O problema de Remo Lupin

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Severo caminhava em direção ao gabinete da diretora. Foi chamado por ela antes do início da primeira aula do dia, talvez tivesse alguma recomendação ou pedisse ajuda referente às novas senhoritas de Hogwarts (Sabrina e Emilly). Porém chegando à sala, encontrou-a vazia. Ele então resolveu aguardar alguns segundos pela diretora, vendo que ela não apareceria, bufou de tédio e encaminhou-se para a saída.

- Severo!
Ele voltou próximo à mesa, observando o quadro de Dumbledore.

- Alvo!

- Meu caro Severo! Vejo que está angustiado, está tudo bem?

- Está tudo como deveria estar.

- Como vai a Srta. Granger?

- Como todos os outros alunos!

- Estive conversando com os outros quadros do castelo, eles me afirmaram que ela tenta a reconciliação, mas você a rejeita.

- Ela me rejeitou primeiro. - Snape já estava ficando irritado com o assunto. - Se me der licença, estou de saída.

- Ah Severo. - Alvo balançou a cabeça negativamente. - Lembre-se que em sua juventude você também errou, e mais de uma vez. Você sabe como é não ter a oportunidade de se desculpar, quando insultou Lilian. Se eu não tivesse lhe dado uma oportunidade de agir contra Voldemort, onde estaria agora?

- Situações completamente diferentes. Olha Alvo eu...

- Eu iria lhe perguntar se a ama. - O bruxo retratado no quadro o interrompeu. - Mas não é necessário, tenho certeza que a ama. Deixe seu orgulho de lado.

- Ah é, e de onde vem tanta certeza de que a amo? – Severo o desafiou.

- Deduzi pelo tom raivoso de sua voz quando fala dela, mas a certeza eu tive quando percebi que não deixou de usar o colar que os presenteei.

- E o que garante que estou o utilizando?

- Prove-me que não está o utilizado. -Dumbledore o olhou por detrás dos óculos meia lua, o desafiando.

- Eu apenas me esqueci de retirá-lo. – Ele então colocou seus dedos por dentro de suas vestes, deixando à mostra o colar, porém não parecia o mesmo, ele estava diferente.

- Você percebe que ele está diferente? – Alvo perguntou com os olhos fixos no colar.

- Por que está assim?

- Ele perdeu a cor, e as letras estão se apagando. Isso tudo é resultado de sua atitude para com ela.

- Então suponho que o dela também esteja assim, afinal ela que começou com...

- Não importa... - Dumbledore o interrompeu explicando calmamente. – Não importa quem magoou quem, ou quem está sofrendo, o que acontecer com um colar acontecerá com o outro também, pois o amor faz duas pessoas se tornarem uma só. Ele está assim, pois a magia presente nele é o amor de vocês, mas ele está se apagando, assim como as cores e as letras que antes estavam no colar.

- Então quer dizer que ela não me ama mais?

- Ela? E por que não poderia ser você? Afinal agora é você que a rejeita.

- Pensei que havia certeza em sua afirmação que eu a amo. – Snape revidou.

- Então por que o colar estaria assim?

- Pare de provocações Alvo! A única certeza que tenho nessa vida é que eu a amo! – Severo ficou extremamente furioso por Dumbledore supor que ele não amava Hermione. – A amo, com todas as minhas forças! Um amor que as vezes não suporto de tanto que ele me perturba. – A carranca de Snape foi se dissipando. - Mas é o mesmo amor que me faz acordar todos os dias e perceber que cada dia vale a pena.

- Era isso que eu queria ouvir. – Dumbledore deu um escancarado sorriso à Snape. – Palavras vindas do coração. Eu já sabia que a ama! O que quero que entenda é que alguém está impedindo que esse amor se concretize. Esse é o motivo do colar estar se apagando, há o sentimento, mas não as ações. Alguém impede.

- Quem é esse infeliz?

