Nathan propôs ao seu novo amigo levá-lo para casa, mas Cody lhe disse que a loja onde eles se conheceram seria o suficiente.
- Você quer que eu lhe veja amanhã? - Nathan perguntou. - Eu posso te encontrar no cemitério de carros depois do almoço.
Cody hesitou por um segundo, como se não tivesse certeza de entender a pergunta, ou como se não pudesse acreditar no que ouvira. Então sorriu. Não o sorriso cínico que tinha dado anteriormente ou o estúpido. Era diferente e o fazia parecer mais jovem do que ele realmente era. Um sorriso doce, como um segredo compartilhado que poucos tiveram acesso.
- Ótimo.
Apenas esta palavra, nada mais. Mas Nathan sentiu que estava ansioso por estar lá. Ele voltou para Orange Grove com aquela sensação familiar de desconforto crescente em seu estômago. Seu pai era o novo oficial da Polícia Municipal de Warren.
A explosão de combustível tinha trazido sua parcela de pessoas para o Estado nos anos cinquenta e na primeira metade dos anos setenta, mas isso era passado, as pessoas estavam fugindo de Wyoming.
As cidades estavam em colapso e a taxa de desemprego nunca havia sido maior. A maioria das casas de Orange Grove eram desabitadas, e havia placas de "À Venda" curvando-se à mercê dos caprichos do vento. Infelizmente, entre desemprego e a depressão, a taxa de criminalidade também estava aumentando.
Seu pai conseguiu esse emprego, mas Nathan ainda não entendia por que eles tinham que se deslocar de Austin, uma cidade que estava por trás de seus melhores anos, para uma que estava lentamente caindo em ruínas. Ele encontrou seu pai na sala de jantar, agarrado a arquivos abertos e folhas espalhadas ao redor dele.
- Onde você estava?
Um pedido, não uma acusação. Ele também não parecia preocupado, apenas curioso sobre o seu dia.
- Fora.
Nathan leu a dor que sua resposta transpareceu nos olhos dele. Eles sempre se davam bem, mas isso fora antes da mudança e antes do divórcio.
- Você conheceu a galera da sua idade?
- Sim. Andamos um pouco por aí.
- É bom, fico feliz que você faça amigos. É um menino ou uma menina?
- Um garoto, ele estará no último ano, como eu.
- É ótimo! Qual é o nome dele?
- Cody.
- E qual é o sobrenome dele?
Nathan sabia que seu pai estava fazendo a pergunta apenas para descobrir se seu novo amigo estava na lista dos regulares da delegacia, então ficou feliz por poder responder com toda a sinceridade que não sabia e não havia perguntado.
Um silêncio desconfortável se instalou entre eles, seu pai brincou com a caneta enquanto observava os pés. Nathan queria contar mais. Queria dizer que Cody o levara para um campo em que haviam fumado metade de um maço de cigarros, porque não havia absolutamente nada mais a fazer naquela maldita cidade.
Nathan queria dizer a ele que Cody havia lhe falado que todo mundo estava consumindo drogas aqui. E queria dizer a ele que o levara para o lugar mais podre do mundo. Que Cody dissera que acabaria devorando sua alma e que acreditava nele. Nathan queria contar tudo isso a ele, mas somente perguntou.
- O que vamos jantar?
- Que tal a culinária chinesa que você tanto gosta? - Era mais uma questão do que uma afirmação. - Eu vi um restaurante na rua principal.
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Marginal
Teen Fiction"Apenas pare de chorar. É um sinal dos tempos. Vai ficar tudo bem. Eles me disseram que o fim está próximo. Temos que sair daqui." Sign of the Times - Harry Styles 1986 O que deveria ter sido o melhor verão da vida de Nathan Bradford azeda quando se...