The raspberry girl

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A partir de hoje as atts virão aos sábados e domingos, provavelmente durante a tarde <3 

Por algum motivo eu adoro esse capítulo HAHA


SETEMBRO


Meia noite, indicava o relógio digital no canteiro da rua. Era sexta-feira e a cidade apenas começava a se animar. O movimento dos carros ainda era intenso pro horário, algum bar tocava música na esquina e uma fila extensa de jovens se formava pra entrar na boate à frente. As cores vibrantes das luzes e os barulhos afobados das pessoas me traziam um estranho conforto. Era divertido assistir a vida alheia, apesar de não ter planejado passar meu 14º aniversário desse jeito.

Era mais uma noite quente e agitada em Dosan Daero e eu já estava começando a me acostumar com o ritmo dali. Percebi quando começou a funcionar o karaokê do bar mais próximo e um grupo de garotos cantou uma balada sem afinação, rindo comigo mesmo da situação. Também me diverti ao ver o amontoado de amigos sentados em uma das mesas ao ar livre, rindo escandalosamente e tomando soju como se bebe água. Era de se invejar a liberdade que todos tinham pra estar ali.

Me permiti observar a movimentação por alguns minutos, sentado na calçada, tentando ignorar os olhares curiosos que às vezes caíam sobre mim. Durante meu curto devaneio, fui despertado ao ver um carro branco parar próximo ao meio-fio, sendo jogada lá de dentro uma garota ruiva. Ela mais parecia um cadáver quando se espatifou na calçada e mal mexeu o corpo em reação ao baque.

Tive receio de me aproximar, afinal, não era da minha conta porquê ela havia sido jogada ali, mas também detestava a possibilidade de realmente ser um cadáver logo ao meu lado. Com cautela, me aproximei da ruiva e tentei enxergar seu rosto, mas os fios acobreados impediam a visão. Olhei ao redor. Ninguém aparentava sequer notar que havia uma situação ali. Parece que havia sobrado pra mim mais uma vez.

Estiquei uma das pernas e cutuquei sua coxa com o meu sapato. Sem resposta. Cutuquei novamente, dessa vez com mais força, mas ela não deu nenhum sinal de vida. Já estava quase preparado pra correr pra longe dali, mas insisti em tentar uma última vez. Minha cutucada desajeitada acabou saindo mais como um chute, que foi na direção das suas costelas e fez a garota se arquear no cimento.

- Filho da puta!

- Desculpa! Eu não queria te chutar, eu achei que estivesse morta...

A garota finalmente se deitou de costas, revelando o rosto. Não parecia muito mais velha do que a Irmã Hyunah. Ela estava com um batom cor de uva completamente borrado e algo que parecia com seus próprios cílios, mas estavam saltando pra fora dos seus olhos, me aterrorizando. Sua roupa era um top preto e uma saia justa da mesma cor, que, pelo ângulo em que eu estava, revelava muito mais do que a maioria das pessoas pretende mostrar na rua. Uma calcinha quase infantil de ursos marrons chamava a atenção e eu desviei o olhar, tentando não corar.

- É melhor você... hum... fechar as pernas, eu acho – apontei pros desenhos infantis.

- Eu não te autorizei a olhar pra isso, garoto – ela se enrolou completamente pra terminar a frase simples e eu tive a certeza de já ter visto aquela cena antes, no aniversário de Hoseok, quando todos estavam bêbados demais pra fazer sentido.

- Eu não olhei – menti, ainda com o olhar distante.

- Mentiroso! – ela me deu um chute desengonçado na coxa – tudo o que os homens fazem é mentir. MENTIR! Mentiroso! Vocês acham que um traseiro bonito compensa as suas mentiras? Sabe o que eu digo, garoto? Vão se fuder! É isso que eu digo – ela sorriu orgulhosa, como se tivesse sido perfeitamente compreensível na fala, sem saber que eu precisei forçar os ouvidos pra entender o que ela dizia de fato.

Stigma - taekook;vkook -Onde histórias criam vida. Descubra agora