Capítulo 28

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Catherina ( alguns momentos depois de Drielly chegar na casa).

Bocejei de cansaço, meu corpo pedia para dormir, porém tinha que terminar de estudar feitiços.

- Catherina, não é melhor você ir dormir? Seu pai só irá vir daqui a três dias, tem tempo para estudar.

Gard estava sentado a minha frente. Olhei para o livro aberto a minha frente.

- Gard você não entende. Meu pai se orgulha de ser um feiticeiro e de ter todo esse poder, eu tenho que mostrar que sou tão poderosa quanto ele.

Afundei-me na confortável cadeira verde, isso é difícil. Nunca tinha me saído bem com magia. Apoiei meu cotovelo na mesa.

- Los. - observei minha mão, meus dedos tinham um brilho fraco, fechei minha mão em um punho. - Nac't lum.

Abrindo minha mão uma luz forte iluminou uma grande parte do recinto. A luz foi se transformando ao poucos em uma bola de energia luminosa que se desprendeu da minha mão e agora flutuava sobre a mesa.

- Está melhorando, se continuar assim será uma feiticeira completa rapidinho.

- Gard. - falei suspirando tristemente.- Para de mentir, esse feitiço são o que crianças de oito anos aprende. Não consigo compreender!

Levantei-me com a raiva e frustração tomando conta de mim.

- Catherina! Do que está falando?

Gard se levantou, ele tentou se aproximar de mim, mas dei alguns passos para trás.

- Não sou uma feiticeira como meu pai, assim como não sou uma deusa com poderes da morte! Poucos são os meus poderes que nem podem ser comparados aos do meu pai.

- Catherina, como semideusa ainda vai viver por milênios, comparado a deuses você ainda é uma criança! É compreensível que não tenha desenvolvido seus poderes.

- Não Gard, não é compreensível.

Gard tentou se aproximar, dessa vez permaneci parada olhando em seus olhos castanhos, ele tomou minhas mãos com as suas.

- Catherina... - ele se aproximou mais preocupado com algo, suas mãos fecharam as minhas e foram para o meu pescoço. - Você está ardendo em febre!

- Febre? Como? Esta frio aqui, na verdade esta gelado.

- É melhor você ir tomar um banho frio, você está com febre.

- Eu não quero nada além de que você saia. - Gard ainda estava parado em minha frente, ele parecia não entender nada. - Saia do meu quarto, agora!

- Sim senhorita, quero dizer semideusa Catherina.

Assim que ele saiu gritei de dor e agonia. Não queria que Gard me visse assim.

- Essa dor, tão fácil de parar.

Aquela voz doce e maliciosa ecoava em meu quarto.

- Quem é você? Sempre senti sua presença comigo, então o que você quer?

- Só quero te ajudar Catherina.

- Nunca pedi sua ajuda.

Tentei me levantar, porém algo não deixava e me prendia ao chão. Novamente meu corpo começou a ter leves convulsões.

- Realmente não pediu, mas eu também não ofereci. Mas se quer saber, você precisa juntar todos os fragmentos de sua alma ao seu corpo.

- Como? O que você está dizendo? Isso não faz sentido!

- Adoro suas mudanças de personalidade, mas quando sua alma sai em busca da sua outra parte penso que você vai morrer, afinal sem sua alma completa você não tem todos os seus poderes.

Minhas mudanças de personalidade, Gard já havia me falado isso uma vez, ele nunca achou isso normal.

- Sou bipolar.

- Pare de mentir para mim, pare de mentir para si mesma! Seu pai não vai lhe dar as respostas e se continuar assim você vai acabar morrendo. Quer uma dica? Vá para o Reino das Almas.

- Catherina!

A voz rouca e gélida do meu pai sobrepôs a voz doce que conversava comigo. Meu pai me segurou pelos ombros tentando controlar minhas convulsões.

- Não, não, não! - meu pai prensou meu peito sussurrado palavras até então desconhecidas para mim. - Você vai ficar bem, vai ficar.

Os tremores for diminuindo até meu corpo ficar imóvel no chão. Olhei para a porta da biblioteca, mesmo longe conseguia ver o olhar triste de Gard, seus olhos estavam com lágrimas?

- Catherina! - meu pai afogou o rosto em meus cabelos. - Você está se tornando uma semideusa muito poderosa, temos que tomar algumas previsões. Eu tenho. - meu pai se levantou abruptamente se tornando um adcsiano com os pensamentos distantes. - Eu preciso ir.

Ele se afastou pouco de mim fazendo breves movimentos com as mãos. Um portal se abriu mostrando uma imensidão de areia negra na noite clara.

- Espere! - consegui me sentar ainda fraca. - O que está acontecendo comigo, porque tenho essas convulsões? Bruscas mudanças de personalidade e acima de tudo, o que minhas visões significam?

Meu pai estava parado em frente ao portal, seu olhar de dúvida pairava sobre mim.

- Gard, cuide dela.

Assim ele entrou pelo portal me deixando ali, machucada espiritualmente e cansada fisicamente. Sem minha mãe e meu pai eu estava "sozinha", o único que poderia contar andava com cautela até mim.

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