IV

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"Shelly, cheguei. Estou indo pra casa." - Mensagem de Noah, algumas horas depois, eu já estava com Lee e Rachel na praia.
"Fica com Deus, bom descanso." - Respondo.

Noah já chegou, está indo pra casa. - Digo a meus amigos.
Você acha que vai dar certo esta história de não namorarem mais? - pergunta Lee.
Geralmente o que não dá certo são os namoros, Lee. Os términos tendem a ter mais "sucesso". - falo.
Exceto quando tá na cara que as pessoas se amam... - retruca ele, batendo de brincadeira em minha bochecha. - Vocês são o ex casal de namorados mais malucos que já vi...
E mais apaixonados. - completa Rachel rindo.
Mudo de assunto e nos divertimos durante o dia. Tomamos sorvete, dançamos, por alguns momentos esqueci a dor de me despedir de Noah, agora não mais meu.

Os dias passaram, continuamos nossa rotina de conversas por mensagens e tentando não tocar no assunto, parece que nossa relação estava até mais sincera, ele havia ficado com algumas meninas, eu conheci alguns garotos nas últimas semanas, fiquei com Tuppen (o que deixou Noah louco, apesar de negar) mas nada que teve sequência. Contamos tudo um ao outro.
Meu aniversário e de Lee passou, mesmo com a distância Noah se fez presente, mandou um presente para o irmão e um pra mim. Algo muito significativo, um segredo nosso: uma almofada do Batman. Eu ri, ao abrir o pacote. Havia um cartão: "que ele possa te proteger do que eu não posso enquanto não estou aí, te amo, Shelly." - Meu coração doeu de saudades.

*Flashback on.*
Porque você gosta tanto do Batman? - falo abraçada ao ver que Noah tem varios itens do super-herói no quarto, e veste uma cueca do mesmo.
Promete que vai ser nosso segredo? - me olha com cara de menino.
Prometo. - digo rindo.
Quando eu era pequeno, houve um período de chuvas fortes, meu pai trabalhava à noite e minha mãe ficava sozinha comigo e com Lee, que era bebê. Eu tinha muito medo das tempestades.
Sigo olhando meu menino gigante contar, com emoção.
Então, antes de sair, meu pai dizia para que eu fosse corajoso como o Batman, não tivesse medo dos trovões para poder proteger minha mãe e meu irmão enquanto ele não estava. - fala sorrindo.
*Flashback off.*

Me pego rindo pro nada, lembrando desse dia, do seu cheiro... cheiro que estava na almofada. Ainda abraçada na almofada, bati uma selfie com ela e mandei para ele:
"Você não existe, Flynn! Ficou abraçado no meu presente por quanto tempo?" - logo ele responde.
"Meu cheiro é inconfundível, não é, Shelly?"
"Obrigada por lembrar do meu aniversário." - envio de volta.
"Eu não esqueço de você em nenhum dia, pequena. Aproveita seu dia."

Me diverti com Lee, Rachel, nossos amigos e nossas famílias, me sentia aliviada por não ter perdido de vez meu Noah. E apesar de saber que teríamos longos meses pela frente, saber de seus sentimentos me dava forças para continuar.
...
Alô. - Atendo ao chegar em casa após a escola.
Elle, querida. - fala Sra Flynn, minha segunda mãe e ex sogra.
Oi! - respondo.
Como você sabe, na próxima semana é o aniversário do Noah, e como ele está em temporada de jogos, não poderá vir para uma festa, pensei em levarmos a festa até ele. O que acha?
Hmm. Acho ótima ideia! - Sorrio, meu coração dispara. Vou ver Noah. Vou ver ele. Como será que devo me vestir? Será que ele vai ficar feliz em me ver? Calma Elle, vocês não tem mais nada.
Era inevitável não pensar mil coisas, vou ver Noah no seu aniversário. Depois de uma despedida dolorosa, vou poder sentir seu cheiro, mesmo que como amigo.

Os dias passaram, chegou o dia da viagem, vamos todos até Boston: Lee, eu, Rachel, meu pai, meu irmão e os pais de Noah. Pela manhã fiquei sabendo que a reserva para a pequena festa era para 9 pessoas, e não 8 como havia calculado. Noah levaria uma amiga, Lee me contou. Era alguém que ele tinha me dito que conheceu, Lara.
Meu coração acelerou.
Ele perguntou mil vezes se eu achava que você ficaria triste, se você sofreria, que ele não levaria a menina. - Disse Lee nervoso.
Claro que não vou ficar triste, Lee, tudo o que deixa ele feliz, me deixa automaticamente feliz. - Falei sinceramente. Ver Noah com outra não seria fácil, mas o ver feliz era o que mais importava. E se essa pessoa estava ao seu lado sempre, já fazia muito mais do que eu fiz por nós.

Peguei minha mochila, o presente que havia comprado para Noah e entrei no carro. Mesmo que como amigo, iria abraçar Noah Flynn em poucas horas e isto já bastava.

Barraca do Beijo 2Onde histórias criam vida. Descubra agora