Será que isso a assustou aquela noite? O fato de sermos parecidas era estranho, com certeza ela tinha um pai, mas eu tive um outro pai e mãe certo? Estava tão confusa! Não acredito que estou cogitando a possibilidade de sermos irmãs, ter um outro pai não me parecia ser tão ruim, porém tenho que investigar e eu sei muito bem por onde começar. A aula! Tenho que voltar. Peguei a varinha e refiz a magia sobre mim, aproveitei para prender meu cabelo com um elástico que encontrei no bolso de trás da minha calça.
Sai do banheiro as pressas e corri em direção a sala, antes de abrir a porta respirei fundo e entrei. Assim que passei pelas portas duplas fui recepcionada por um par de íris roxos. Catherina tinha um jeito único, alta e esbelta ela não parecia se encaixar ali.
Estava hipnotizada pelo seu olhar, mas uma lâmina que seguia em sua direção me chamou a atenção.
- Ekis frac!
Estiquei minha mão e a lâmina que iria lhe atingir na barriga parou no ar a uma distância razoável, soltei a magia que envolvia a lâmina que caiu no chão no mesmo instante. Ela olhou devagar para o robô de treinamento que estava parado a uma grande distância, sua mão deslizou até o cinto com meia dúzias de lâminas, ela pulou em um robô mais próximo e os dois começaram a lutar.
Todos na sala lutavam com robôs, alguns deles atiravam de longe, mas ao invés dos alunos acabarem com eles primeiro, todos apenas desviavam das lâminas. A maioria dos alunos estavam lutando com os robôs mais próximos. Procurei a Braxie, ela lutava com uma espada longa e provavelmente pesada, seus movimentos eram lentos, porém fortes. Estava longe da mesa com os armamentos, respirando fundo fechei os olhos me concentrando minha magia. Movimentava minhas mãos como o professor havia ensinado nas suas aulas anteriormente ao mesmo tempo que sussurrava palavras mágicas memorizadas a tempo. Concentrei-me no meu objetivo, conseguia sentir o peso do arco em minha mão esquerda e o aperto da aljava em meu peito.
Sorri ao senti que o feitiço tinha funcionado. Peguei uma flecha da aljava e a posicionei no arco, atirei uma, duas, três vezes seguidas acertando três robôs que caíram na hora.
- Dificuldade aumentada. Dificuldade nível seis ativada.
Uma voz robótica anunciou. Meus olhos foram para o professor que sorria com o desafio lançado. Alguns robôs avançaram em minha direção, joguei o arco para o lado e peguei duas flechas da aljava, conseguia desviar dos ataques o mais rápido que podia, pulei enquanto o robô tentava atacar minhas pernas, enfiei uma das flechas no sistema central que ficava no meio da cabeça de metal. Um robô me segurou por trás, não consegui mexer meus braços, ficava tentando pular para desequilibrar o robô, mas a máquina era muito pesada.
- Drielly abaixa a cabeça!
Inclinei meu corpo para frente, os braços do robô deixaram de funcionar, empurrei o robô para trás me posicionando na defensiva.
- Você está bem?
Xori me perguntou se aproximando de mim.
- Obrigada por não decapitar minha cabeça. - sorri.
Olhei para os lados, nenhum dos robôs nos cercavam, meus olhos passaram pela sala até encontrar ela lutando com todos os robôs. Catherina tinha reflexos incríveis e utilizava eles para se defender e atacar, eram cinco robôs em volta dela, mas pareciam que não eram nada. Catherina chutou a cabeça de um dos robôs que caiu no chão no mesmo instante, ela fincou uma de suas lâminas na cabeça do robô que parou de se mexer na hora.
- Dificuldade aumentada. Nível de dificuldade oito ativada.
Novamente a voz robótica anunciou. Cinco novos robôs acenderam seus olhos laranjas e foram em direção a Catherina que parecia está ficando cansada. Todos da sala olhavam admirados para a luta e as habilidades mostrada por ela, o professor fazia várias anotações no tablet, ele olhava para ela com um brilho radiante nos olhos. Quando voltei meus olhos para Catherina ela já havia destruído mais dois robôs, dei alguns passos a frente para observar melhor, nunca tinha visto tanta habilidade sendo demostrada assim, uma pequena inveja crescia sobre mim. Catherina possuía um vigor e destreza que concerteza faria ciúme em qualquer um, parecia um talento natural, pois mesmo lidando com tantos robôs ela ainda mantinha uma certa graça em seus movimentos.
Todos se mantinham atentos a todos o movimentos que ela fazia. Ela lutava com dois robôs a sua frente enquanto um robô vinha por suas costas.
- Catherina atrás de você! - gritei sem perceber.
Catherina virou-se para trás e deu um chute no robô que voou para longe. Ela se voltou para lutar com o outro robô, mas infelizmente ela foi surpreendida com soco no meio do rosto que a fez ir longe. Fui a primeira a correr em direção a ela, agachei-me ao seu lado olhando seu rosto já avermelhado, nos lábios saiam um pouco de sangue. Catherina gemeu de dor enquanto elevava a mão ao nariz. O professor se agachou a analisando.
Pisquei novamente assustado-me. O nariz dela está quebrado. Não, não tem como eu saber disso, mesmo que isso não pareça tão impossível.
- Catherina eu te ajudo a levantar. - a puxei pelos cotovelos, logo nos duas estávamos paradas uma a frente da outra, sentia uma ardência em meu nariz, a vermelhidão em seu rosto já estava desaparecendo. - Você está bem?
Catherina fechou seus olhos, algo parecia acontecer internamente. Um olhar de fúria tomou seu rosto, ela puxou seus braços das minhas mãos.
- Estou ótima.
Ela saiu da sala a passos largos fazendo questão de bater as portas.
- Muito bem alunos, acho que por hoje foi tudo. Se quiserem podem ficar para continuarem a treinar. Drielly ainda preciso conversar com você.
Muitos dos alunos saíram, apenas dois ficaram para continuar. Bruno, o garoto de pele um pouco escura sorriu para mim, retribui o sorriso com o máximo de desprezo que podia. Bruno era melhor amigo de Erick, considerava os dois como os maiores babacas da galáxia, mas diferente do ridículo do Aged, Bruno ainda era "conversável".
Segui o professor para o outro lado dos equipamentos, assim os dois alunos não conseguiram nos ver ou ouvir.
- Assim é melhor!
Slar sorriu me fazendo entender o que muitas meninas diziam ao seu respeito.
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As estrelas de Mir
FantasyCatherina uma semideusa da morte sempre teve os mesmos sonhos, ou pesadelos? Depois de anos isolada em sua casa, Catherina se vê finalmente conhendo seu planeta, algo que sempre quis, no entanto, logo no primeiro dia de aula ela sente uma inesplicav...