Entrevista

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— Demorou mas consegui. — Taylor diz e joga um papel em cima de mim.

Informações de processo seletivo.

Às 10h da manhã na avenida, Gran Via. Número 201

Procurar por Marisa Espinosa.

As informações estavam escritas a mão com uma bela caligrafia.

— Tá falando sério? Como você conseguiu?

— Você sabe como, bobinha. — É claro que eu sabia, é só Taylor piscar que ele consegue o que quer.

Estava esperando por essa entrevista ou qualquer coisa que me ajudasse a sair do fundo do poço, estava fazendo uma semana que eu havia sido demitida e não aguentava mais ficar em casa mofando.

— Como é a empresa?

— Eu não sei, não consegui perguntar nada ela queria trepar a mulher estava tarada.

— Você é um puto sem vergonha. — Jogo uma almofada nele e me aconchego no sofá.

***

No dia seguinte acordo cedo para me preparar para a entrevista, fico quase 30 minutos só passando minha saia e meu blazer. A avenida Gran Via só tem empresas de grande porte então provavelmente é uma delas, eu preciso estar bem apresentada. A única informação a mais que Taylor conseguiu foi que o cargo era para ser secretária. Mas o que mais me deixava nervosa era não saber qual era a empresa, antes de ir para uma entrevista de emprego você no mínimo tem que saber o nome da empresa e ter a obrigação de estudar um pouco sobre o lugar.

Depois de tomar banho, prendo meu cabelo em um coque perfeito e faço uma leve maquiagem mas capricho no batom vermelho. Boto um pequeno salto fechado e pego minha bolsa, antes de sair deixo um pequeno bilhete pro Taylor que está dormindo pois trabalhou a noite toda.

Comprei seu café da manhã, está no microondas. Me deseja sorte!

Amo-te.

Júlia  C.

Entro em meu New beetle preto, meu xodó de carro. Presente da minha querida vovó. Dirijo de forma centrada pelas ruas movimentadas de Madri, uma cidade que me acolheu muito bem.

Estaciono meu carro em um estacionamento pago e vou andando mesmo, não sei se eu teria permissão de estacionar no prédio. As ruas da avenida eram movimentadas e agitadas como qualquer avenida com prédios comerciais, tinha restaurantes e lanchonetes para todos os gostos, artistas de ruas divertiam os turistas e pessoas apressadas andavam rapidamente. Uma mulher com cabelo loiro saía de um café, abarrotada de bolsas, com dois copos na mão e segurando o celular entre a bochecha e o ombro, de repente um homem com terno passa apressado e bate com tudo na mulher. Me encolho automaticamente, tadinha seu vestido parecia ser tão caro e agora está arruinado pelo café. Desvio da total confusão e paro de frente pro prédio 201.

O prédio era totalmente espelhado, e ostentava um letreiro Preto e reluzente escrito Ferraz e ao lado o símbolo da marca de automóveis que era a silhueta de uma pantera. Em cima tinha uma bandeira da Itália e outra da Espanha, o prédio era um luxo só.

Arrumei minha blusa de seda branca e meu blazer preto, antes de entrar no local. Informei ao segurança o que havia vindo fazer ali e ele liberou minha entrada.

Meu Deus do céu, eu juro que não acredito que Taylor conseguiu para mim uma entrevista em uma das empresas mais conhecidas do mundo. Eu estou em choque, ainda bem que me arrumei de forma decente.

Me aproximo de um balcão onde uma recepcionista está, ela é uns bons 10 centímetros mais baixa que eu, é gordinha e linda.

— Bom dia, eu vim pra entrevista de emprego. — A mulher atrás do balcão abre um sorriso enorme.

— Claro, qual seu nome?

— Júlia Carter. — Ela escreve algo no computador e logo me entrega um adesivo que colo em meu blazer, tem meu nome e o “visitante” escrito nele.

— A entrevista é no 15° andar, chegando lá você sabe por quem procurar, certo?

— Sei sim e obrigada.

— De nada, boa sorte. — Levanto a mão e sigo até o elevador, meu salto bate contra o piso maravilhoso da recepção. Me sinto muito bem colocada na empresa.

