XXVI

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Moça, você poderia abrir o portão antes que o avião decole, por gentileza? - peço à atendente, tentando não mostrar meu desespero.
Olá, infelizmente não podemos reabrir o portão de embarque, pois caso o avião esteja decolando, o que é bem provável, e alguém esteja por perto, pode acontecer uma tragédia. - ela explica.
Mas é urgente. - insisto.
Eu entendo, mas não há essa possibilidade. - diz ela com firmeza.
Moça, sabe o que acontece? - digo gesticulando. - O amor da minha vida está dentro daquele avião, aquele mesmo que você disse que está decolando... - aponto o portão de embarque. - Eu nunca mais vou ter a chance de dizer pra ele tudo o que preciso dizer agora e caso eu entre lá e esse avião me mate, o resultado não vai mudar. Vai ser a mesma coisa do que ficar aqui enquanto ele vai embora... - não consigo controlar o choro.
Infelizmente, senhorita, não temos o que fazer, sinto muito. Mas é pela sua segurança e de todos que estão no avião, inclusive do seu namorado. - ela sorri levemente.
Ele não é mais meu namorado, e pelo jeito nunca mais vai ser. - Viro de costas para o balcão, de cabeça baixa, não consegui, perdi ele, ele acha que eu o odeio. Fico parada ali pensando e decido que vou voltar pra casa e tentar ligar pra ele, vou pensar em como falar com ele antes que desista de Harvard, preciso dizer que acredito nele e me desculpar.
Vou ligar pra ele, pro Lee, pros pais dele, ligo até pro reitor da universidade se precisar, pro papa, pro comandante do avião...
Eu preciso falar com ele...

Barraca do Beijo 2Onde histórias criam vida. Descubra agora