Capítulo 24

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Capítulo vinte e quatro
Planos

CAPITÃO JAMES GANCHO







Odiava tudo aquilo, todas aquelas pessoas, toda a agitação e todas as farsas. Cada sorriso, cada elogio e cada "desejo felicidades", todos eles repletos de veneno, me enjoavam. Minha mente trabalhava sem parar, eu estava nervoso, mais nervoso do que nunca. Em minutos eu estaria unido pelo resto da minha vida com a mulher que amo, e isso não era um problema. O que viria a seguir não era um problema, meu futuro não era um problema.
Eu sabia que tudo correria bem, sabia que seria uma cerimônia linda e que eu teria um relacionamento lindo, uma família linda, mas ainda assim, estava nervoso. Minhas mãos estavam suadas, isso quando o nó em minha garganta quase me impedia de falar. Emocionado, tão emocionado quanto nervoso.
Eu sabia que Charlotte estava da mesma forma, talvez pior, mas nada iria me acalmar enquanto não saíssemos de Londres.

— Vá para seu lugar, ela está vindo. — Michael me empurrou altar acima, e me indicou onde ficar. Ajeitei meu paletó, e tentei secar as mãos nas calças. Elas estavam tremendo agora.

A visão de cima era estonteante. As flores, rosas brancas e vermelhas, estavam em buquês ao lado dos bancos de madeira. Haviam mais delas em duas pilastras gregas, cujo a porta de madeira estava entre. Um tapete vermelho até onde eu estava, músicos no canto da sala, e é claro, os vitrais dos santos nas paredes. Os convidados, sentados, alguns indo para seus lugares, até que as portas foram abertas. Os músicos se agitaram, e a violinista iniciou uma melodia.

Daisy entrou em um vestido vermelho, uma cesta em suas mãos estava cheia de pétalas brancas. Tudo muito clássico, ela mesma dissera antes de ir checar sua mãe. Seus passos lentos me deixaram impaciente, mas eu sabia que era a regra da cerimônia. Quando ela estava no meio do caminho, todos se puseram de pé. As madrinhas e padrinhos estavam separados por sexo, a Tecelã me olhara sorrindo. Smee estava focado em Daisy, chorando como nunca. Enrijeci o corpo, e olhei para as portas, engolindo o nó que me obrigava a querer chorar.

E, com a luz do sol contra os vitrais, deixando toda a igreja em tons de rosa, vermelho, e azul, lá ela estava. Estonteante como uma princesa, mais encantadora que uma, Charlotte entrou. Uma coroa de rosas vermelhas estava sobre sua cabeça, com um véu até seu queixo, tão transparente quanto água. Seu pai me olhava com admiração, não havia hesitação ou desgosto em seu semblante, e isso fora um alívio.

Quanto mais se aproximavam, mais meu coração acelerava. Sentia meu ser entrando em colapso, vontades e emoções bagunçados sendo organizados e se intensificando ao mesmo tempo. Desci do altar, para tomar o braço de minha noiva. Cada passo era como pisar nas nuvens, e minhas pernas estavam bambas.

— É sua agora. — uma lágrima escorreu pelo rosto do homem ao sussurrar, e eu assenti, impossibilitado de dizer qualquer coisa. Ele se afastou, e nós dois subimos o altar, com os braços entrelaçados.

A música parou, e o padre se aproximou.

— Vamos iniciar este ritual sagrado em favor da união de James Hook e Charlotte Losterman. — estremeci por dentro, e a mulher ao meu lado enrijeceu o corpo. Sentimos a mesma coisa.


O homem começou dizendo coisas da bíblia, logo após conselhos de como deveríamos agir, e então, com pressa uma criança — que chamei direto da Terra do Nunca — trouxe nossas alianças, assim iniciando nossos votos. Dissemos com toda a emoção e vontade, na verdade, nós dois lutamos para não começarmos a chorar intensamente. E, quando finalmente chegamos na parte do beijo, um falatório se iniciou.

Procuramos o motivo da agitação, e Charlotte deixou seu buquê cair ao o ver.

— Eu sou contra esse casamento! — gritou um homem o qual eu não conhecia, mas que minha noiva parecia conhecer bem até demais.

Lost Boys [PETER PAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora