O pai de Nathan não foi trabalhar no dia seguinte. Ele o ouviu andando de um lado para o outro na cozinha, falando ao telefone pelo que pareciam horas.
Seu estômago protestou com veemência, exigindo seu café da manhã, mas ele permaneceu em seu quarto, incapaz de lidar com o confronto que o esperava no andar de baixo. Seu pai chamou para o almoço, depois para o jantar, mas nunca se sentou com ele para comer. A única vez que lhe dirigiu a palavra foi para perguntar os nomes dos meninos envolvidos na agressão.
Ele mal lhe olhava e Nathan voltou para seu quarto. Ele o manteve em casa no dia seguinte e depois. Tanto que Nathan começou a se perguntar quanto tempo isso duraria. Ele teve a impressão de estar na prisão, por deixar seu quarto apenas durante as refeições.
Pelo menos a dor física de seus hematomas estava diminuindo, enquanto o inchaço no rosto desaparecia e ele não havia mais urinado sangue. Seu corpo se curava, embora não fosse o mesmo para seu coração. Na quinta-feira, ele finalmente quebrou o silêncio.
- Alguma coisa vai acontecer? - Ele estava sentado perto do hambúrguer que seu pai colocou na sua frente. Enquanto estava do outro lado da cozinha lavando os pratos, fazendo questão de ignorá-lo. - Você perguntou os nomes dos caras que nos atacaram, falou com eles ou não?
Seu pai suspirou, mas não se virou para encará-lo.
- Eu não posso fazer muito. Não tenho permissão para investigá-los. Tive que dar o arquivo pra outro oficial e, em casos como este, é a palavra deles contra a sua. E um deles tem um tio que trabalha para o escritório do xerife. - Ele balançou a cabeça. - É complicado, mas pra resumir, não acabou em "é necessário que a juventude defenda suas convicções sozinha".
Nathan refletiu em suas palavras enquanto olhou para suas costas.
- Você acha que eu merecia mesmo assim, certo? Isso é o que eu ganho sendo gay?
- Eu não acho que você mereça. - ele disse calmamente. - Mas quer você goste ou não, às vezes é isso que você consegue ao insistir em ser diferente.
Nathan não lhe perguntou nada depois disso, porque não tinha certeza se poderia suportar ouvir sua resposta. Na sexta, seu pai o surpreendeu ao chegar ao seu quarto um pouco depois das três. Deitou-se na cama e ficou olhando para o teto enquanto escutava a cópia da fita que ele fizera para Cody no Natal. Nathan sentou-se rapidamente e desligou a música enquanto ia para sua cadeira de escritório.
- Vou te mandar pra outro lugar.
Então foi isso. Uma frase simples, mas que caiu como uma bomba em sua vida.
- Eu não quero ir.
- Não é uma discussão, já tomei minha decisão.
- E pra onde você vai me mandar? Pra casa da mamãe?
- Não. - Havia algo no jeito que ele negou. Na tensão de seus ombros e suas mãos apertadas em seu colo.
Nathan só recebera um telefonema de sua mãe desde a noite em que Greg o atendeu, mas sempre achara que as coisas acabariam quando voltasse para casa. O que agora nem ele queria mais.
- Você falou com a mamãe, certo?
Seu pai assentiu estranhamente.
- E?
Ele suspirou, sacudindo a cabeça.
- Não há razão pra você saber as coisas que ela disse.
Ele engoliu em seco, doendo muito mais do que com os golpes que sofrera nos rins.
- É tão ruim assim?
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Marginal
Teen Fiction"Apenas pare de chorar. É um sinal dos tempos. Vai ficar tudo bem. Eles me disseram que o fim está próximo. Temos que sair daqui." Sign of the Times - Harry Styles 1986 O que deveria ter sido o melhor verão da vida de Nathan Bradford azeda quando se...