Capítulo 18

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O pó cinza me deixou tonto por alguns segundos. Tentei abrir os olhos, mas um clarão tão forte quanto o sol me obrigou a fecha-los novamente, assustei me afastando do professor. Abri os meus olhos de vagar, ainda enxergava tudo claro, como se estivéssemos sob o sol em um jardim. O professor, que agora mais parecia parente da Catherina de tão branco por causa de minha visão se aproximou, ele esticou a mão para me ajudar a levantar, aceitei a ajuda, o professor tinha um braço forte e uma tatuagem peculiar no braço. O sinal bateu e os alunos continuaram nos seus lugares, não consegui ver o que tinha acontecido, mas sabia que todos estavam a espera de algo, um silêncio perturbador e pesado estava sobre a sala.

- Alunos dispensados, e Nicolas, conversarmos depois. - a voz grossa foi dura e fria, mais fez com que todos os alunos começasse a sair da sala.

Fui o primeiro a sair, mas infelizmente tive que esperar Mika do lado de fora, não seria educado sair sem ela, já que viemos juntos. Ela foi a última a sair da sala, seu olha sobre mim foi um pouco preocupante.

- O que foi? - perguntei sorrindo.

- Bom... Ao que parece você é uma fada importante. Mais queria saber o porquê separar as raças de fadas agora, eles não separam cada um por sua espécie! Acho injusto.

Mika dava passos pesados, pensando em cada detalhe,seu corpo vibrava com a raiva que emana de seu corpo.

- Existe raças de feiticeiros? - perguntei curioso, nunca havia passado pela minha cabeça que poderiam existir outros tipos de feiticeiros, apesar de conhecer Valentim e saber que ele era especial.

- Acho que não. - ela rapidamente virou os calcanhares e virou-se para mim. - Quero dizer, Mir era considerado um feiticeiro diferente dos outros, e tem a sua amiga, Catherina. -  o final da frase carregava uma alta dose de amargura.

- Como assim? - perguntei voltando a caminhar devagar.

- Ouvi dizer que um professor dela acha que, talvez, ela seja diferente.

Mika sabia de quase tudo que acontecia na escola, ela tinha olhos e ouvidos por todas as partes. Deixei Mika em frente a sua aula de natação,  e tive que correr para não chegar atrasado para aula de geografia estelar. Minha mente se manteve ocupada, pensava em mim e Catherina, e em tudo o que havia acontecido. O resto da tarde mal queria passar, tudo que eu gostaria era de vê-la e saber o que estava acontecendo. O sinal do último horário bateu, fazendo com que muitos alunos, inclusive eu, nos apertassemos no corredor para podermos sair, me despedi de vários alunos que vinham ao meu encontro, não tinha muito tempo, mas o tempo que eu tinha seria bem gasto. Mesmo sabendo que ela não estava ali, olhava para os lados a procura dela, Catherina se tornou muito especial para mim no momento em que a conheci, e alguns anos separados não vão me fazer diminuir o que sinto por ela, se nem mesmo meu sangue, de pura luz consegui me impedir.

Olhei para o outro lado da rua, sentada em uma banco na frente de um simples restaurante, lá estava ela, vestida de negro da cabeça aos pés, ela parecia não se incomodar  com o fato parecer uma sombra naquele local. Atravessei a rua é me sentei ao seu lado. A árvore ao meu lado projetava uma sombra fresca ao meu lado, mesmo assim podia sentir o calor da tarde no ar.

- Como você consegue usar roupas de frio nesse calor? - com a Catherina do meu lado, eu nao precisava mais colocar um sorriso em meu rosto, eu não precisavar se um semi-deus, eu não precisa ser o que esperavam que eu fosse, eu simplismente era eu. Senti um frio repentino em minha mão, quando olhei para ela sobre o banco, a mão da Catherine esta gentilmente encima da minha. - Como pode sentir tanto frio?                                                                                   

Ela retirou sua mão da minha, seu olhar ainda estava para o negro asfalto como se fosse um espelho, uma brisa quente nos rodiou, fazendo os cabelos de Cath se bagunçarem, passei a mão sobre seus fios tentando ajeita-los. Seu olhar lentamente repousou sobre mim, um olhar tão frio como gelo, mas ao fundo, sei que lindas chamas ardem como nunca se viu em nenhum lugar. Conhecia todas as versões da Catherina, demorou um tempo até que consegui esse feitio, ela tinha uma alma diferente, um dia ela sorri como criança, outro dia acha que não pertence a esse lugar, as vezes ela treina, luta, não poque quer, mais porque tem, ela me diz que tem continuar lutando, mesmo machucada ela se levantava sozinha e continuava. A Catherina sempre foi confusa, mais confesso que desde que nós nos encontramos novamente percebi que havia piorado, ela estava perdida, e agora com seus olhos sob os meus, eu podia ver com facilidade o turbilhão de coisas que se passava dentro dela.            

- Eu não sei.

As palavras foram jogas ao ar, como pequenos grãos de areia ao vento. Eu queria poder conforta-lá, dizer que tudo não passava de um dos seus pesadelos, e... Uma lembrança surgiu do fundo de minha mente, isso já havia acontecido antes. Lembro-me perfeitamente agora, foi o primeiro pesadelo de Catherina, ela tinha criado um portal no teletransportador sem permissão e ido até em minha casa, o portal se abriu em meu quarto, ela atravessou o portal já em prantos, eu tinha acordado assustado, mais quando a vi, eu abracei até que suas lágrimas pararam de descer pelo seu rosto, lembro-me de seu olhar assustado e confuso. E foi naquela noite de verão que eu percebi, algo dentro dela havia mudado.

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