New life.

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Eu não sabia como agir em relação ao Shawn, não sabia se o deixava no canto dele, respeitava o seu espaço, não sabia se eu deveria ir na casa dele e ficar com ele, pois querendo ou não, a pessoa que o criou faleceu. Na verdade, pior, se matou.

Shawn não falava comigo há mais ou menos uma semana e a luz do seu quarto vivia desligada, ele não atendia os meus telefonemas e o meu irmão não estava em casa, o que piorava tudo, eu só me sentia mais sozinha. Eu achei que meu pai fosse voltar depois da morte do Charles, mas ele não deu nem sinal de vida. Eu estava na sala, de frente pra TV desligada, minha mente estava toda bagunçada enquanto eu olhava pra um ponto fixo na parede. "Eu preciso atualizar minhas séries.", pensei comigo mesma, me lembrando de quando eu fazia maratonas.

— Vic. – Escutei a voz do Shawn e me virei assustada com ele sentado ao meu lado n

— Há quanto tempo você está aí? – Perguntei assustada enquanto me ajeitava no sofá. Ele apenas sorriu enquanto olhava pra mim, me deixando sem reação. — Olha, eu venho pensando o que falar pra você, eu respeitei o seu luto, eu senti sua falta e eu sinto muito pela sua tia. – Disse olhando pras minhas mãos enquanto notava seu olhar sobre mim. – Eu entendo que você não queira mais ficar comigo, e-eu... – Comecei a gaguejar e respirei fundo, sentindo meus olhos marejarem. – Eu baguncei a sua vida, Shawn, eu deveria ter ficado na minha, eu atrapalhei e eu entendo que você não queira mais olhar na minha cara, vai doer, mas eu vou me distanciar, eu... – Meus pensamentos foram interrompidos pela risada do Shawn. Franzi o cenho ao perceber que ele continuava rindo e senti sua mão sobre a minha. – Eu perdi alguma coisa? – Disse confusa após perceber que ele estava sorrindo.

— Eu não quero acabar nada com você. – Ele disse ainda com um sorriso no rosto enquanto eu sentia meus olhos marejados.

— Não? – Disse sorrindo e depois voltei à minha expressão séria. – Shawn! – Dei um tapa em seu ombro e ele riu mais ainda. Eu enxuguei rapidamente as minhas lágrimas e cruzei os braços. – Por que você não disse quando eu comecei a falar? Que saco!

— Eu achei bonitinho você falando aquilo. – Ele disse com um sorriso sincero enquanto aproximava seu rosto do meu.

— Você vai achar bonitinho quando minha mão acertar a sua cara. – Disse seriamente, mas ele continuou sorrindo. — Quem é você e o que você fez com Shawn Mendes? Com o meu Shawn Mendes. – Ele parou de se aproximar e fitou meus olhos enquanto sorria. Eu não achei que o sorriso de uma pessoa fosse me fazer um bem tão grande.

– O que você tá fazendo aqui, garoto? Por que demorou uma semana pra falar comigo? Você acha isso certo? Olha, eu vou te dizer uma coisa: não tá certo não!!! – Disse balançando o dedo pra um lado e pro outro enquanto mexia a cabeça e arqueava as sobrancelhas, fazendo-o rir. – Eu queria colar o seu sorriso na minha cara. – Disse segurando o seu rosto com as minhas mãos, fazendo-o sorrir mais ainda.

— Não seria necessário, eu sempre vou estar assim quando estiver com você. – Deu de ombros e eu sorri mais ainda, aproximando meus lábios dos seus, tendo aquela sensação que preenchia meu corpo de felicidade. Me separei vagarosamente do Shawn ainda de olhos fechados, e quando os abri, ele ainda estava de olhos fechados, abrindo-os lentamente.

— Por que isso pareceu como se fosse o nosso primeiro beijo? – Perguntei confusa enquanto sentia o meu coração acelerado.

— Porque é, da nova fase da nossa vida. – Deu de ombros e eu franzi o cenho.

— Do que você tá falando? – Perguntei sorrindo enquanto sentia suas mãos nas minhas, entrelaçando nossos dedos por cima da minha perna.

— O que eu to falando é que... Sim, eu fiquei mal com a morte da minha tia que não era tia, mas eu vi que tinha que seguir em frente. Eu cheguei em casa ainda sem saber o que fazer, como agir, eu me sentia fraco e com vontade de chorar, foi quando eu vi uma carta da Annie em cima da mesa. – Ele respirou fundo e eu segurei com firmeza a sua mão, indicando pra ele continuar, eu estava ali com ele e não tinha o que temer, ele não ficaria sozinho. – Ela não fez aquelas coisas de maldade, Vic. – Ele disse olhando pra mim e eu arregalei os olhos. – Ela era tipo uma marionete do Charles, ela sofria nas mãos dele. E sabe o que ele era? Traficante de crianças, eu e a Aalyiah fomos uma falha pra ele, teve algum erro, sei lá, ele só não conseguiu prosseguir. – Eu estava de olhos arregalados e com o meu coração acelerado, era muito pra processar. – Acho que deu pra perceber que ele não é meu pai. – Shawn deu de ombros e eu sorri, sentindo sua mão fazer carinho na minha. – Eu tenho uma família, Vic. – Ele sorriu e foi aí que eu senti meu coração pular do peito, notei seus olhos marejados e pulei em cima dele, abraçando-o com força.

