Capítulo 8

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Capítulo oito
Capitão Gancho




— Novos hospedeiros! Que novidade. — caminhou até nós, deixando marcas de suas botas na areia. O mar recuava perante ele.


— O que você quer? — John indagou, de um modo o qual nunca o vi. Em alerta, ou... Em posição de combate.


— Uma garota... Interessante. — se aproximou em mais passos, e recuamos, até pararmos, e ele chegar perto ao ponto de John se colocar em minha frente. — Será tão lucrativa quanto Wendy foi?


— Lucrativa? — sussurrei.


— Posso levá-la? — perguntou de modo simples para John, que estampou obviamente sua surpresa no rosto.


— C-Claro que não! — afirmou, cruzando os braços.


— Bem, pelo menos eu pedi permissão. — braços me prenderam, me fazendo tontear para trás.


— O quê? — John se virou para me olhar, mas recebeu uma coronhada em sua nuca.


— Corra, Michael, chame ajuda! — o pequeno assentiu correndo ao lado de Daisy, gritando o nome do líder sem parar.


— Considere um ato de boas-vindas. — sorriu, e logo após, minha visão se escureceu.





— Você resmunga demais. — reclamou, afiando uma espada. Olhei em volta, com a vista embaçada.



Estava em um navio, rodeada de piratas.



— O que você quer de mim? — o olhei, tentando exibir fúria.


— Não é com você. É com Peter. — deu de ombros.


— Então me solte! — tentei me mover, ferindo os pulsos na madeira e cordas.


— Não tenha pressa. Você vai ser minha vantagem. — se levantou do barril em que estava sentado, caminhando até mim. — Você vai ser o X do tesouro.


— E por que acha que Peter se importaria com meu sumiço? — ergui uma sobrancelha.


— Porque você é mãe. Sua filha vai o perturbar até que ele venha te salvar, caso ele realmente não se importe. — ergui a cabeça para o olhar, quando estava perto demais.



O Capitão Gancho das histórias e desenhos não era tão bonito quanto pessoalmente. Não devia ter um ''narigão'', barba grande e voz escrota?




— Como sabe que sou mãe? — ele devia ser muito mais alto que Peter e eu.


— Só deduzi. Você confirmou. — ergueu a mão com o gancho, o colocando em meu queixo. — Parece ser muito preciosa.


— Essa dedução está errada. — falei com ironia. — Seria melhor ter sequestrado Wendy.


— Me enjoei dela. Era incrivelmente chata antes, agora parece ainda mais intolerante. — disse com desdém. É, todos nós a odiamos. — Aliás, você parece muito mais interessante.


— E você parece um homem desocupado. — inclinei a cabeça, erguendo uma sobrancelha. — Sente muito tédio, não sente?


— Onde quer chegar? — cruzou os braços.


— Não responda uma pergunta com outra. — repreendi. — Esta terra para crianças rebeldes é tão tediosa... Não é o seu lugar, é?



Apertou os olhos, franzindo o cenho.



— E sua única distração, sua única saída do tédio, é Peter. — minha análise parecia correta. — Aquele pestinha o qual você odeia, sem saber ao menos o motivo.


— Eu sei o motivo por o odiar. E nada disso é da sua conta. — grunhiu. — Onde você quer chegar?


— Onde acha que quero chegar?


— Não responda uma pergunta com outra. — disse em tom irônico.


— Sempre acreditei que você tivesse suas razões. E que talvez não fosse o vilão em todas as historias. — ergui a cabeça, contraindo os lábios. — Agora que estou aqui, suponho por pouco tempo, pensei em invadir um pouco seu círculo pessoal.



Encostou o gancho em meu rosto novamente, franzindo o cenho.



— E quem lhe deu permissão para isso?


— Não preciso de permissão. — dei de ombros. — Apenas sei que você precisa de um amigo.


— Vai tentar usar meu sentimental? — ergueu uma sobrancelha.


— Não vou usar nada. Só quero saber mais sobre você. — sorri de canto. — Sempre tive uma quedinha por vilões.





E não era mentira.

Lost Boys [PETER PAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora