30. A última revelação

3K 330 44
                                    


Em retrospecto, passamos por muita coisa para chegarmos ao fim dessa história, mas não sei se tudo isso nos preparou para o que veio após a morte de Ross Killian.

Quando nossos fornecedores souberam que o líder da maior gangue do Kansas havia falecido, a notícia se espalhou para nossos concorrentes e houve confrontos em quatro locais diferentes da cidade. Estavam todos com uma sede insaciável por poder, com o objetivo de conquistar o território do rei caído e destruir os demais.

Por ser o mais velho, Tom passou a comandar a gangue do pai e não demorou para que ele ficasse conhecido pelos seus métodos violentos. O novo líder dos Killian eliminou a competição sem clemência, deixou circular drogas mais pesadas e reforçou a aliança com os Dragões, mas acho que Rey aceitou isso apenas para que o segredo do caso dele com o pai do Bernardo continuasse oculto.

Além disso, a forma como Rey me observava mudou, como se tivesse vergonha do que fez, mas não me preocupava mais com isso. Sabia que jamais estaria à altura para ser seu herdeiro, então me contentava em prosseguir com a minha vida sem precisar mais dele. 

Assim, passei a visitar mais a minha avó e, após descobrir que meu irmão estava com câncer, passei a acompanhá-lo nas primeiras consultas com o oncologista. Tanto TK quanto Jessie me deram suporte para passar por esse tempo difícil e meus sentimentos pelos dois foi mudando aos poucos, até que descobri com quem eu gostaria de ter um futuro.

— Uma bebida? – Perguntei a TK, quando o encontrei parado no jardim da mansão.

Estávamos comemorando a retomada dos nossos territórios e como sempre ele era o mais disperso entre os convidados.

— Não, agora frequento os alcoólicos anônimos. São apenas duas semanas sóbrio, mas levando em conta que meu pai acaba de morrer e meu irmão mais velho já está dando uma festa, acho que me saí bem.

— Você é um homem forte e uma das melhores pessoas que conheci aqui, TK. Tenho certeza que irá conseguir superar isso.

— Se você diz... – ele olhou em volta e resolveu trocar de assunto. – Então quer dizer que o Rey trepava com o pai de um dos homens mais ricos do país. Isso é bem inusitado.

— Quero evitar pensar nisso – que nojo – Além do mais, pode ter sido apenas uma experiência.

— Talvez. Mas duvido que ele vá querer conversar sobre isso.

— Resolvi deixar meu pai para lá. Ele é um homem complicado e não quero mais me esforçar para agradá-lo.

— Uau, estou orgulhoso de você por isso.

Ele me encarou com aqueles belos olhos azuis, como se quisesse me enfeitiçar. Sempre ficava embaraçado nessas horas, mas quis continuar firme e me aproximei para perguntar algo que martelava na minha cabeça.

— Sei que pode não ser o momento certo, mas quero saber algo sobre você e Jessie – confessei.

— Pode perguntar, gatinho.

— Não me chame de gatinho – falei, com uma risada. – Mas o assunto é sério – me recompus. – Quero saber o que Ross fez com vocês. Preciso descobrir qual é o segredo da família de vocês.

— Por que não pergunta ao seu marido?

— Jessie ainda está em luto, ele é fiel demais aos princípios da família e duvido que me contaria algo. Você, por outro lado, é confiável o suficiente para eu saber que não irá mentir.

TK pareceu relutante e olhou para o céu como se implorasse por um maço de cigarros.

— Se quer saber se ele nos machucou, a resposta é sim, mas não foi de forma direta. Ross nunca encostou um dedo em mim, porém filhos de gângster sofrem com os desejos dos pais; você é a prova viva disso.

Pacto de Gangues (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora