Pacto de Gangues (Romance Gay)

32. O fim

Acredito que me transformo quando coloco uma arma na mão e percebo que não sou mais o Thiago de antigamente, aquela pessoa frágil que se deixou levar no ombro por um estranho e que desde então apanhou da vida – sendo forçado a passar de mão em mão como um boneco.

Atualmente sou porta-voz dos Dragões, cobrador de impostos, e vez ou outra gerente de finanças — quando me pai se sente confortável o suficiente para ficar no mesmo cômodo que eu.

Quanto ao Jessie, agora moramos em uma casa com quintal e dois cachorros, no centro da cidade. Mesmo não sendo uma mansão, estava mais feliz naquele lugar do que em qualquer outro onde já estive; e isso se deve um pouco à maneira como minha conexão com meu marido aumentou depois que descobri a verdade.

Tom ainda estava à espreita e parecia castigar Jessie por se manter ao meu lado, dando ao irmão os piores serviços dentro da gangue.

A mudança na família dos Killian atingia também ao meu pai, que teve que aumentar a quantidade de dinheiro que repassava ao nosso aliado e ficava furioso sempre que era obrigado a ter uma reunião de negócios com Tom. A mão de ferro do irmão de Jessie significava um reinado com vários inimigos e pessoas insatisfeitas, coisas que cedo ou tarde trariam suas consequências.

Quase todos, com exceção de TK, sentiam saudades de Ross por conta dos problemas que se acumulavam nas gangues. Mesmo assim, acho que TK estava ocupado demais comemorando o fato de conseguir a insígnia de um mês sóbrio para se incomodar com os problemas da própria família. Enfim, ele parecia ter se libertado de toda a pressão, trabalhava o mínimo possível e, por sorte, fui capaz de acompanhar a evolução dele de perto.

— E as batatas fritas? – Perguntei decepcionado, quando ele voltou para o carro com o pacote do McDonald's. – Sabe que eu queria um hambúrguer com batatas fritas. Falei disso a viagem inteira!

— Não vou pagar seu lanche todos os dias – rebateu TK, fazendo barulho ao tomar o milk-shake – Isso daí foi o que deu para comprar com o dinheiro que deu.

Revirei os olhos.

— Que saco. Preciso pedir um aumento ao meu pai. Parece que meu dinheiro voa pelos ventos.

— Seu marido não ganha o suficiente com o Tom? Nunca recebi um centavo da família, mas ele vivia com uma boa mesada na época do Ross.

— Digamos que Tom tem uma política diferente do seu pai. – Comecei a mastigar a batata, sem muita vontade. - Ele ofereceu a casa de campo para Jessie morar sozinho. A desculpa era um emprego naquela fábrica afastada da cidade, mas sabemos que ele só quer me tirar da jogada.

— Uau. Tom não gosta mesmo de você.

— Não me importo com isso. Nem ele e nem ninguém vai me afastar do meu marido.

TK jogou o copo do milk-shake pela janela, deu a partida no carro e reparei que seu semblante mudou um pouco.

Agora que éramos uma dupla no trabalho, nossa relação era mais amigável e ele não parecia irritado pela minha decisão como no início, quando contei que escolheria o Jessie.

No início foi difícil, os sentimentos dele não iriam desaparecer do dia para a noite, mas minha relação com Jessie era forte demais para voltar atrás. Perdoei as mentiras do passado e fui direto para o presente, avaliando como meu marido provava todos os dias que me amava, como ele era paciente, como buscava melhorar e se fazia leal às promessas que fazia para mim.