Aqui se Faz, Aqui se Paga - END

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   Como havia prometido a si mesma, Claire foi até a delegacia para visitar seu irmão. Queria agradecê-lo pela carta, por tê-la salvado, e perguntar a ele sobre a relação dos Carters com os Hell’s Blade.

  Após a aula, Andrew lhe deu uma carona até lá. Estava tão curioso por aquela informação quanto ela, isso poderia livrar suas suspeitas de uma vez por todas, além de também finalmente conseguir descobrir quem havia matado sua ex-namorada.

— Obrigada — a loira disse no momento em que retirou o cinto de segurança. — Vai entrar ou vai esperar aqui?

 — Vou esperar aqui — retrucou enquanto batucava os dedos da mão que agarrava o volante no ritmo da música que tocava na rádio: Livin’ on a Prayer.

 — Certo. Não demoro — e saiu do carro.

  Suspirou, cruzou os braços e os afagou com as próprias mãos enquanto caminhava até a delegacia. Embora estivesse usando dois suéteres, continuava sentindo frio. 

  Entrou no recinto, foi até a recepção, apresentou seus documentos, informou o horário marcado da visita e, após a recepcionista verificar no computador, ela pediu a um policial para que a acompanhasse. E assim ele fez.

  Aquele lugar possuía um cheiro forte de café e folhas novas de papel. Era até agradável, totalmente diferente do odor de terra e suor que sentiu ao entrar na sala de visitas do presídio que ficava logo atrás da delegacia.

  O local se encontrava um pouco cheio, com presidiários em seus uniformes alaranjados conversando frente a frente com seus familiares e amigos nas diversas mesas que ali se encontravam. O policial guiou Claire até uma próxima à janela.

 — Irei trazê-lo, senhorita — ele disse. Pelo sotaque, percebia-se que ele parecia vir de algum país da América Latina. — Com licença. — E caminhou até a porta duas folhas que ali havia.    

  Blake resolveu puxar a cadeira metálica e se sentar. Apoiou o cotovelo na mesa do mesmo material, o maxilar sobre a mão e olhou a janela, avistando os carros transitarem para lá e para cá na estrada. Ficou assim por alguns segundos até sentir um olhar sobre si. Então, desviou os olhos para quem a encarava e seu coração palpitou em seu peito. Não sabia de fato quem era, mas naquele homem havia uma carranca assustadora. Ele possuía a pele morena; o rosto largo coberto de linhas de expressões; e os cabelos arrepiados tão negros quanto o bigode e aqueles olhos que sequer piscavam. As mangas de seu uniforme alaranjado estavam encolhidas até os ombros e, quando a garota desviou o olhar para o braço peludo dele, conseguiu visualizar a tatuagem de uma lâmina flamejante. 

 Ela retornou os olhos para a janela, fingindo ignorá-lo, fingindo que aquele olhar sinistro não fizera seu coração pesar e se agitar.

 — Claire! — ouviu a voz de Nathan e se levantou, acabando por sorrir. Mas quando o viu, seu sorriso se desfez de imediato. O rosto dele se encontrava coberto de ferimentos, e o braço, engessado, sendo segurado por uma tipóia azul-marinho. Quando ele se aproximou, ela percebeu que ele estava mancando. Ficou paralisada e boquiaberta até o momento em que o irmão a abraçou com o braço bom. 

 — Ei... — forçou um sorriso e retribuiu o abraço.

 — Estou tão feliz que está bem... — a olhou de cima a baixo ao soltá-la. — Eu peço mil desculpas… do fundo do meu coração…

 — Eu já te perdoei, Nate. Está tudo bem — disse sem desfazer o semblante assustado.

 — Ah. Nunca vai estar tudo bem — se dirigiu à cadeira e se sentou. Antes de Claire voltar a se sentar na que estava, notou que aquele homem ainda a encarava, parecendo não dar a mínima atenção ao que a mulher à frente dele estava dizendo. Tentando mais uma vez ignorá-lo, ela retornou o olhar ao rosto machucado do irmão. — Você… leu a minha carta?

Painful Lies - 2ª Temporada [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora