Oie! Atualização como prometido <3 Esse capítulo é curto porque é emocionalmente carregado. Inclusive, estejam avisados de que aqui abaixo existe um pouco de conteúdo sensível.
NOVEMBRO
Acordava de mais um cochilo breve, sem sucesso em adormecer profundamente. A noite havia sido longa, mas os sons da manhã indicavam que chegara ao fim. Minhas pálpebras pesavam como pedras, minha coluna parecia triturada e os olhos lacrimejavam, ora pelo sono, ora por lembrar de que tudo aquilo da noite anterior era real. Era um pesadelo impossível de se acordar.
Taehyung roncava baixinho diante de mim, com um leve assovio na sua respiração que me fazia querer rir. Seu corpo, flácido e cansado, repousava sobre o meu, encurtando minha respiração durante boa parte da noite com o seu peso. Ele finalmente havia adormecido depois de intensas horas de mudez e soluços de choro. Havia sido torturante presenciar a dor que lhe angustiava sem poder consolá-lo de fato, me recolhendo à minha impotência e oferecendo-lhe abrigo, pois era tudo o que eu poderia fazer por ora.
Olhei pra seus dois braços, largados sobre o próprio corpo e cobertos pelas mangas da camiseta que ele vestia novamente, me arrepiando com a lembrança. Daquela posição, podia facilmente alcançar seu pescoço e assim o fiz, sentindo seu cheiro mais uma vez e custando a acreditar que ele estava ali, ainda que não fosse nas melhores condições.
Por um breve momento, imaginei que, se permitisse minha mente viajar, poderia fantasiar que aquele ali era o nosso quarto, na nossa casa. Iríamos acordar às 9 pra comermos juntos e ele imploraria por mais morangos, talvez voltássemos pra cama pra aproveitar um ao outro e mais tarde viveríamos uma vida comum. Ele poderia terminar a escola e eu poderia conseguir um emprego simples. Aquela poderia ser a nossa vida.
No entanto, não era. O crucifixo acima da porta me lembrava diariamente qual era o meu lugar. As marcas nos braços de Taehyung me lembravam que a dor, às vezes, parecia insuportável. O meu próprio cansaço pela falta de sono, naquela manhã, me lembrava que eu era um mero humano, feito de carne, ossos e sentimentos e, por mais fantasioso que me permitisse ser, o mundo lá fora não era. E não seria, jamais.
Depositei três, quatro beijos carinhosos no seu pescoço, saboreando sua pele e rememorando cada detalhe do garoto diante de mim. Queria aproveitar o agora antes que ele fosse tirado de mim, mais uma vez. Ou quem sabe o agora estivesse lá fora e tudo o que eu havia vivido dentro do orfanato era a verdadeira fantasia. Eu não saberia a verdade.
Taehyung se remexeu sobre mim, incomodado com as cócegas do beijo e, aparentemente, assustado com o contato inesperado durante seu sono profundo.
- Sou eu, amor. Está tudo bem – sussurrei para ele, fazendo com que o mesmo se virasse de bruços e se aconchegasse mais contra mim. Sorri. Mas não durou.
A porta do quarto se abriu. Era Yoongi. Não havia notado sua ausência, pois talvez ele tivesse saído cedo demais do dormitório e só agora eu via Jimin deitado em seu colchão. Hoseok ainda dormia, despreocupado, e Taemin não havia passado a noite.
O barulho vindo do lado de fora invadia o cômodo pela porta aberta e me incomodava. Não parecia ser mais que oito da manhã, mas a agitação de vozes e passos apressados dizia o contrário. Cochichos, portas batendo, pijamas atravessando o corredor. Eu não sabia o que estava acontecendo.
Yoongi estava pálido. Bem mais pálido que o comum. Tremia da cabeça aos pés e parecia se sustentar com dificuldade. Ele jogou os cabelos pra trás e arfou de leve, procurando oxigênio. O mais velho percebeu que eu era o único acordado e não hesitou em se sentar ao pé do colchão de Taehyung. Ele abriu a boca, mas a voz saía em um fio.
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Stigma - taekook;vkook -
Fiksi Penggemar[FIC EM EDIÇÃO] Ao crescer entre as paredes daquele orfanato religioso e conservador, Jeon Jungkook não imaginava que seu melhor amigo de infância o faria questionar todas as suas crenças e despertaria nele a vontade de experienciar pela primeira ve...