As estrelas de Mir

Capítulo 1

Aviso: A personagem a seguir tem transtorno de personalidade que será explicado ao longo do livro!
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Estava treinando arremessos com as finas e longas lâminas na sala de treinamento. O alvo estava a minha frente, pelo menos uns cinco metros de distância. Peguei três lâminas encima da mesa, rapidamente arremessei à primeira, acertei, a segunda foi com mais precisão ainda, a última lâmina escorregou da minha mão, errei. O tilintar da lâmina caindo ao chão me irritou, respirei fundo ainda olhando para a lâmina.

- Está indo bem. - disse Sr.Gard se aproximando de mim. - Srt.Catherina sua mãe pede para que vá ao palácio de Kaline.

Aproximei-me do alvo redondo e retirei as duas lâminas que havia acertado, tive que me afastar um pouco do alvo para pegar a últim. Coloquei as três lâminas encima de uma mesa próxima.

- Primeiro Gard, nos conhecemos há anos, então não precisa me chamar de srt. Catherina, e outra - me virei para ele - preciso mesmo ir?

- As deusas contam com a sua presença Catherina.

Sai da sala de treinamento e comecei a andar rápido. Parei no meio do corredor para me olhar em um espelho. Eu me parecia com minha mãe, minha pele era como porcelana, tinha longos cabelos negros e só meus olhos eram do meu pai.

-Você vai chegar atrasada. - Gard já estava no final do corredor.

- Tenho que estar apresentável. - zombei.

Ele começou a rir, um riso calmo e gentil, para despistar a risada, ele olhou para o chão fazendo com que seu cabelo escondesse parte de seu rosto. Subi rapidamente a escadaria até o quarto andar, só havia uma única porta no final do longo corredor, uma porta alta e de madeira bruta estava a minha frente, coloquei minha mão na maçaneta que brilhou em um tom de azul claro, o som da porta se destrancando ecoava pela ala vazia, a porta se abriu sozinha rangendo de leve. A sala era ampla e quase não era iluminada, tinha cinco aros de ferro um ao lado do outro. Teletransportadores. Todos tinham um formato de semicírculo, fui para o lado do segundo teletrasportador, coloquei as coordenadas do meu destino, o portal brilhou e em seguida a luz do sol inundou a sala onde estávamos, dava para ver parte de seu grande jardim, com altas árvores e o céu em um único tom de azul. Aproximei-me do portal sem me despedir do Gard, e com apenas um passo já estava longe do lugar onde chamo de casa. Passei pelo jardim, dois guardas protegiam a entrada principal do palácio, suas armaduras refletiam a luz do sol deixando-os brilhantes. Há quanto tempo não vinha a este palácio? Afastei todas as lembranças de minha infância ali, a tempo sequer lembrava-me de um dia passar minhas tardes aqui. Sorri com escárnio para ambos os guardas.

-Bom dia srta. Catherina. - os dois murmuraram e fecharam a porta atrás de mim. Pelo menos eles se lembram de mim. Brinquei.

O hall de entrada como sempre era impecável, o chão refletia as paredes de cor marfim com detalhes dourados, tinha uns poucos guardas com a mesma armadura dourada e azul, a porta para o salão da Deusa estava entreaberta, entrei mansamente passando pelas enormes portas que pareciam ser de feitas ouro. O salão era enorme, com pinturas antigas em molduras lindamente entalhadas, o trono, as únicas coisas que chamavam a atenção eram aqueles três tronos, o do meio era quase todo feito por cristal com pequenos detalhes no qual o deixava mais lindo, e sentado a ele a deusa Kaline, seus penetrantes olhos verdes olhavam para mim, seu cabelos como ouro estavam esparramados sobre os ombros e desciam até a cintura, ela se levantou e veio até mim, enquanto ela se aproximava notei uma figura alta abaixo do altar, minha mãe estava de costas, seus longos cabelos estavam presos em uma grossa trança, e um vestido justo desenhava curvas na medida perfeita.

-Catherina! Que bom revê-la! Você se tornou uma garota belíssima.

