— O que acha da minha família? – Perguntou TK, sentando-se ao meu lado no sofá e parecendo meio tonto. – Por que se não estiver, a gente sai dessa desgraça de festa e posso te apresentar meu antigo quarto lá em cima.
Ele veio para cima de mim e senti o hálito forte de bebida misturado com sabe-se-lá-o-quê.
O clima havia ficado estranho entre a gente depois da conversa sobre o Jessie. TK ficou o tempo inteiro próximo às bebidas enquanto eu conversava com o irmão mais novo dele.
Tom, Rey e Ross estavam próximos, após os patriarcas terem terminado a conversa no escritório, e riam alto em um canto da sala.
Pelo restante da noite, TK ficou apenas me observando de um jeito irritadiço. Ele só se aproximou mesmo quando Jessie foi ao banheiro.
— Você está bêbado – falei, cansado. – Acho melhor ir se deitar.
Quis levantar para dar espaço para ele, mas TK me empurrou para o sofá e me manteve ali com uma mão.
— Vamos lá, meu cachorrinho, diz pelo menos uma vez que me ama.
— Não me chama assim. Esse foi o pior apelido até agora! Olha, me solta eu vou chamar alguém.
Tentei me livrar dele de novo, mas meu braço era segurado forte demais.
— Vai ficar do meu lado agora, chega de falar com o Jessie!
— Está me machucando...
— E como acha que eu estou, hein? Me ignorou a noite toda, ficou com ele rindo e se divertindo enquanto eu fiquei sozinho aqui olhando vocês!
— Fala baixo. O seu pai...
— Que se dane o meu pai! – Ele gritou e então Tom se virou para ver o que estava acontecendo.
Consegui mudar um pouco de posição e escondi TK com o meu corpo. A última coisa que queria era dar ao Tom a chance de fazer alguma coisa contra o irmão.
— Seu quarto é lá em cima mesmo? Vamos para lá então.
Ele sorriu e soltou meu braço.
— Vai mesmo?
— Sim, eu vou.
Ele chegou perto e tive que virar o rosto por conta do bafo. TK alisou me alisou e não senti algo bom com aquilo. Não era como nas vezes em que ele demonstrava carinho.
— Eu te amo, Thiago – confessou, tristonho. – Te amo desde a primeira vez que te vi, mesmo que você não pudesse me ver...
— Do que você está falando?
— Meu irmão nunca vai te fazer feliz, entende? Você é meu. Só meu.
— Por favor, está me assustando.
— Não! Não! Não é isso o que quero. Quero que você me ame. Você tem que me amar!
Ele veio para cima de mim e tentei escapar. Me levantei e TK me puxou para o sofá com força, fazendo minhas costas baterem no encosto. Depois tentou me beijar e comecei a me debater para escapar dele.
— Me SOLTA! – Gritei.
— Só me beija, caralho!
Tentei bater nele, mas TK segurava meus braços e continuava querendo me arrancar um beijo. Todos começaram a perceber o que estava acontecendo e se aproximaram. TK partia para cima de mim completamente fora de si, beijava meu rosto e me machucava na tentativa de conseguir o que queria.
A manga da minha blusa rasgou com aquela batalha e, irritado pelo momento de frustração, TK segurou meu pescoço.
Gritei alto e então Jessie apareceu e deu um chute nas costas dele.
TK desabou caiu no chão. O mais alto foi para cima dele com fúria e começou a bater na cara do irmão até sangue espirrar.
— Larga ele! – Tentei defender meu noivo. – Parem com isso agora!
— Você está sempre fazendo tudo errado, TK!
— Jessie, não foi nada... - tentei interceder.
— Você não merece nada! Nada! – Ele continuou gritando, me ignorando completamente. – Não passa de um drogado que deveria estar internado a essa altura!
Ele tentou ir para cima do irmão de novo, mas Tom se colocou no meio para impedi-lo.
As coisas chegaram a um ponto que não imaginei que seria possível. Todos tentavam acalmar a respiração, inclusive meu noivo que se contorcia de dor no chão. Não sabia se deveria ou não chegar perto dele e ajuda-lo.
— Chega! – Gritou meu pai, indo até mim e me pegando pelo braço. – É assim que quer que sejamos uma família, Ross? Com seus filhos atacando o meu?!
— Está tudo bem, pai...
— Tratem de resolverem isso! Ninguém toca no meu filho, ouviram? Ninguém!
Ross, que até então estava quieto apoiado à bengala observando toda a cena, se aproximou e fitou um por um de todos nós.
TK se levantou com o lábio ensanguentado e a testa roxa. Ele ainda estava fora de si, riu um pouco e colocou a mão na cabeça por conta da dor. Nunca vi alguém tão bêbado.
— Não há nada o que resolver – disse Ross, imponente. – Foi um erro confiar a importante tarefa de unir as famílias ao meu filho do meio – e olhou para TK com certo desprezo.
— Não. Papai... - TK se sacodiu e percebeu o que estava acontecendo. O álcool no seu sangue o impedia de ficar de pé direito, mas o desespero era evidente – Foi um erro, eu prometo que nunca mais vai se repetir. Preciso de uma segunda chance.
— Já ouvi isso mil vezes.
— Não! Não pode tirar isso de mim! Foi essa única vez. Diga a eles, Thiago. Fale que ainda me quer.
Ele se voltou para mim, mas não tive coragem de falar nada. No momento, eu ainda estava em choque.
— Eu te imploro! – continuou TK, voltando-se para o pai.
TK se ajoelhou diante de Ross e metade da sala se sentiu constrangida por aquilo.
— Peço perdão! Não preciso de casa nem mesada. Juro que vou ser um bom marido. Eu paro com as drogas, com a bebida...
— Buf – Tom riu. – Não faça promessas que não pode cumprir.
— Cala a boca, seu verme!
— Chega, vocês – Ross interveio, afastando-se dos filhos e indo até meu pai. – Rey, a partir de hoje Jessie será o noivo do seu filho. As datas continuam as mesmas, não vamos alterá-las em nada. Espero que assim possamos compensar esse incidente lastimável.
Fiquei estático. Não sabia como reagir. Aquilo era... Inesperado. TK se levantou e saiu dali batendo nos móveis e quebrando o que podia. Ele estava mais com raiva do que triste. E com isso, juro que vi um sorriso nos lábios de Jessie.
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Pacto de Gangues (Romance Gay)
General FictionGay | + 18 | Classificação indicativa. Thiago sempre acreditou não ter um pai, até o dia em que o colocaram frente a frente com Rey - um homem frio e calculista. Não demora para o jovem se descobrir herdeiro de um negócio milionário de tráfico de...