— Eu sabia, eu sabia, eu sabia. – Agarrei seu cabelo com força enquanto tentava não chorar. – Você é precioso demais pra não ter pessoas que te amam. – Disse me afastando e olhando em seus olhos, que sorriam junto com a sua boca.

— Eu tenho você, não é muita coisa, mas dá pro gasto. – Ele fez uma careta dando de ombros e eu ri, dando um soco leve em sem ombro.

— Continua. – Disse animada enquanto voltava a segurar suas mãos.

— Eu não sei como falar isso de uma forma que não te assuste, mas... – Ele ficou pensativo e eu arregalei os olhos com medo. – Eu passei essa semana acertando umas coisas do meu passaporte e do seu. – Ele disse assentindo com a cabeça e eu franzi o cenho, me perguntando com quem ele tinha feito aquilo. – Sim, seu pai é expert nisso. – Ele sorriu.

— Eu não o vejo há meses. – Disse pensativa enquanto eu sentia meu coração apertar. Senti sua mão acariciando a minha e assenti com a cabeça pra ele continuar.

— Ele me ajudou pra nossa viagem pro Canadá pra visitarmos... – Ele começou a falar e eu arregalei os olhos, mas algo fez com que ele parasse.

— Quem está deixando a porta aberta? Vou ter que colocar alarme nessa casa? – Escutei a voz do meu pai e arregalei os olhos ao vê-lo na porta tirando seu casaco de frio.

— PAI! – Gritei e corri em sua direção, pulando em seu colo e o abraçando com toda a saudade que sentia. – Você voltou, você voltou!! – Disse enquanto sentia as lágrimas correrem pelo meu rosto e suas mãos me abraçando com força. – Eu não acredito. – Me afastei um pouco e olhei em seu rosto, sorrindo ao ver que era ele mesmo.

— O que aconteceu com você? – Ele perguntou sorrindo enquanto me colocava no chão. – O que você fez com ela? – Ele perguntou sorrindo pro Shawn e eu ri da sua colocação.

— Fiz o que você pediu. – Ele disse sorrindo enquanto se levantava do sofá e se aproximava de mim, cumprimentando meu pai. – Cuidei bem dela. – Ele passou seu braço por cima do meu ombro e me abraçou de lado.

— Ok, o que está acontecendo? – Perguntei com um sorriso no rosto enquanto meu pai ria olhando pra mim.

— Continua lerda. – Meu pai disse olhando pro Shawn e ele assentiu com a cabeça.

— Gente!!! – Repreendi os dois, que começaram a rir.

— Eu pedi pro Shawn cuidar de você, filha, nós tivemos uns desentendimentos, mas eu descobri que não era culpa dele, e agora está tudo resolvido. – Ele disse com um sorriso enquanto passava por mim. – Vou tomar um banho e me vestir, encontro vocês em meia hora pra sairmos pra jantar.

Eu ainda estava boquiaberta e processando tudo.

— Então você tinha que cuidar de mim? – Perguntei ficando de frente pra ele enquanto um sorriso tomava conta do meu rosto. – E que jantar é esse? Ah, e vamos voltar no assunto do Canadá. – Disse pra ele enquanto olhava pro meu pai subindo as escadas.

— Sim, eu tinha que cuidar de você, e foi uma tarefa difícil. – Assentiu com a cabeça e eu sorri negando com a cabeça.

— Não é possível. — Ri enquanto sentia suas mãos segurando as minhas.

— E o jantar... É só um jantar. – Deu de ombros. – No A.R. Valentien. – Ele disse olhando pra mim e esperando a minha reação.

— Não vai me dizer que esse é o restaurante que...

— Que você quase caiu na piscina por minha causa, que você se estressou pela primeira vez por eu te chamar de loirinha, que eu te toquei pela primeira vez sem ser sentada no meu colo em um carro apertado, desconfortável. – Ele disse sorrindo e eu já estava sorrindo de orelha a orelha. – O restaurante que você estirou dedo pra mim e eu percebi que a minha vida seria uma bosta se não tivesse você nela.

Eu não sabia o que falar, o que fazer, eu olhava em seus olhos e via o mesmo brilho de sempre, só que mais forte. Eu sempre o achei demais pra mim, não por conta de beleza ou algo da parte física, e sim do interior, eu achava que ele era precioso demais pra qualquer um, mesmo quando eu estava com ele. E eu ainda acho, mas eu não consigo me imaginar num mundo sem Shawn Mendes, e se um dia eu conseguir, esse mundo seria uma bosta. Eu não tinha palavras pra ele, nunca teria, nunca conseguiria colocar em palavras o que eu sentia por aquele garoto, até "Eu amo você" parecia algo fraco em relação ao sentimento que eu guardava no meu peito.

A verdade era que o meu amor por Shawn Mendes era indescritível, só de sentir aquilo eu já me sentia completa. Por ele.

Hold on TightOnde histórias criam vida. Descubra agora