Capítulo 15

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Capítulo quinze
Negativo Mais Negativo...




— Onde quer chegar? — franzi o cenho.


— Ele entenderia que você deseja estar com outra pessoa. Mas seria como uma facada saber que alguém em apenas alguns dias, conseguiu o que ele teve depois de um mês. — soltei sua mão instintivamente. Aquela conversa estava me assustando. Se é que posso chamar disso. — A questão é que... Na minha tão formosa opinião: – modéstia, a minha.



Ela riu, e eu me preparei para o que viria.



— Voltando, na minha opinião, John foi só uma ponte. Uma chave que abriu seu coração. Tudo para que James Hook entrasse. — me levantei, sem perceber, da cadeira.


— Não sei o que está querendo dizer, Rainha. — desviei da cadeira, e me virei para ir embora, mas sua doce voz me fez parar.


— Dentro de seu coração cheio de flechas, uma por uma foi derretida pela história dramática de Gancho. E você viu nele um alguém tão sofredor quanto você. — ela também se levantou, eu sabia, por seus passos leves, mas sequer fazia som ao se mexer. Delicadeza pura. — Você viu um alguém que precisava de ajuda. Talvez mais ajuda que você. E, sabia que John nunca te completaria, porque ele nunca sentiu a dor tão estrondosa e sufocante que você sentiu. Mas James? James, ah sim.



Ela me rodeou, parando em minha frente. Levou as mãos atadas à altura da cintura, e olhei seus olhos laranjas. Eu via cada palavra dela, representada em cenas diferentes. Respirar se tornou difícil.



— James é tão sofredor quanto você. Tanta dor dentro de um homem só... — eu via meu capitão chorando, sobre sua cama. Não era hoje, ou ontem. E sim, há anos atrás. — Ele? Ele sim saberia como te completar. Como te fazer feliz. E você? O faria tão alegre quanto uma criança ingênua. Porque negativo, mais negativo...


— É igual a positivo.





— Eu não quero estar longe dele. — levei os olhos ao céu estrelado, e a rainha tocou meu ombro.


— Nunca queremos estar longe de quem amamos. — os pontinhos brancos tremeluziam. Não havia uma nuvem sequer no céu. — Escolha uma estrela.


— O quê? — a olhei.


— Apenas escolha. — levei o olhar ao céu novamente.


— Aquela. Ao lado da lua. — era como todas as outras, mas a mais próxima do satélite.


— Tenho certeza de que ele também está olhando para ela agora. — meu coração ficou apertado perante uma frase tão bela.


— Isso é lindo. — olhei para o lado, mas não havia ninguém ali. Uma manobra para me encher de esperança. E havia funcionado.


Lost Boys [PETER PAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora