O Garoto que era policial

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Tristeza... Medo... Raiva... Dor... Mayu estava sentindo muitas coisas naquele hediondo momento, mas nenhum sentimento ruim se comparava com aquele intenso aperto em seu coração enquanto ela derramava suas lágrimas sobre o corpo sem vida de Tadashi Maeda.
O jovem havia morrido sem conseguir expressar seus sentimentos à sua amada. Tadashi tinha dito algumas palavras, mas nada que Mayu tivesse entendido com clareza.
Lá naquele escuro e sujo hangar das docas, Mayu se encontrava nua - suas roupas foram rasgadas - e segurando em seus braços aquele que morreu tentando protege-la. A jovem não ligava se suas partes íntimas estavam expostas, para ela aquilo não era o que mais tinha importância no momento. Ela caía em prantos sobre o jovem enquanto sussurava seu nome repetidas vezes.
Mayu não entendia o porquê de estar chorando por ele. Ela mal o conhecia. Seria os vários anos estudando juntos? A empatia por ele tê-la ajudado?

Do lado de fora da velha construção, estava uma escuridão assustadora, pois o sol já havia se posto no horizonte e as cumulonimbus impediam que a luz das estrelas chegasse em Tóquio.

Um pescador aventureiro, que decidiu ficar até mais tarde no mar, estava amarrando seu pequeno barco a motor num pequeno cais perto de onde a Mayu estava. O velho pescador grisalho que aparentava ter mais de 50 anos vivia uma vida pacata com a sua esposa em um casebre na zona rural bem próximo dali. O velho senhor estava vestindo uma camisa com listras horizontais de cor azul e branco por baixo de um colete de couro marrom além de uma calça gasta de tecido grosso. Em uma das mãos ele levava sua estimada vara de pescar e na outra um balde com cerca de 15 peixes.
Ele estava caminhando lentamente pelas docas com uma lanterna na boca, seguindo para sua casa, quando ouviu um choro vindo das proximidades. Ele então largou o que tinha em mãos, pegou a lanterna da boca e seguiu o som entristecido. Ele chegou num dos hangares e encontrou a Mayu tremendo de frio sobre o corpo do jovem Tadashi. O homem ficou sem reação ao ver aquela cena. Mayu estava nua e suas mãos cobertas de sangue.

-Mas o quê...? V-Você está bem?! - perguntou o homem.

Mayu sinalizou com a cabeça que "não".

-Meu Deus... Esse... Esse garoto está morto?! E-Eu vou chamar alguém!

O velho homem foi até sua residência e ligou para a Polícia usando seu telefone fixo.

Alguns minutos depois uma garoa começou a cair e três carros de polícia chegaram nas docas. Junto com os seis policiais, estava o chefe de polícia do distrito mais próximo daquele lugar, cujo nome era Mahiro Yamamoto porém conhecido como Hiro entre os mais íntimos.

O chefe saiu do carro e encontrou o velho que fez a ligação, que o levou ao hangar onde Mayu permanecia como quando o senhor a encontrou. Assim que Hiro bateu os olhos na garota ele tomou um susto e sua pele gelou. Ele não acreditava no que estava vendo. Ele não queria acreditar nos seus olhos. Ver sua própria sobrinha naquele estado... Sim, Hiro era o irmão de Hinata e o tio de Mayu.
Ele correu para acudi-la e tirou seu casaco e deu para a sobrinha esconder sua nudez.

-Mayu... O quê... O que aconteceu? - Hiro perguntou aflito.

Mayu não respondeu nada, apenas repousou a cabeça sobre o ombro do tio e continuou a chorar.

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Já passava das nove da noite. Chovia horrores do lado de fora da delegacia.
Mayu se encontrava agachada em uma das cadeiras da recepção. Ela estava usando um dos uniformes da Polícia para esconder seu corpo nu. Apesar de ter parado de chorar, a tristeza ainda se manifestava em seu olhar trêmulo. Ela estava lá encolhida enquanto aguardava a chegada da sua mãe, que foi chamada pelo seu tio. Por telefone, Hiro tentou dizer à sua irmã, da forma mais calma possível, o que havia acontecido, mas Hinata não pôde conter o desespero e foi às pressas para a delegacia.
Quando chegou, a Sra. Yamazaki avistou sua amada filha, seus olhos se encheram de lágrimas, e foi até ela. Mayu, quando viu sua mãe, correu até ela aos prantos e a abraçou.

MayuOnde histórias criam vida. Descubra agora