- Você! E ela também, não devo negar. Está na hora de vocês dois deixarem toda essa mágoa de lado e darem oportunidade ao amor, Severo.


Durante alguns dias, Hermione pôde perceber que Snape não a tratava mais tão rudemente como antes, mas também sentia que ainda ele não a aceitaria de volta.
Hermione preocupava-se também com o professor Lupin, há dias o via disperso até mesmo em suas aulas. Ele estava com problemas e ela iria descobrir.
Lupin caminhava apreensivo pelos corredores de Hogwarts, sem ao menos olhar por onde andava. Sua preocupação era tão perceptível que suas feições estavam distorcendo sua face. Durante alguns dias todos percebiam o quanto ele estava desatento em suas aulas, durante as refeições e em qualquer outro momento que fosse. Ele estava preocupado como se algo fosse acontecer, e realmente iria, ele deveria tomar uma decisão que qualquer opção que escolhesse, sua vida mudaria drasticamente.
Após uma de suas aulas para os setimanistas depois que todos saíram, Hermione permaneceu na sala. Queria ajuda-lo e iria tentar.
Sua preocupação aumentou ao perceber que ele nem havia notado sua presença.

- Professor... - Ele estava em sua mesa, parado olhando para um ponto fixo. Seu corpo estava presente, mas sua mente estava bem longe dali. – Professor Lupin?!
Ao perceber que alguém o chamava, voltou em si prendendo sua atenção na aluna a sua frente.

- Ah, Hermione! Há algo em que eu possa ajuda-la?

- Pelo contrário professor, eu quero ajuda-lo! O que houve? Há dias está cabisbaixo, pensativo, como se houvesse algum problema.

- E há! Mas nada que possamos fazer, aliás, eu terei que fazer.
Hermione continuou com seus olhos presos ao professor aguardando que ele continuasse, mas o silêncio se fez na sala por alguns segundos.

- Está bem, confiarei a você meu segredo, que na verdade em breve não será mais um segredo. – Ele deu um longo suspiro, apontou uma cadeira à frente de sua mesa para que Hermione se sentasse e em seguida sentou-se em sua cadeira, ficando de frente para a grifinória. – Hermione eu vou pedir demissão.
Hermione abriu a boca algumas vezes, mas nenhuma palavra saía. Ela estava espantada com a revelação.

- Mas, prof-professor...

- Ah, por favor, não há necessidade de formalidades.

- Remo, você não pode fazer isso! Se é por sua situação, já está tudo sob controle, a poção de acônito o deixa mais controlado, Minerva cedeu a você a casa dos gritos e os pais dos alunos já sabem que não há perigo algum! Não entendo porque ainda se preocupa com isso, não deveria...

- Hermione, acalme-se. Não é por isso.

- Por que então? O que está acontecendo? – Hermione levantou-se e aproximou-se de Remo.

- Os pais de Ninfadora não poderão mais cuidar de Ted. Eu mesmo terei que ficar com ele. – Lupin levantou-se se aproximando de Hermione. - Apesar de lecionar em Hogwarts ser o emprego que sempre quis, tenho que pensar em meu filho em primeiro lugar.

- Por que não contrata alguém para cuidar dele?

- Não creio que eu encontre alguém que queira trabalhar muito e... ganhar pouco. Estive pensando em várias possibilidades por esses dias. Não tenho condições para contratar alguém em tempo integral. Também não haverá ninguém que cuidará dele com tanto carinho como eu cuido ou seus avós cuidavam. Então depois de muito pensar, decidi que o melhor a fazer é sair de Hogwarts e encontrar um emprego que me consuma menos tempo.

- Não se preocupe, vou pensar em algo para ajudá-lo, você vai ver, tudo dará certo.
Hermione abraçou o professor e amigo para dar força pela situação em que ele se encontrava. O que ela mal podia imaginar é que atrás da porta entreaberta havia alguém presenciando aquele abraço.

Por que tem que ser você?Onde histórias criam vida. Descubra agora