bom dia, noivo mais lindo do mundo – TK percebeu que acordei e tentou me beijar, sendo impedido quando me afastei.

— Bom dia – disse, um tanto seco. – Dormiu bem?

— Com você por perto não poderia ter sido melhor.

Novamente ele tentou encostar nossos lábios e para evitá-lo me levantei e tropecei em direção ao guarda-roupa.

— Quero visitar meu irmão hoje – contei, vestindo uma cueca e buscando por alguma camisa – Devo passar o resto do dia por lá. Será bom, para evitar meu pai depois do que aconteceu.

— Posso ir junto?

— Não.

— Te acompanharei se quiser. Quero conhecer sua família, ver o que acham de mim. Tiro o dia de folga e...

— Já falei que não.

Ele suspirou, se levantou e foi até a parte dele do guarda-roupa.

Ficamos em silêncio, num clima desagradável. Não era do meu feitio agir daquela forma, mas a raiva falava mais alto.

— Tivemos uma noite maravilhosa – continuou – Não precisa agir assim.

— Sim, deve ter sido maravilhosa para você que estava chapado.

— Pensei que tínhamos resolvido isso. Sim, me droguei, mas não exagerei a ponto de deixar de ser eu mesmo. Peço desculpas de joelhos se quiser.

— Só me responde uma coisa então: usou drogas porque queria transar comigo? Foi isso? Nunca teria coragem se estivesse sóbrio?

— Como pode pensar isso? Foi a primeira vez que transei com um outro garoto, mas todas as coisas que te disse... A forma como me declarei...

Ele baixou a cabeça, parecendo inconformado. Vi a hora em que perderia a paciência comigo.

— Desculpe – me pediu, ainda de cabeça baixa. – Fui muito estúpido de acreditar que poderíamos ser um casal normal. É melhor não transarmos de novo daqui para frente.

— Concordo. Não quero fazer de novo.

TK parecia inconformado, mesmo assim manteve o semblante neutro e depois de colocar uma bermuda foi até a escrivaninha, tirando um maço de cigarro de uma das gavetas.

— Vou ali fumar – contou, apontando para a sacada. – Quando ir para o seu irmão me avise que irei mandar um segurança te acompanhar.

— Não precisa.

— Para o seu pai, é necessário – ele colocou um cigarro na boca e continuou. – Quando voltar, vamos ao estande de tiro.

Antes que ele fosse embora, me aproximei para saber mais sobre aquilo.

— Como assim "estante de tiros"? – perguntei.

TK sorriu, daquele jeito que me deixava balançado e completamente transtornado por gostar de alguém como ele.

— Passou da hora de aprender a se defender. Vou te ensinar a atirar, a lutar e quando estiver pronto sairá comigo para resolver os negócios da família. É o mínimo que deve fazer se quiser casar comigo – ele revirou os olhos quando se deu conta do que falou. Seu semblante mostrou melancolia. – Ah, sim, esqueci que não quer. Mas não se preocupe, vou me esforçar para não atrapalhar o resto da sua vida.

Pacto de Gangues (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora