— Tenha cuidado com o coice – ele me explicou, pacientemente – Tente manter a mira firme e lembre-se que a pressão no disparo vai toda para os ombros, por isso a importância da postura. A maioria dos babacas que contratamos não sabe nem o básico disso.
Ajeitei a mira do revólver enquanto TK me ajudava, vindo por trás e me auxiliando na nova tentativa de acertar o alvo. Achava estranho estarmos em um estande de tiros, mais ainda levando em consideração que o local ficava em uma espécie de galpão atrás da mansão. Havia outros gângsteres ali, em outras baias, mas todos entretidos demais no próprio treino. Pelo visto meu pai não media esforços para capacitar a equipe dele.
— Segure isso direito! – TK deu a bronca. - Não é um brinquedo, Thiago.
Gostava do fato dele me chamar de Thiago quando estávamos distantes do meu pai. Isso mostrava que ele se importava comigo e que percebia o quanto eu detestava ter que ser o Júnior.
— Desse jeito? – Perguntei, tentando acertar desta vez.
— Isso mesmo. Agora vai mais para a direita... Enfia o dedo aqui sem dar pressão. Já mandei segurar firme!
— Minha nossa, você até parece meu primeiro namorado durante a nossa primeira transa.
TK riu, sem me deixar sair da posição. Aquele talvez fosse um dos bons momentos entre a gente, não contando o fato de eu estar segurando um revólver.
— Preparado?
— Sim, vamos lá – disse, animado.
Ele contou até 3 – bem devagar – e me deu espaço para disparar.
O barulho do tiro soou alto e TK teve razão sobre o coice: foi mais do que eu esperava. Minha sorte era ele estar lá para mim. TK tirou o protetor do ouvido, me segurou firme pela cintura quando caí para trás e perguntou se estava tudo bem.
— Uau! Viu isso? Eu quase acertei o pontinho!
— Se chama "alvo". E, sim, você foi muito bem.
— Posso tentar de novo?
— Não! agora temos que ir ou vamos nos atrasar para o jantar.
O jantar... Tentei não pensar nisso o dia todo, mas era difícil. Conheceria a família do meu futuro marido. Tudo isso era angustiante!
Depois do treino, voltamos à mansão e fomos para o quarto nos trocar.
TK escolheu um terno e uma gravata pretos e depois foi para o espelho tirar os pierciengs, pois aparentemente o pai dele detestava aquilo. Deixei ele ocupado na missão de se ver livre dos objetos metálicos, vesti um blazer e desci as escadas.
Encontrei meu pai sentado no encosto do sofá branco. Ele também estava bem vestido, com um chapéu, camisa social – com as mangas da camisa dobradas para mostrar as tatuagens – e uma barba bem delineada. Ele me olhou quando cheguei e cruzou os braços.
— E aí? Está pronto?
— Sim, papai.
— Tem certeza? Essa calça não é do seu tamanho.
— Ela é do TK. Não trouxe nenhuma roupa nova quando vim morar aqui. Além disso, John e eu nunca tivemos muito dinheiro. Duvido que teria algo para a ocasião.
— Hum, pelo menos se casar com um homem tem suas vantagens, dá para compartilhar as roupas – ele virou o rosto e pareceu prestar atenção na porta do escritório. Ficou um tempo olhando para ela antes de falar. – Depois iremos comprar roupas decentes para você. Já passou da hora, na verdade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pacto de Gangues (Romance Gay)
General FictionGay | + 18 | Classificação indicativa. Thiago sempre acreditou não ter um pai, até o dia em que o colocaram frente a frente com Rey - um homem frio e calculista. Não demora para o jovem se descobrir herdeiro de um negócio milionário de tráfico de...