Entro no elevador com outras cinco pessoas, fico olhando ansiosamente pro painel e quando para em meu andar eu saio decidida.

— Bom dia, procuro por Marisa Espinosa. — Digo pra recepcionista do andar.

— Por aqui, por favor. — Ela me leva até uma sala de reuniões, dois homens e duas mulheres já estão na sala. Os cumprimento e me sento.

Estou me sentindo tão importante neste lugar, tudo muito bonito. E todos os andares levam o logo da empresa.

Alguns minutos depois entra Marisa e nos entrega uma pequena provinha, com conhecimentos gerais, matemática, Espanhol, Italiano, raciocínio lógico e redação. Fiz tudo e só levei mais tempo fazendo a redação, preenchi a ficha com minhas informações e esperei. Os outros conversavam como se já se conhecessem há anos, eu permaneci calada pois estava muito nervosa para conversar.

— Bom dia e bem-vindos a empresa Ferraz. Acho que todos conhecem a marca automotiva Ferraz, certo? — todos nós acenamos. — Bom, estamos precisando com urgência de um secretário ou secretária, eu peço que vocês se apresentem e nos digam um pouco sobre vocês.

Ela começa chamando a todos, todo mundo se sai muito bem. Só uma menina que foi horrível tadinha, eu sinceramente achei que ela fosse desmaiar. Até que chegou a minha vez.

— Olá, bom dia. Eu me chamo Júlia Carter, tenho 23 anos, sou formada em contabilidade e minha última experiência profissional foi em uma lanchonete onde eu era garçonete. — Eu era a única que havia sido garçonete, os outros eram tudo secretários, uma trabalhava no aeroporto outra era agente pessoal… devo nem dizer que fiquei na merda né?

— Estou vendo aqui que você fala Italiano. — Ahhh, esse era o meu ponto forte.

— Sim, aprendi ainda pequena. Meu avô era Italiano e odiava o espanhol então se quiséssemos nos comunicar com ele éramos obrigados a aprender Italiano. — Até hoje não sei como ele conseguiu viver tanto tempo aqui, acho que foi o amor que sentia pela minha avó.

— Muito bem. — Ela diz e abre um sorriso.

No final, ela nos informa que iríamos receber um e-mail negativo ou positivo. E agradeceu nossa disponibilidade, agora era só orar que tudo iria dar certo.

Consigo entrar em um elevador que estava se fechando, mas ao invés de estar descendo ele estava subindo pro último que era o 20° andar. Tinha eu e mais três pessoas, todas elas ligadas em seus celulares. O elevador para e entra outras duas pessoas, quando a porta está prestes a fechar elas voltam a se abrir e o homem que assombra meus sonhos eróticos entra, ele está com os olhos no celular assim como os outros.

— Bom dia senhor Ferraz.

— Bom dia. — Sua voz é como eu me lembrava. Pera, senhor Ferraz? Eu havia transado com um milionário?

Ai Deus, o que este homem estava fazendo naquele bar? Ele é um maldito ricaço.

Agora eu estou repensando se devo trabalhar aqui, ele é o dono do prédio, dono de tudo aqui. Eu estou fodida e mal paga, graças aos céus ele não me enxerga. Fico quase que encolhida no canto do elevador.

Quando o treco para na recepção eu saio apressada, quase que fugindo.

— Ei, senhorita. — Paro no meio do caminho e viro lentamente.

— Você deixou cair. — Ele finalmente me olha e seus olhos azuis perfuram até minha alma. Ele abaixa o olhar pro papel em sua mão e lê meu nome. — Júlia Carter, tenho a impressão que te conheço.

— Deve ser só impressão mesmo, e obrigada. — Pego o papel com minhas informações da mão dele e saio como um foguete do prédio.

Júlia do céu, você poderia ter dado um sorriso, talvez você seria contratada com mais facilidade. Meu lado perverso solta uma gargalhada e meu lado anjinho balança a cabeça em descrença. São muitos anos de convivência com o Taylor.

Meu querido e sexy, CEO.Onde histórias criam vida. Descubra agora