Capítulo 8

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Drielly

-Argh! Porque essa poção não esta dando certo? - estava frustrada ou talvez um pouco decepcionada comigo mesma.

Por mas que eu fosse muito boa em magia, poções sempre me tiravam do sério. Já estava naquela sala a duas horas depois do horário das aulas. Meu estômago se contorcia de fome já que não comia a alguns dias. Olhei para mesa com os ingredientes, faltava galhos da laranjeira do deserto. Não gostava de ir na estufa da escola, tinha me perdido lá dentro três vezes, supirei, sai da sala e fui em direção a área leste onde dava para os fundos do colégio, os corredores estavam vazios, os alunos que costumam ficar depois da aula geralmente ficam na biblioteca ou sala, mas mesmo assim eu esperava encontrar alguém, sempre encontrava com Bernad depois das aulas, só que ele se formou na escola e acabou indo para uma academia das fadas em seu planeta natal, ainda sentia saudades da sua doce risada que as vezes ecoavam pelos vastos corredores da escola. Sai pela última porta do prédio, a escola em si já era enorme, mas a área de grama verde e alaranjada era quase impossível de se encontrar um fim. A estufa era grande por fora e maior ainda por dentro, era essa poção que eu gostaria de fazer! Queria aumentar o meu quarto, mas para isso eu precisava de apenas um ingrediente, ou mais já que tinha tentado fazer essa poção três vezes hoje. Eram tantas árvores e plantas de tantos lugares diferentes! Plantas altas encobriam a maior parte do teto, alguns postes de iluminação estavam acessos, andava devagar pelo pequeno corredor quando vi uma placa de madeira, ao que parecia plantas desérticas ficava bem mais ao fundo, eu sabia que as plantas tropicais ficavam ao sul não muito longe de onde eu precisava ir. Andava devagar tentando observar o caminho para quando voltar. Quando finalmente cheguei as plantas tropicais já estava faminta, olhava por todas as árvores e plantas a procura de algum fruto. Um barulho entre as árvores me assustou.

-Tem alguém aqui? - tentava olhar para dentro dos corredores escuros. Como pode ser tão escuro aqui? Me perguntei a mim mesma indignada.

Uma figura estranha estava no meio das plantas, dava para ver a sombra de alguém alto me observando, não estava tão assustada, eu poderia me defender ou usar magia para imobiliza-lo.
-Olha quem está aqui! - uma pequena raiva começou a tomar conta de mim. Erick Aged, um feiticeiro metido e arrogante, que se acha o melhor feiticeiro da escola, desde quando cheguei a escola nunca nos demos bem.

-O que você quer aqui? - perguntei mal humorada.

-Eu?- ele saiu das sombras revelando a pele morena e cabelos um pouco claros caindo sobre os olhos verdes. - Eu não quero nada aqui diferente de você.

Seu rosto estava sério, o que me deixou com mais raiva ainda.

-Estou com fome, esperava encontrar alguma fruta aqui.

Ele me olhou de cima a baixo erguendo uma de suas sobrancelhas.

-Para seu azar não esta na época de frutas, mas para sua sorte e que se vier comigo te ajudar.

Ele não esperou uma resposta, se virou e segui um caminho que eu não conhecia. Estava em dúvida se seguia ele, eu ia almoçar na escola mas minha magia por algum motivo estava fora de controle. Erick virou a esquerda e fui atrás dele, não fomos muito longe, paramos na frente de uma árvore não muito grande.

-Essa árvore não tem fruto. - estava frustrada, ele tinha me enganado. - Obrigada por me fazer perder meu tempo.

-Calma, relaxa.

Ele falou tranquilamente, Erick colou a mão sobre o tronco da árvore que começou a florescer e dar frutos, que pareciam laranjas vermelhas.

-Não sabia que você e um elemental. - nós brigamos tanto para saber quem era o melhor feiticeiro que nunca passou pela minha cabeça que ele poderia ter outros tipos de poderes.

-Na verdade...Não. - ele pegou uma fruta e jogou para mim. Nunca tinha comida essa fruta, nossos olhares se encontraram e eu sorri sem graça - Isso e uma maçã, sei que vocês não comem isso por aqui, mais e bom.

Mordi a fruta assim como ele, um liquido escorreu pelo canto dos meus lábios e o gosto doce da fruta invadiu meu paladar.

-Obrigada.- realmente nunca tinha comido essa fruta antes, mordi novamente saboreando a fruta - Você parece passar muito tempo aqui.

-Sim... - ele parecia perdidos em pensamentos, terminamos de comer a fruta em silêncio - vem aqui. - me aproximei devagar, ele abriu um buraco perto da árvore e jogou o resto de sua maçã, fiz a mesma coisa, ele cobriu com terra novamente - as plantas adoram.

Ele sorriu da maneira mais falso possível.

- Não sabia que você entendia de jardinagem. - ironizei, ele parecia pensar, seu olhar ia de árvore em árvore até que parou sobre mim.

-Então me diz, o que você sabe sobre mim?

Me aproximei, mantendo um espaço de pelo menos quatro passos. Respirei fundo, sempre quis falar para o Erick tudo o que eu achava dele, desde quando brigamos pela primeira vez quando tínhamos dez anos.

- O que eu sei e que você não passa de um garoto mimado, que se acha o melhor, beija mais meninas do que troca de roupa, só pensa em você mesmo e não consegue admitir quando está errado e, que eu sou a melhor feiticeira desse colégio.

Buffei, não de raiva mas de alívio, me sentia mais leve, sentia alguma coisa estranha dentro de mim, será que era a maçã?

-Você pensa muitas coisas ao meu respeito e devo admitir, - ele se aproximou de mim sussurrando no meu ouvido - que a maioria delas está errada. - ele se afastou e seus lábios se abriram para um sorriso simples - Agora que você já comeu, quer que eu te leve até a saída?

Eu queria quebrar o pescoço dele! Matar ele de todas as maneiras possíveis! Senti meu corpo começar a formigar e eu sabia o que iria acontecer, fechei minha mão em um punho com força para me manter calma, para tudo continuar sob meu controle, sentia as palmas da minha mão ficarem úmidas e minha boca ficar seca.

-Não se preocupe. - cuspi as palavras e corri de volta a escola.

Dei graças as Deusas por eu ser rápida, minha respiração estava falhando e o meu corpo suava frio, entrei no primeiro banheiro das garotas que eu vi. Meu corpo começou a tremer, tranquei a porta do banheiro e fui cambaleando até a pia. Estava pior do que eu pensei, a magia saia do meu corpo como areia flutuante, um dos meus olhos ainda estavam em um azul cinzento, o outro, vermelho sangue, a iris brilhava de uma forma fora do normal. Peguei minha varinha de dentro da bota direita e a queimada encostei no meio da minha testa.

-Turnmutalos - minha voz saiu entrecortada, minha pele parecia estar sendo queimada é minhas mãos tremiam muito, lágrimas quente saiam dos meus olhos descendo pelo meu rosto -Delvicafih, turnmutalos.

A areia flutuante voltou para minha pele, um circulo azul se formou arredor da íris, a cor dos meus olhos voltou ao normal, minha pele estava novamente pouco bronzeada e intacta. Não estava nada bem, era a segunda vez que isso tinha acontecido no mesmo dia. Bocejei, um cansaço repetindo invadido o meu corpo. Acho que vou para casa.

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