— Como tá meu cabelo? — Manu perguntou, sentando ao meu lado.
— Você está linda. — Respondi. Fazia quase um mês desde a saída do hospital e decidimos contar para minha mãe hoje pelo skype. Pela primeira vez em 18 anos, vi uma Manoela nervosa para conversar com minha mãe. — Relaxa, ela gosta de você.
— Você também gosta mas demorou 18 anos para aceitar isso. — Ela brincou, a empurrei. — Ai, meu ombro, Gi! — Ela falou.
— Desculpa! — Dei um beijinho no ombro dela. — Tudo pronto? — Ela concordou com a cabeça e eu iniciei a chamada. Ficamos, ansiosas, uma do lado da outra, esperando minha mãe atender.
— Ela sabe usar o skype?
— Sim, claro, eu ensinei da última vez que fomos lá. — Molhei os lábios. — Vai, mãe, a senhora disse que tinha entendido. — Então, ela finalmente atendeu a ligação. — Oi, mãe!
— Oi, minha filha! — Ela disse, sorrindo, mas parecia confusa com algo na tela. — Como que aumenta o volume disso aqui???
— Vai na engrenagenzinha e ai em opções de áudio, aumenta o volume da saída de som. — Explicou Manoela.
— Deixa eu adivinhar, foi técnica de informática na França? — Brinquei.
— Na verdade eu só ajudava os velhinhos no cyber, okay? — Manu riu. — Conseguiu, tia Jane?
— Consegui sim, meu amor, obrigada. — Minha mãe sorriu. — Então, como estão?
— Bem. — Respondi. — A gente quer te contar uma coisa... — Soltei o ar.
— Da última vez que vocês duas foram contar algo com essa cara, havia quebrado o meu vaso de planta. — Ela lembrou.
— Sobre isso, tinha sido o Timão, mas a Gi tava com medo de você colocar ele para fora de casa porque ele estava aprontando muito. — Confessou Manoela.
— Não era isso que íamos contar. — Ri, olhando para ela. — Mas já que tocou no assunto eu queria dizer que aquela sua xícara favorita quem quebrou foi a Manoela eu fiquei com medo de você brigar com ela.
— Eu não concordei com ela mentir! — Manu logo se defendeu. — Eu queria contar a verdade.
— Meninas! — minha mãe riu. — Eu sei de tudo isso, eu não sou idiota.
— Viu, eu disse que ela sabia que foi a gente que perdeu os brincos dela... — Aliperti me encarou, lembrando da vez que resolvemos mexer nas coisas dela.
— O que? — Minha mãe perguntou.
— Dessa ela não sabe, fica quieta! — Falei, voltando minha atenção para o monitor. — A gente queria te contar...
— Que a gente tá namorando. — Manu falou, direta, enquanto meu rosto corava.
— Isso é sério? — Ela perguntou, parecendo surpresa. — Meu deus, finalmente!
— Mãe!
— Eu disse que ela já sabe de tudo! — Manu riu, passando o braço pela minha cintura. — Aliás, eu cai de moto mês passado porque sua filha brigou comigo e me fez sair de casa muito irritada.
— Já resolvemos isso, amor.
— Sim, mas achei que Tia Jane devia saber. — Ela sorriu, me dando um selinho.
— Eu não achei que fosse viver até ver isso! — Minha mãe riu, divertida... parecia tão feliz. Infelizmente, eu sabia que a reação do meu pai seria bem diferente.
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Kairós
Fiksi Penggemar"Kairós (s.m); em grego antigo: o momento oportuno, perfeito ou crucial. O acerto fugaz entre tempo e espaço que cria uma atmosfera propícia para ação." Algumas coisas nós sabemos que são feitas para ser. Sentimos no fundo do nosso coração que aquil...