I - Identificação

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Cody estava na loja de conveniências esperando que os outros clientes saíssem para poder comprar um maço de cigarros quando o novato surgiu.

Warren era um lugarejo muito pequeno onde todo mundo se conhecia. Esse garoto claramente não era dali e Cody ergueu os olhos da revista Rolling Stones que estava segurando para poder estudá-lo.

Ele devia estar entre os quinze ou dezessete anos, mas se vestia como um daqueles caras tirados diretamente dos filmes de John Hughes, com seus sapatos sociais, sinto na calça, a camisa de golfe com o colarinho para cima e gel no cabelo.

Havia duas possibilidades: ou ele era filho daqueles turistas que se aventuravam em longas viagens de carro em família e tentaram pegar um atalho pelo campo da Yellowtone rumo ao Canadá e tinham parado para pedir informações, ou ele acabara de se mudar para a cidadezinha.

Intrigado, Cody observou-o ir direto ao balcão, o mais arrogante possível, e pedir um pacote de Marlboro para Vera. Como Cody esperava, ela olhou ao redor para fazer um inventário de seus clientes: a senhora Taminsk e seu irritante garotinho, o velho Jerry e a senhora Lucy de camisola.

Quando Vera terminou sua análise, ela voltou sua atenção para o novato e estourou uma bola de chiclete antes de falar.

- Você tem um documento de identificação, garoto?

- É claro.

Mas ele não começou a procurá-lo em sua carteira.

- Você vai me mostrar algum dia? Nenhum cigarro se você não tiver dezoito anos.

Cody não podia ver a expressão do outro adolescente, mas não era necessário.

- Oh. - ele disse, como se ela tivesse acabado de lhe dar uma revelação crucial. - Ok, obrigado.

O novato começou a estudar os potes de doces no balcão. A sra. Thomas, professora de música da escola, entrou naquele momento. Cody desistiu de vez e saiu da loja. A professora e Vera não gostavam muito uma da outra e faziam provocações mútuas em todas as oportunidades possíveis. Isso levaria horas.

Uma vez fora, Cody se encostou na parede e tirou um cigarro. O vento soprava como de costume, então ele teve que se esconder atrás da máquina de sorvete para acendê-lo. Quando levantou o rosto, o novato estava parado lhe observando, o vento jogando seus cabelos loiros em seus olhos. Ele os afastou com um gesto.

- Ei cara, você não teria um cigarro pra mim?

Cody só tinha dois sobrando, mas não queria ser mesquinho.

- É claro.

Ele tirou um da mochila e entregou-lhe com o isqueiro. Quando aceso, o recém-chegado encostou-se à máquina de sorvete. Ele era um pouco mais alto que Cody, mas de qualquer forma, todo mundo era.

- Qual é o seu nome?

- Cody.

- Cody... - ele repetiu como se estivesse provando isto. Ele deve ter gostado do gosto porque sorriu. - Meus amigos me chamam de Nathan.

Isso significava que ele já o considerava seu amigo? Essa eventualidade surpreendeu a Cody. Nathan continuou com evidente indignação.

- Eu não acredito que ela me pediu um documento. - continuou ele. - De onde eu venho ninguém se importa.

- Aqui também não, mas ela tem medo que os outros façam uma cena. Se uma das mães do grupo escolar souber que ela está vendendo cigarros pra um de menor, ela perderá o emprego. Você deve esperar até que todos tenham ido embora, aí ela vende sem fazer uma pergunta. O mesmo com cerveja, mas só quando ela te conhece.

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