13. Corrida

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2 SEMANAS DEPOIS


Acordei com as cortinas sendo abertas e a luz atingindo minhas retinas. Quase dei um pulo com aquilo e incomodado tentei esconder meu rosto nos cobertores.

— BOM DIA!

A voz incrivelmente animada de Jessie veio e ele tentou me tirar da cama, puxando meu pé e cantarolando.

Olhei para ele de soslaio, saí um pouco de dentro das cobertas e me surpreendi ao vê-lo sem terno e gravata. Jessie usava uma camisa verde sem manga que deixava seus braços à mostra. Também vestia uma bermuda preta e tênis para corrida com meias brancas.

Ele começou a se alongar ali mesmo.

— Nada de preguiça, Júnior. Bora, bora! Acabei de malhar e vim te acordar para a gente correr um pouquinho.

— São sete da manhã!

— É o melhor horário para correr. Os seguranças estão prontos desde às 5h. Só estamos te esperando.

Concordei em levantar e fui para o banheiro.

Jessie saiu do quarto enquanto eu me arrumava e fui encontra-lo na cozinha, batendo algo no liquidificador. Pela cor, não devia ser algo gostoso.

— Oi, Júnior. Tô preparando uma vitamina de café da manhã. Vai um gole?

Cheguei perto do líquido esquisito e senti um cheiro horrível.

— Ah, não, obrigado. Vou comer um biscoito.

— Você quem sabe. Não tem ideia do que está perdendo.

Ele pegou o copo do liquidificador e levou à boca de uma só vez. Me surpreendi quando ele bebeu como se fosse a coisa mais gostosa do mundo.

— Delícia! – Falou, satisfeito. – E não estou falando só da vitamina.

A forma como ele me olhou quando disse aquilo me deixou vermelho. Baixei a cabeça, envergonhado.

Quando me virei Jessie me observou com mais atenção e percebeu a marca vermelha em meu rosto.

— Não foi nada – menti, sem jeito.

— Como nada? Tem até o contorno dos dedos na sua cara. Foi o TK? Encontrou-se com ele? – O olhar dele ficou sério. – Sabe que ele vem se escondendo da família, não é?

— Não foi o TK quem fez isso. Foi o meu pai.

A expressão dele mudou um pouco.

— Tivemos outra discussão – continuei. - A terceira esta semana.

— Então é melhor tomar cuidado com o que fala. Não posso ir contra a educação que ele te dá.

— Educação? – Ri, sarcástico. – Bater não é educar.

— Fala baixo. Tenha respeito pelo Rey. Se ele bateu foi porque você mereceu.

— Como é?

— Você ouviu. As coisas por aqui são diferentes. Tudo gira em torno do respeito, então quem está por cima manda. Assim funciona uma gangue.

Ele sorriu quando disse aquilo. Depois, me deu um tapinha no ombro e se afastou cantarolando.

Aquilo me assustou bastante. TK sempre falava sobre a família, nunca usava a palavra gangue. Mas Jessie tinha razão, eu não podia esquecer que qualquer um ao redor poderia me matar. 

Pacto de Gangues (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora