Capítulo 14

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Capítulo catorze
Uma Refeição Para Campeões




Ficamos parados em nossos mesmos lugares até que o Loster estivesse longe o suficiente para desaparecer no horizonte. Nunca foi tão difícil segurar lágrimas teimosas. O nó em minha garganta era difícil de empurrar. Daisy sabia disso. Segurava minha mão com força, e não soltava. Eu ainda teria de suportar as boas-vindas de John, Michael e os Meninos Perdidos.


Eu não estava pronta para lidar com eles. Eu não queria lidar com eles. Não queria falar com ninguém.


Me virei quando Peter deu seu primeiro passo, e pouco a pouco todos saíram da floresta. Os Meninos me abraçaram, e eu sequer me movi. Olhei seu líder, e também se me olhava. Tentei dizer um "obrigado", mas nada saiu. Minha boca se moveu sem sequer um sussurro. Peter sabia que havia algo errado. Mas ele não diria nada. Porque não era de sua conta.


Quando as crianças se afastaram, virei minha cabeça lentamente, e olhei John. Caminhava bem devagar, e mesmo que nada me impedisse, não me movi. Então ele me abraçou.


Minha frieza travou uma batalha contra seu amor tão sincero. Percebi que eu estava sendo injusta. Ele deve ter sentido a  minha falta, deve ter privado seu sono em noites as quais eu estava sorrindo, ou chorando, ao lado de um homem que ele imaginava que cometera crimes horríveis contra mim.


Mas haviam sido os melhores dias da minha vida. Desde os cochilos no chão do convés, à primeira vez que toquei seu corpo.



— Fiquei tão preocupado. — disse em meu ombro, e levei meus olhos até o canto, e Peter ainda nos observava. Ninguém se surpreendeu quando o cacheado me beijou, e Peter finalmente entrou na floresta


— Senti sua falta. — minha voz era tão baixa, que desejei não ter dito nada. Cada palavra era um sinal cada vez mais alto de que eu iria transbordar.


E eu sabia que teria de fingir que as lágrimas eram de emoção por os ver. Por estar ali. E não, eu não faria nada disso. Era muita falsidade para alguém que costumava ser sincera o tempo todo, com todos, e consigo mesma.


— Que bom que voltou. — a voz de Tinker soou, e a olhei. Seu pequeno rostinho era sereno. Ela também havia percebido que algo não estava certo.


Assenti, e John se afastou.



— Você está bem? — um garoto perguntou. Qual o nome? Ah... Piuí.


— Estou. — sorri, foi meu melhor sorriso, mesmo sabendo que era o pior que já havia mostrado desde que nasci. — Só um pouco cansada. Navegamos bastante.


— Eu imagino o quanto. Vamos deixar a pobre garota descansar, rapazes! — Tinker afastou as crianças, e inclusive John. Daisy soltou minha mão lentamente, e olhei em seus olhos pretos.



Ela simplesmente assentiu, em um passe-livre para chorar sem medo. Não deixaria que me interrompessem. Aquilo me emocionou.

Lost Boys [PETER PAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora