— Tem alguma coisa errada – disse John, sem desviar os olhos de mim. – Sei que me esconde algo, mas se não quer contar vou descobrir sozinho. Ainda teremos uma conversa séria, junto do seu marido.
— John...
— Não quero saber, Thi. Vou conversar com o Jessie para ter certeza de que nenhum de vocês está envolvido com o que não deve. E se descobrir algo errado, te tiro daqui pelos cabelos.
John bateu a porta quando foi embora e só consegui respirar depois disso.
Apesar da ameaça, fiquei aliviado por ele ir embora. Ainda tinha muito o que fazer, levando em conta que Jessie poderia retornar a qualquer momento.
— Nada irritadinho esse seu irmão, hein? – a voz me pegou de surpresa. Me virei a tempo de ver TK escorado no umbral da porta com uma das mãos sobre o ferimento. – Agora sei a quem você puxou.
TK cambaleou e fui até ele às pressas. Coloquei minhas mãos em volta dele, com medo que caísse, e o safado rui e ainda por cima tentou me beijar.
— Sai fora – reclamei, depois me afastei e deixei que ele fosse sozinho até o sofá. – Pelo visto já está melhor e pode me explicar mais sobre essa história com o Bernardo.
— Isso significa que não vai me dar um beijo de boas-vindas?
— Estou casado, esqueceu? – e olhei de relance para o abdômen dele. – Espere aí, vou pegar uma blusa para você.
TK fez questão de se levantar e ficar no meu caminho. Havia uma espécie de tensão entre a gente que me fazia arrepiar sempre que ele chegava muito perto.
O rosto de TK ficou colado ao meu e senti como se uma onda de choque me atingisse.
— Certeza de que não me prefere sem camisa?
— A única pessoa que quero ver sem camisa é o Jessie – rebati.
Tentei transmitir o máximo de verdade, porém, mesmo assim, tive que aguentar aquele sorrisinho sínico dele. Quando TK me deu uma brecha, fui até o quarto e peguei uma camiseta para ele. No final, tive que ajuda-lo, porque ele ainda sentia dor ao mover os braços.
Depois disso, voltamos ao sofá.
— Quero saber tudo o que aconteceu – falei. – Depois precisamos conversar com o meu pai e ver o que podemos fazer quanto ao dono da Gordon & Cia. Levando em conta que ele é um dos homens mais ricos do país, não será fácil.
— Não precisa se preocupar com isso, vou matá-lo independente de quanto poder o Bernardo possua. Só preciso de um tempo para me recuperar e destruir aquele filho da puta. Depois, você pode se separar do meu irmão e ficar comigo.
— Isso não vai acontecer!
— Sou uma pessoa obstinada – e piscou. – Sei que errei com você, mas fugi da clínica onde Tom me prendeu, me mantive limpo e voltei para consertar as coisas entre nós. Posso ser um ex-viciado e com certeza não vou te proporcionar tudo o que Jessie pode agora que meu pai me deserdou, mas o que tivemos foi real e quero lutar para ter aquilo de volta.
— Estou casado! – estourei. – Gosto do Jessie e da nossa vida juntos.
— Mas você o ama?
Engoli o seco com a pergunta. Sinceramente não sabia o que responder e a pausa foi o suficiente para ele voltar a sorrir.
Olhei melhor para TK e reparei no cabelo curto, a barba bem aparada e nenhum piercing a vista. Parecia ter mudado um pouco, a começar pela pele mais pálida e os olhos fundos como se não dormisse há dias.
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Pacto de Gangues (Romance Gay)
General FictionGay | + 18 | Classificação indicativa. Thiago sempre acreditou não ter um pai, até o dia em que o colocaram frente a frente com Rey - um homem frio e calculista. Não demora para o jovem se descobrir herdeiro de um negócio milionário de tráfico de...