A Garota de Quioto

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Apesar da discussão tensa entre Mayu Yamazaki e Hiroshi Fukushima, esse não foi o assunto mais comentado do dia na turma 2-1 da Nipon Mumei. A gravidez da jovem Yamazaki não teve tanta repercussão quanto o suposto suicídio de Sakura Hashimoto.
Os colegas da jovem morta não viam outro motivo para ela se matar se não a declaração da sexualidade dela. Sakura ficou triste pelo resto daquele dia e também no dia seguinte, o que dava ainda mais certeza para as especulações dos alunos.
Mayu, durante as aulas, olhava para trás e via a carteira vazia da loira. Vendo a flor branca em um vaso sobre a mesa da Sakura, Yamazaki só tinha em mente a imagem dela caindo da janela da biblioteca. Entretanto o que mais deixava a jovem triste naquele dia era a discussão que ela tivera mais cedo naquele manhã. A todo momento ela deslizava a mão sobre sua barriga tentando imaginar o que ela deveria fazer em seguida. As vezes, quando Mayu se mostrava chateada durante a aula, Ayumi se inclinava para o lado e tocava a mão da jovem, sussurrando "vai ficar tudo bem". Isso alegrava Yamazaki a certo ponto.

No final de uma das aulas, Mayu estava apertada para ir no banheiro. Ela chega nele mas encontra a porta trancada e uma placa com uma frase dizendo "em reforma, use o do outro prédio". A jovem suspira. Mayu decidiu que sua vontade de urinar era maior que sua preguiça de subir até o terceiro andar do prédio esquerdo. Depois de subir dois lances de escadas, Mayu estava caminhando pelo corredor até que passou em frente à diretoria e parou instantaneamente na frente dela. A jovem pareceu ter ouvido seu nome vindo de lá. Ela olha para os lados para ver se tem alguém por perto e se agacha e coloca o ouvido sobre a porta para tentar ouvir. Lá dentro a vice-diretora, a professora Momokino, estava numa video-chamada no computador com o diretor Kojima, que não estava muito feliz. Mayu pôde ouvir os dois conversando:

-A polícia chegou a alguma conclusão? - perguntou Kojima.

-Por enquanto eles estão apenas suspeitando que Hashimoto se matou. - respondeu Momokino.

-Idiotice! Pra mim essa história de suicídio não passa de especulação!

-O senhor acha mesmo que ela pode ter sido assassinada?

-Sim, eu acho. Não, eu tenho certeza! Por quê ela se mataria? E por quê justo na escola?

-Os colegas dela estão falando algo sobre ela ter se declarado lésbica.

-A professora Natsuki me contou essa história e não acho que Hashimoto tenha se matado por isso. Certamente a morte dela foi premeditada.

-E se for mesmo verdade, o senhor acha que pode ter sido a Yamazaki a assassina?

-Depois do que aconteceu na biblioteca no início da semana é difícil não suspeitar dela. Yamazaki supostamente tentou esfaquear a Hashimoto, e no mesmo dia que ela volta a outra aparece morta? É coincidência demais pra não ser verdade! Você já comentou essa história com o detetive Mahiro?

-O senhor Hiro ainda não tem conhecimento sobre o incidente da biblioteca.

-Mas ele tem que saber! Por favor Momokino, entre em contato com o Mahiro e diga que eu quero conversar com ele.

-O senhor tem certeza que quer falar com um homem tão ocupado sobre sua suspeita de uma aluna? Com todo o respeito, mas eu acho que se a Yamazaki for inocente, pode ser ruim para a sua reputação falar mal de uma de suas alunas para um detetive que está investigando uma morte. Ainda mais de uma aluna que foi estuprada mês passado.

MayuOnde histórias criam vida. Descubra agora