Epígrafe

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Capitã Daisy Loster



Meu espelho de todas as manhãs era a água cristalina. Era parte da rotina pentear meus cabelos negros que tocavam minhas coxas, quando sentada no pier, com os pés nas águas enquanto fadinhas conversavam comigo.
É uma ótima forma de iniciar os dias, com certeza.
E depois, vou para o navio, o Loster, troco minha roupa, convoco a tripulação — a qual eu fiz questão de recrutar diretamente de Londres — para o café da manhã, e navegamos.

Mas hoje, hoje não iremos zarpar. Há algo na Ilha Violeta que me prendeu por aqui, hoje.

— Esta é Violet. — lá estava minha mãe, com um semblante sereno, de pé com um embrulho de panos nos braços. Me aproximei, com um nó na garganta, e ela se inclinou para que eu visse o rostinho pequeno.

— Tão linda. — toquei a bochecha da pequena com o indicador. Um nó em minha garganta se formou, e quando olhei minha mãe, seus olhos estavam cheios de lágrimas. Nós duas rimos, e encostamos nossas testas. — Fico tão feliz por te ver se realizando, mãe.

— Sim. Eu finalmente tenho uma família completa. — ela sorriu, e me deu o bebê. Enxugou suas lágrimas com os pulsos, e James se aproximou.

— Conheceu sua irmã. — tocou meu ombro e beijou minha testa, se abaixando para ver sua filha, e brincou afinando a voz. — Esta é a herdeira do Jolly Roger.

— Eu ouvi dizer que queria um menino. — brinquei baixinho, e minha mãe riu ao ele engasgar.

— Não mesmo! Quer dizer, não seria mau, mas eu prefiro uma menina. — eu assenti, olhando a pequena, que havia acabado de acordar. O nariz de minha mãe, os olhos azuis do pai. Branquinha como a neve.

— Vão tentar mais um, quando ela crescer? — ergui a cabeça, intercalando o olhar entre os dois.

— Com certeza. Ainda quero meu Gancho Júnior. — foi minha mãe quem disse, e seu marido riu muito alto.

— Temos que discutir sobre esse nome. — a puxou em um abraço quando ela concordou, e me envolveu com um dos braços também.

— É injusto ela nascer com a benção das fadas e eu não. — os dois riram.

— Mas nenhum deles terá uma história como a nossa. Além disso, só você terá a dádiva de contar a história dos pais deles. — eu sorri, deitando minha cabeça no ombro de James enquanto ela dizia.

— Mal posso esperar.

— Sabe, eu ficava louco querendo saber como você seria adulta. — minha mãe disse “eu também”. — E agora, você está uma mulher incrível. Mais destemida, inteligente e corajosa do que eu, não tenho dúvidas.

— Estamos orgulhosos de você, Daisy. — me ergui, e ela tocou meu rosto. Me inclinei ao toque, sorrindo.

— E eu orgulhosa de vocês por terem feito essa princesinha. — os dois riram.

A família Gancho, meus amigos.
Repleta de pessoas lindas, unidas e valentes.
E toda a Terra do Nunca nos conhecerá. Eu e meus irmãos faremos questão disso.










Peter Pan

Meus pesadelos com árvores em chamas e fadas mortas sempre era cortado por gritos de crianças se divertindo.
Toda santa noite e manhã a mesma coisa.

A promessa de Daisy Loster me assombra desde que seu nome se tornou famoso por toda a Terra do Nunca. Estava desbravando terras e terras, em algumas ilhas era chamada de Dama Nanquim, por suas madeixas pretas até a cintura, em outros era conhecida como a temida Capitã do Loster.

Se tornou um milhão de vezes pior do que Gancho, na verdade, ruim como ele jamais foi.
Em sua mão há justiça, e ela assassina e tortura sem dó, mas apenas a quem merece.

E eu sabia que meu dia chegaria.

Mas, até lá, meus dias eram preenchidos por um verão quase infinito, que dava lugar apenas a primavera. Crianças de cabelos dourados, fadas com brilho amarelo e roupas verdes.

Os Meninos Perdidos foram libertos, e voltaram para Londres com a idade correta, alguns até mesmo morreram.
Mas eu não posso mentir, Wendy é uma mulher muito fértil.

Seus outros dois filhos, Denny e Jane, quiseram voltar também. Provavelmente moram com o pai agora. Pois a mãe, com algum tipo de doença mental, os negligenciou, e agora sua vida é agradar a mim e cuidar dos filhos que temos juntos.

Estes são Paul, Petra, Pierre e Pandora. Todos os nomes ela quem escolheu, e posso garantir que eles se parecem com nós dois.

Cada um tem uma personalidade diferente, sendo Pandora a mais nova e a mais corajosa. Ela garante que será uma pirata, e sua maior inspiração é exatamente quem prometeu tirar sua vida.

Eu sei que o dia do nosso extermínio irá chegar. Daisy estará mais fria e imponente do que nunca, e eu apenas aceitarei minha morte.
Espero que meus filhos sejam sábios o suficiente para lidar com ela.









John Darling





— Feliz Natal. — disse baixo, após todos desejarem o mesmo em um coro perfeito e animado.

Meus sobrinhos, Michael, Edward, meus pais e dois amigos advogados. Uma mesa longa com muita comida, com a lareira estalando e neve acariciando o vidro da janela.
Meu irmão era quem me trazia as notícias da Terra do Nunca, além disso, fui eu quem acompanhou Daisy durante seus cinco anos com os avós.

Uma linda mulher, posso assegurar.

— Um brinde a família Darling! — um dos meus amigos ergueu a taça, e todos nós brindamos.

Uma família suja, cheia de segredos pesados e cada um de nós com muitos problemas internos. Mas um brinde a nós.
Um brinde a mim, que aguentei tanta dor. E um brinde a Charlotte que provocou minha ruína, à Daisy que me ajudou a ter esperança na vida e à Edward e meus sobrinhos, que são a minha família agora.

Porque, qualquer pessoa pode chegar, e ir, e te devastar.
Mas tudo na vida se reconstrói.

Você só deve encontrar o seu lugar, e então, perceber que você não é um Menino Perdido.




























"Run, run, lost boy, " they say to me
Away from all of reality

Neverland is home to lost boys like me
And lost boys like me are free

Neverland is home to lost boys like meAnd lost boys like me are free

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Lost Boys [PETER PAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora