Capítulo 19

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Capítulo dezenove
Menina Perdida



— Por que não dormem e esperam amanhecer? — Peter nos observava com fixação, enquanto eu caminhava lentamente até perto do Jolly Roger, o analisando.

Pertencia ao meu Capitão Gancho. Meu James.


— Dormiremos em nosso apartamento, se ele ainda for nosso. — respondi, com frieza na voz. — Recorrerei aos meus pais assim que sair do prédio. Não se preocupem conosco.

Me virei, andando até Peter. Segurava sua flauta de pan, franzindo o cenho, engolindo em seco frequentemente no intuito de empurrar o nó na garganta.

— Podem nos visitar. — olhei nos olhos verdes, desejando que o muro entre nós caísse, e revelasse seus sentimentos exibidos no caminho até ali.


Peter, roçou os dedos nos furos da flauta. Não teria ânimo para tocá-la. Não teria a alegria espontânea que tivera com Daisy dias atrás, e isso o perturbava. Eu lutarei contra o peso enorme em minha consciência. Ao menos não sou tão cruel.


— Me perdoe por ser uma vadia. — sussurrei, inaudível até mesmo para mim. Vi uma chama de ódio tremeluzir nos olhos verdes. Ele apenas assentiu.












— Não conte nada. Absolutamente nada. — falei para Daisy.



Fomos para Londres, e não pudemos pousar em nosso apartamento. Haviam pessoas lá. Conversei com o proprietário do prédio, e descobri que eu, Daisy, e os Darling estávamos desaparecidos há dois meses.

Céus, não pareceu tanto.


O apartamento estava habitado, mas que meus pais continuavam na mesma casa. A senhora Chang, “ex-tia da escola” de Daisy havia me procurado por conta de uma lancheira esquecida pela pequena. Sim, a da Tinker Bell. Mas descobriu que estávamos desaparecidas.

Parei em frente ao gramado verde da grande casa, e respirei fundo. Ensaiei o que diria durante todo o percurso cansativo até aqui, mas ainda não sei o que dizer.



— Daisy, seja o mais dócil possível. Tente não dizer muita coisa. — ela assentiu. — Vamos improvisar.


Caminhamos sobre o caminho de ladrilhos até uma varanda elevada, e respirei fundo novamente. Minha filha apertou minha mão com gentileza, e toquei a campainha. Seu som era como o de sinos, e soaram alto. A porta fora aberta após alguns minutos. Uma gordinha ruiva com o uniforme branco e rosa da casa.



— Charlotte? — ela perguntou, e analisou a garota da cabeça aos pés, ignorando a criança ali.



— Berta. — ambas sorriram. Mas antes que se abraçassem, alguém também disse o nome, atrás dela.



— Berta, quem está chaman- — a mulher não pôde continuar o que ia dizer. Seus cabelos negros tinham falhas cinzas, e sua pele era alva. Olhos verdes.




— Mary. — o nó em minha garganta se formou, ódio fundido com tristeza. A empregada se afastou da porta.


— Charlotte. — ela disse, e olhou para baixo. A garota era parecida com ela, e vi que estranhou o fato. Os cabelos ondulados e mais escuros que carvão, as feições parecidas.



— É sua neta, Mary. — lágrimas caíram de seus olhos. Eu quis os arrancar.


— Ah... Olá.







Lost Boys [PETER PAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora