Capítulo 13

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Capítulo treze
Flor do Amor


Nós dois provavelmente fomos finalmente dormir às quatro da manhã. Mas não queríamos que a noite acabasse.

Foi incrível o tomar por inteiro, somente para mim. O calor, o cheiro do mar, tudo para mim. E ele estava disposto a ser meu desde o começo, mas era exatamente o que eu lutava para não enxergar.

E, finalmente, ele conseguiu se entregar. Mas nós dois sabemos que eu não conseguia. Eu não podia. Eu tinha dívidas, e teimosia.

E tudo era uma escolha minha.

Movi minha mão, na esperança de novamente acariciar o peitoral quente. Mas não estava ali. Abri meus olhos, e me ergui em uma mão, olhando o colchão. Não havia nada além de lençol de seda frio.

Então ergui o olhar, e vi uma calça. Dentro de mim comemorei por ser ele, mas era apenas um manequim, com roupas que eram obviamente para mim.

Olhei em volta, e nem sinal do homem com quem dormi. Me arrastei para a borda da cama, sem sequer me dar o trabalho de me cobrir. Onde ele estava?

Eu soube que me perguntar mentalmente não adiantaria nada. Me levantei, e toquei as roupas no manequim. Dignas de um pirata. E tinham o cheiro dele.

Blusa social, calça cós-alto e botas. E o bônus, o qual me fez sorrir instantâneamente. Um chapéu.

Tudo na roupa era composto por preto. A intenção era me fazer parecer com ele?

Eu vesti tudo, e novamente, medidas perfeitas. Mas ignorei. Abri a porta, e o sol não me cegou. Estávamos navegando, e para o sul. Caminhei pelo convés, e percebi a agitação. Os piratas circulavam mexendo em mecanismos do barco, sem parar. Estavam nervosos.

Ainda os olhando, subi as escadas para falar com Gancho, que movia o leme com facilidade e calma. Como ele conseguia ter charme o tempo todo?

— Bom dia. — dei meu mais sincero sorriso, e ele retribuiu.

— Muito bom dia. — seu sorriso perverso me fez o xingar baixo, e rimos antes de nos beijar. Ninguém da tripulação se surpreendeu.

— Para onde vamos? Pensei que ficaríamos na Ilha Violeta. — rodeou minha cintura com um dos braços, e acompanhei com um braço seus movimentos com o leme. Ora, era fácil. Talvez porque eu só estivesse brincando, e ele, trabalhando.

— Você vai reconhecer. — ergueu a cabeça, olhando para o horizonte.

Pouco a pouco a mata surgiu, e meu coração saltou ao perceber onde estávamos. Era a ilha de Peter. Tudo em mim paralisou, e me afastei dele, esforçando cada vez menos a vista.

— O que? Por quê? — me virei para ele. — O que está fazendo? Por que estamos voltando?

— Vou te levar de volta. — ele tentou fazer com que as palavras soassem simples, mas não eram. Eram dolorosas.

— Por quê? — franzi o cenho.

— Eu pude te ter, pude te entender, e pude ter certeza de que me ama. E que vamos ficar juntos um dia. — tirou os olhos da ilha, e os levou até mim. Nada de azul reluzente.

— Mas... — as palavras fugiram como pequenas crianças em um pique-esconde. Merda, não havia mas. Eu pedi o tempo todo para voltar, eu queria ver minha filha. Eu neguei seus apelos tão apaixonados. — James...

Meu semblante se suavizou, e me aproximei. Ele olhou novamente para a ilha. Toquei seus ombros, e eu senti o peso ali. Queria tirá-los, queria o fazer sorrir sinceramente. Merda, eu estava fodendo com tudo.

Lost Boys [PETER PAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora