Bernardo era mais perigoso do que eu imaginava e isso ficou evidente em nossa conversa. Percebi que se tratava de um sujeito controlador e foi direto aos negócios quando nos encontrou, de modo que quando deixamos a empresa ainda havia mais perguntas do que respostas.
Aparentemente, o pai dele, Filipe Ramires, estava desaparecido e a última pessoa que se encontrou com ele foi Rey. Ou seja, quando atacou nossos caminhões ele estava começando uma guerra com os Dragões e TK acabou sendo apenas um efeito colateral nisso tudo.
No fim, meu pai era o problema. Como eu deveria ter imaginado desde o começo, porque ele sempre foi o motivo principal dos problemas que atingiram minha vida.
— Não podemos fazer isso – disse Jessie, quando nos reunimos na mesa da cozinha da nossa casa. – Se nos envolvermos nos negócios do Rey podemos começar algo pior, talvez ameaçar a aliança das famílias.
— Sempre cauteloso, irmãozinho – rebateu TK.
— Gosto de estar dois passos à frente, diferente de você que faz tudo por impulso.
Revirei os olhos, tirei a água do fogão e comecei a preparar o café para os irmãos. Havia sido um dia longo, a viagem de volta para casa foi tensa e ainda não sabíamos se nos envolveríamos naquela confusão toda ou não.
— A questão é que Bernardo já está envolvendo as demais gangues nesse jogo de vingança contra o meu pai – continuei a conversa, tentando ser mais direto que os garotos. – Tanto os Killian quanto os Dragões podem ser ameaçados com os próximos passos dele.
— Isso é verdade – disse TK. – Conheço aquele cara e sei que ele não vai parar até encontrar o pai. E podem haver muitas mortes com essa confusão toda.
— E se ele estiver nos usando? – questionou Jessie – Pararam para pensar que pedir nossa ajuda pode ser mais um passo dele para destruir as gangues?
— Temos que lembrar que nós fomos atrás dele para início de conversa – rebati. – Bernardo não nos recrutou, fomos lá por livre e espontânea vontade para descobrir o plano dele.
— E ele disse que pararia com os ataques se descobríssemos algo sobre o desaparecimento do Filipe. Ou seja, nos quer de olho no Rey. Isso pode parecer traição no mundo das gangues. Não quero ser um dedo-duro!
— Confie em mim, amor – pedi, entregando uma xícara de café para cada. – Podemos descobrir algo e impedir Bernardo de continuar a atacar e roubar nosso dinheiro.
TK me observou, talvez surpreso por me ouvir chamar Jessie de "amor". Ignorei a forma como ele me olhou e me concentrei em Jessie.
— Acha que pode fazer isso por mim?
O momento de silêncio dele pareceu uma eternidade, mas Jessie assentiu e fiquei feliz por ter meu marido envolvido no plano.
— Ótimo – disse TK, levantando-se da mesa de supetão. – Agora que as coisas se resolveram vou tentar pegar minha posição de volta na família.
— O quê? – perguntei, aflito. – Ainda estão atrás de você. O Tom pode usar isso para te colocar de volta na clínica...
— Estou sóbrio e mais esperto do que antes – ele me cortou. – Vou conversar com meu pai quando meu irmão estiver fora de casa e vou exigir que me coloque de volta nos negócios. Assim deixo os recém-casados aqui em paz.
Tentei dialogar para que ele não fosse embora, mas TK apenas pegou o casaco e abandonou o apartamento com uma batida de porta que me causou arrepios.
Ainda estava preocupado e, por mais que fosse difícil admitir, ainda tinha sentimentos por ele. Só não sabia ainda se eram tão fortes quanto os que tinha pelo Jessie.
— Está tudo bem – disse Jessie, chegando por trás e me abraçando. – Ele vai ficar bem.
— Certo... – falei, depois de girar o corpo para poder olhá-lo nos olhos, sem quebrar o abraço. – E quanto a nós? – perguntei. – Estamos bem?
Jessie beijou minha testa, depois fitou meus olhos e sorriu.
Céus, como ele tinha um sorriso perfeito!
— Estamos mais do que bem. Principalmente agora que ele está longe.
Jessie me abraçou mais forte e, em seguida, me pegou no colo. O gesto me pegou de surpresa e soltei um gritinho quando me vi longe do chão.
— Ficou louco? – perguntei, gargalhando. – Vai me deixar cair!
— Só se for na cama.
— Jessie!
— Aproveite, porque algo me diz que vamos passar um tempo longe do nosso ninho de amor.
— O quê?
— Não quer ficar de olho no Rey? – ele perguntou, sem me tirar do colo. – A forma mais lógica de fazermos isso é voltando a morar com ele.
Ia soltar um sonoro NÃO, quando ele brincou que iria me deixar cair e começou a andar em direção ao quarto. Mesmo com o fantasma do meu pai voltando para nos assombrar, estava feliz em poder fazer as pazes com meu marido.
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Pacto de Gangues (Romance Gay)
Fiksi UmumGay | + 18 | Classificação indicativa. Thiago sempre acreditou não ter um pai, até o dia em que o colocaram frente a frente com Rey - um homem frio e calculista. Não demora para o jovem se descobrir herdeiro de um negócio milionário de tráfico de...