-Obrigada deusa. - foi a única coisa que consegui dizer.

-Tenho que terminar de discutir um assunto muito importante com sua mãe, poderia ir chamar o Nicolas?

-Como preferir. - minha voz saiu indiferente, mais que no fundo tinha certa emoção.

Sabia andar por todo aquele palácio, me virei e sai por uma porta à direita. Passei por outro conjunto de portas altas, subi um lance de escadas que quase pareciam ser de vidro e virei dois corredores, e ali estava a ultima porta do corredor, a porta estava aberta, entrei sem fazer barulho. E lá estava ele, na frente de um enorme espelho arrumando sua gravata borboleta branca, seus olhos verdes esmeralda encontraram os meus, seu rosto mudou repentinamente, de um olhar despreocupado ao susto, ele se virou para mim, as maçãs do rosto um pouco altas emolduravam seu rosto, os cabelos loiros estavam brilhando por causa da luz do sol que entravam de uma janela próxima, assim fazendo com que seu cabelo parecesse platinado, ele estava mais alto e forte, seus olhos se suavizaram e o que faltava voltou a se encaixar, um largo sorriso surgiu de seus lábios.

-Catherina! - sua voz aveludada carregava um grande peso, algo que não conseguia identificar.

Ele se aproximou e rapidamente me envolveu em seus braços, escutei seu coração aumentar de batimentos. O cheiro de flores dos campos e água doce eram uma combinação perfeita de um perfume único, só dele. Ele me soltou tão rápido quanto me abraçou.

- Achei que nunca mais iria vê-la. - suas palavras eram um pouco frias, mais havia muito tempo que não escutava sua voz, ainda assim senti que algo estava diferente.

-Também achei. - o encarei com seriedade - Vim chamá-lo para descer, sua presença foi requisitada. - ao falar a última palavra notei que minha voz tinha um tom de ironia. Sorri.

Virei-me e sai do quarto. Andei apressada passando pelo corredor rapidamente. Descia a escadaria lentamente. As escadas eram iluminadas pelas grandes janelas que iam do chão ao teto, não conseguia sentir o calor da luz que tocava em minha pele.

-Ei! - Nicolas gritou no topo das escadas - Achei que iria me esperar.

- E porque esperaria? - minha voz saiu fria e completamente sem emoção.

Ele ficou parado por alguns segundos e depois sorriu torto.

-Vamos. - sua voz não passou de um sussurro suave e triste.

Assim que entrei na sala do trono minha mãe foi a primeira a olhar para mim, seus olhos eram como fogo, que pareciam que nunca iriam parar de queimar, suas mãos estavam para trás do corpo lhe dando um ar de superioridade. Kaline ainda estava em pé, seu olhar por mais gentil que fosse ainda parecia ter algo por baixo na qual eu tenho medo. Ela se virou e sentou em seu trono.

-Crianças, - seu olhar passou de Nicolas para mim - nós debatíamos sobre a opção de colocarmos vocês em um colégio ou não, vocês até agora tem aprendido muito em livros e hologramas, mas está na hora de saírem dos seus palácios e verem com seus próprios olhos os mundos aos seus redores, então por isso a partir de amanhã vocês frequentarão um colégio em Adacse.

Olhei com indignação para minha mãe, que por sua vez me lançou um olhar gélido e afiado na qual eu sabia que era para me manter quieta. Tentei sorrir, mas não conseguia.

-Obrigada deusa Kaline.

Olhei para Nicolas, ele sorria para sua mãe, rapidamente seu rosto mudou para uma expressão de indiferença.

-Mãe, eu acabo de me lembrar que Hylaria não poderá comparecer hoje para o treinamento, se Catherina puder ela poderia treinar comigo essa manhã?

-Catherina é sempre bem vinda a nossa casa. - ela sorriu para mim, esse breve sorriso a deixou mais linda que nunca.

-Obrigada Deusa.

Sorri tentando com sucesso não parecer forçado. Meu olhar foi para Nicolas, suas sobrancelhas levemente erguidas mostravam que ele esperava a minha resposta.

-As adagas do sol são minhas. - anunciei.