Capítulo 9

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Catherina

Meu pai já tinha ido embora por um portal, ele apenas tinha falado que já estava na hora de ir é foi embora. Todos os "empregados" estavam comendo da grande refeição que tinha sido preparado para ele, sempre quando nos visitava era assim,comida com grande fartura e para não desperdiçar eu chamava todos para o salão de jantar. Alguns estavam de pé, outros sentados nas macias cadeiras de veludo. O salão poderia abrigar até quinhentos e cinqüenta e duas pessoas confortavelmente, mas agora era ocupada por uma mesa de vinte lugares e no máximo havia quinze pessoas.

Gard conversava comigo sobre... Sobre...

-Catherina, você está bem? - sentia meu corpo se desfazer em mil, eu parecia estar tão longe.

Gard aproximou se mais para me olhar nos olhos, seus olhos castanhos pouco brilhavam demostrando uma grande preocupação por mim. Me levantei da cadeira e sai do salão indo em direção as escadarias, notei um silencio repentino no salão e passos de alguém correndo atrás de mim, tropecei nos meus próprios pés, mais eu não sentia só a queda, eu senti tudo. Uma grande onda de poder foi liberada e eu pude sentir a emoção de todos ali, a preocupação, raiva, inveja, e tristeza eram os sentimentos mais comuns, eu sentia tudo de uma vez. Uma outra onda de poder foi liberada, mas dessa vez foi muito maior, senti frio, eu estava presa no mundo das almas e do mundo onde vivíamos, minha alma queria sair do meu corpo, não conseguia mais sentir minhas pernas ou braços, algo me  puxava para cima. Eu gritava mas Gard parecia não escutar, ele estava em cima de mim segurando meu corpo contra os vários esparmos que meu corpo sofria. Por apenas um segundo as únicas coisas que vi foram uma lua vermelha e uma mão, tão branca como porcelana recebendo em sua palma um corte profundo feita por uma faca prateada, sangue vermelho tão escuro que parecia negro, pingava caindo sobre um chão de terra úmida.

Respirei fundo e uma pequena crise de tosse veio em seguida. Estava me sentindo mais fraca que nunca mas, agora me encontrava normal. Gard ainda estava segurando meus ombros contra o chão. Seus olhos claros percorreram meu rosto a procura de uma resposta, talvez, não conseguia por meus pensamentos no lugar, ele me olhava confuso, se levantou rapidamente e segurou firme minha mão para me levantar. Uma tontura fez com que eu enxergasse tudo se movimentando rápido, antes que pudesse ir de encontro ao chão eu estava no colo de Gard, sentia sua respiração quente no meu rosto, sua alma estava invadida de preocupação e medo com o que pode ter acontecido comigo. Não sei como ainda conseguia acessar resquícios dos meus poderes.
Antes mesmo de falar qualquer coisa, ou de Gard me colocar na cama é beijar minha testa eu já estava dormindo em seus braços.

Acordei com uma forte dor de cabeça, estava na minha cama, me sentei afastando as cobertas para longe. Toquei na pedra oval no meu pulso.

-Gard?

Reparei que estava com as roupas da noite anterior, Gard abriu a porta devagar, mansamente ele se aproximou e sentou no chão a minha frente.

-Como se sente? Você está melhor?

Olhei sua alma, ele se sentia culpado, mas ao mesmo tempo aliviado.

-Eu estou bem, mas e você? Lembro me do seu olhar, parecia mais assutado que eu. - me mantida calma, mesmo querendo me levantar dali e sair a procura de respostas - Por quanto tempo dormi?

- Eu não sabia o que fazer, seu corpo estava tremendo tanto! Eu nunca tinha visto isso, além de que eu não sei nada sobre medicina ou cura.

- É nem precisa, você cuida de uma semideusa, não fico doente.

Um sorriso surgiu de seus lábios.

- Antes que eu me esqueça você dormiu por... - ele olhou no pulso, um bracelete não só magico como moderno, em um pequeno painel mostrava a hora, dia e temperatura do ambiente - dezoito horas. Mais não se preocupe, ainda faltam três horas para as aulas começarem.

-Ótimo! Não vou perder meu segundo dia de aula.

Gard riu do meu sarcasmo. Ele se levantou pegando com força nas minhas mãos.

-Agora levante! - ele puxou minhas mãos fazendo-me  levantar - Agora tome um banho, pegue suas coisas e estarei te esperando na cozinha. Há, não terminamos essa conversa sobre o ocorrido ontem.

A porta se fechou e fiquei sozinha novamente. Tomei banho, me vesti  e desci para cozinha, não estava com fome, mas Gard me fez comer algumas frutas. Fomos para o carro, Gard abriu a porta para mim.

-Minha mochila! - tinha esquecido de pega-lá.

-Eu pego.

Entrei no carro deixando a porta aberta. Gard voltou rápido, no caminhos conversamos sobre as paisagens de Adacse e velhos costumes. Respirei fundo, sempre quis viver assim, ir em festas tradicionais e de amigos, poder viajar para outros planetas, conhecer novas culturas... Sorri para Gard que ainda falava sobre as danças dos feiticeiros. Não demorou muito para chegarmos na escola, não estava preparada para mais um dia de aula, mais sai do carro decidida a descobrir o que estava acontecendo.

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