O tempo passou. Manu e Gabi começaram a namorar 6 meses depois, e eu fiquei algumas vezes com o Matheus. Ele era um fofo, em todos os aspectos, atencioso, carinhoso, sempre me trazia chocolates, era um ano mais velho, mas minha mãe deixou a gente namorar. Sim, meu primeiro namorado foi Matheus Abreu, e terminamos porque a gente confundiu as coisas e adivinha: Ele tinha um crush na Gabriela. Sim, a namorada da Manoela. Sim, a Medsajsdski (Sim, eu não sei escrever o nome dela).
Gabriela e Manoela passavam bastante tempo junto, mas eu nunca tinha visto elas juntas. Vi uma foto ou duas delas dando um selinho, mas acho que era uma característica da Manu: ela não deixava o namoro dela tão público. Quando terminei com Matheus, continuamos amigos, ele adorava ir no condomínio jogar bola com Vinicius e Gabriel. Eu já tinha meus quatorze anos, namorei com Matheus por uns 5 meses. Estávamos todos lá em casa, íamos fazer uma tarde de ver filmes. Bem, todos exceto Manoela. Mas quando ela chegou, preferia que não tivesse vindo. Ela entrou pela porta, logo atrás dela a Gabi, segurando o dedinho dela.
— Oi, Gi. — Ela sorriu para mim.
— Oi, Manoela. — Respondi, fechando a porta. Gabriel abafou a risada. Encarei ele, no sofá, ele estava assim fazia um tempo. Depois que superou o crush na Manu, às vezes tinha crise de risos quando eu e ela conversamos. Eu tinha que perguntar sobre isso para ele depois.
— Oi. — Gabi sorriu pra mim. Forcei um sorriso de volta.
— Oi, meninos. — Manu cumprimentou eles com um soquinho na mão. — Oi, meninas. — Fez o mesmo com Isa, Daph e Ana.
— Então essa é a tão falando Gabriela? — Ana brincou, elas só tinham se visto no jogo, quase um ano atrás.
— Sim, Gabriela Medvedovski, a própria. — Manu sorriu. Revirei os olhos. Gabriel, novamente, deu risada.
— Do que tu tanto ri, Calamari? — Perguntei, levemente irritada.
— Depois de conto, Gigi. — Ele falou, se acomodando no sofá, divertido.
— Vish, eu acho que sei o que é. — Vinicius riu do lado dele e os dois brindaram o copo de refrigerante num acordo silencioso.
— É sobre a Gi gostar d.... — Bruninho começou.
— Shiiiiu.... — Matheus colocou o dedo nos lábios de Bruno, que corou. Franzi o cenho. Havia muitas perguntas a serem feitas por ali.
Perguntas que não foram respondidas naquela tarde, nem naquela semana, perguntas que eu só fui saber quais eram as possíveis respostas no meu aniversário de dezoito anos. As vezes eu me peguei me perguntando se eu ter tudo essas respostas ainda com 14 anos mudaria algo. Talvez, eu não a teria mandado embora aquele dia, não teria duvidado dela, não teria sido tão insegura. Talvez a gente nunca tivesse tido aquela briga, e talvez ela tivesse ido a minha festa de dezoito anos, e eu tivesse me casado com a pessoa certa. Não que meu marido seja a pessoa errada, mas parando para pensar, nos casamos por comodismo, por não acreditar que acharíamos alguém para nos conquistar. Foi aquelas promessas idiotas de melhores amigos: Se até tal idade ainda estivermos solteiros, a gente casa. O motivo da promessa, por outro lado, foi bom: Um dia Manoela me contou sobre uma pesquisa que leu, que dizia que 80% das pessoas que já passaram dos dezesseis anos já conhecem as pessoas com que vão se casar. Eu e meu marido não tínhamos nada especial para não fazer parte desses 80%.
Esse dia, onde eu tinha quatorze anos e Manoela ainda namorava, eu e ela tivemos nossa primeira briga. Mas a que destruiu tudo e que definiu o ponto atual da história, foi três anos depois. Talvez (e eu já refiz a cena da briga mil vezes na minha cabeça por um ano inteiro) se eu tivesse pelo menos a escutado, eu não estaria chorando no banheiro agora. Eu afirmar que meu Kairós começou quando demos o primeiro beijo foi porque, agora, com meus atuais 24 anos, a nostalgia está tão grande no meu peito e as coisas estão tão incertas que parece uma grande piada. Eu não achei que a droga dessa música fosse tão longa, ou talvez, meus flashbacks são tão rápidos que eu acho que passou uma década e na verdade, foi só mais uma frase. Ou talvez Steven Tyler está fazendo o tempo passar mais devagar para Cryin' ficar ainda mais intensa.
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Kairós
Fanfic"Kairós (s.m); em grego antigo: o momento oportuno, perfeito ou crucial. O acerto fugaz entre tempo e espaço que cria uma atmosfera propícia para ação." Algumas coisas nós sabemos que são feitas para ser. Sentimos no fundo do nosso coração que aquil...